Memórias urbanas ou as calçadas e os vizinhos
Por José Antônio
A poetisa cajazeirense , já falecida, Teté Assis, em sua poesia “Recordando Cajazeiras”, de 1964, se expressava:
“Cajazeiras! Cajazeiras!
De longas calçadas altas,
Sem pracinhas, sem jardins.
As casas de residências
Viviam sempre abraçadas,
Enfeitadas de janelas,
Por onde a luz se escoava”.
Foi nos meus alfarrábios que encontrei esta bela poesia de Teté e relendo alguns versos dela fiquei a me perguntar pela Cajazeiras do passado.
As calçadas já não vivem mais enfeitadas de pessoas, quando a noite cai, após o jantar, para aguardar a chegada do “vento refrescante das bandas do Aracati”, enquanto isto…rolavam as mais diversas conversas, dentre elas sobre o comércio, os preços altos, as chuvas, os filhos e o cotidiano.
As calçadas tradicionais de Cajazeiras, perderam o seu verdadeiro sentido e encanto.
As cadeiras de balanço sumiram.
As calçadas simplesmente já não fazem mais parte da casa. Quase todas as estórias de “trancoso” que ouvi na minha meninice foram em derredor de uma cadeira, ao lado de outros meninos da vizinhança, todos sentados no chão e de cabelos arrepiados com o desenrolar do conto. As de lobisomem, sobre o céu e o inferno eram as preferidas.
A falta de segurança não foi fator determinante para a “morte das calçadas”, não numa cidade como Cajazeiras, que ainda é muito calma e tranqüila. A televisão, talvez, seja a causa principal. Ela simplesmente substituiu o contador de anedotas que fazia a festa da criançada e dos jovens, que das calçadas tinham como cenário o céu e as estrelas como tela.
E os vizinhos? Estes também quase não mais existem. Já não se ouve o grito da mãe mandando o menino entrar em casa para não incomodar os vizinhos. Você já observou que as casas de hoje já não são “mais abraçadas” como na poesia de Teté? Que não é mais possível ficar olhando da janela o namorado passar ou mesmo a banda de música, porque as casas estão distantes do leito da rua e entre ambos existe um imenso jardim separando-os? O romantismo da janela acabou. Aqueles pequenos momentos do cochilo do pai após o almoço era a hora do namorado chegar na janela para bater um papo e dar um beijinho na mulher amada, também já é coisa do passado.
E os muros das casas? Já não são mais de varas ou bem baixinhos, para poder as comadres pedir emprestado um pouco de açúcar ou dar de presente o primeiro prato de canjica que saiu do fogo ou dar a última informação sobre o casamento do filho de um amigo ou ainda atualizar, bem cedinho, antes dos meninos acordarem, as fofocas e futricas da cidade. Será que Cajazeiras não é mais uma terra de “muro baixo”?
Ah! A poesia de Teté me fez ir buscar no baú de minhas lembranças muitos momentos alegres e saudáveis das minhas janelas, dos meus vizinhos e das diversas calçadas de minha Cajazeiras. Pelas janelas do coração, não mais a luz, mas só as saudades e as lembranças que esmorecem, mas não morrem, diante da modernidade dos dias atuais. São sentimentos imperecíveis, difíceis de serem arrancados do coração, são paixões desenfreadas e desmedidas que permanecem nas nossas entranhas que só a morte poderá extinguir.
Homenagem a Edme Tavares
Com a saída de Edme Tavares da vida político-partidária, a cidade de Cajazeiras, perdia um valioso defensor dos seus interesses. Foi uma verdadeira catástrofe. Não só perdíamos um deputado federal, desfazia-se também, um importante elo entre o Poder Central e o município. Era e continua sendo de Brasília de onde fluem todos os recursos que irrigam os orçamentos das pobres prefeituras de todo o País.
Por tudo que Edme realizou por sua terra natal, durante vinte anos de vida pública, incluindo oito anos como deputado federal, a Associação dos Cajazeirenses e Cajazeirados do Ceará, AC3, vai lhe prestar uma homenagem, neste dia 23, outorgando-lhe a Comenda Padre Rolim.
Antonio Gobira
O sapateiro/artesão Luiz Antonio Lúcio Rangel, conhecido popularmente como Antonio Gobira é candidato a deputado federal, pelo PSOL e é imprevisível o resultado das urnas, depois de contados os votados. Existe hoje, em Cajazeiras, um movimento nascido das camadas mais pobres da população, de sufragar o seu nome e que toma conta de outros segmentos da sociedade. A explicação para este “fenômeno”, segundo alguns analistas, se vê/observa como o “voto de protesto”. Antonio Gobira é cajazeirense, nasceu no dia 04 de outubro de 1957 e ainda não completou o Curso Fundamental e no site do TSE, indica que ele pretende gastar duzentos mil reais na campanha, mas não se tem conhecimento como vai conseguir estes recursos, pelo que se sabe nem Imposto de Renda declara.
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