Legado Rosilda Cartaxo: palmeiam Rios Piranhas e Peixe
O legado de Rosilda Cartaxo palmeiam as Ribeiras dos Rios Piranhas e Peixe
Por José Antonio
Foram poucos os meus contatos com Rosilda, mas três grandes amigos, de saudosas memórias: Deusdedit Leitão, Pedro Lins de Oliveira e João Rolim da Cunha, em nossos costumeiros encontros a exaltava e engrandecia, além de falar de sua humildade e da nobreza de sua alma, pontuavam ainda a sua inteligência, cultura, destemor e valentia.
Tenho como uma relíquia o seu autógrafo no livro Estradas das boiadas, uma contribuição ímpar para se compreender a formação e povoação da Ribeira do Rio Peixe.
Rosilda conseguiu derrubar as fronteiras entre Cajazeiras e São João do Rio do Peixe, o mesmo que fez a fundadora de Cajazeiras, Ana de Albuquerque, ao levar a Pia Batismal de São João, o seu filho Padre Inácio de Sousa Rolim, uniu-as pelas águas sagradas e pelo amor a fé. As duas, debaixo do sol do sertão e pisando as terras que levantam poeiras e folhas secas, que se escancham em redemoinhos, castigadas pelas secas e que clamavam por chuvas, ambas exaltaram o seu amor por estas ribeiras e os contrafortes da Serra da Arara nunca foram empecilhos para as suas andanças.
Rosilda: foram nas ribeiras do Piranhas/Peixe, que você caminhou para refazer os seus passos, refazer suas trilhas, caminhar por onde sua família caminhou para traz, para a frente e para sempre e nestas idas e vindas deve ter tido um dia que teve interromper as suas caminhadas diante das enchentes do Rio do Peixe, depois que as águas das chuvas se avolumaram nas grotas e riachos, desde os contrafortes das Serra de Luís Gomes e Triunfo, se debruçassem em seu leito, dando vida as matas, aos pássaros e alegria ao povo.
Rosilda chega aqui, cem anos depois, como peregrina das estradas da cultura, porque é o destino que une os filhos de Cajazeiras e São João, todos exaltados em seus livros, principalmente as mulheres, que a torna a grande dama do oeste.
Para Rosilda nunca existiu fronteiras nem barreiras nesta região, portanto, a partir de agora as cancelas estão escancaradas, e você se torna Cidadã da Ribeira do Rio do Peixe e Piranhas, cujos caminhos geopolíticos foram tão bem traçados e estudados por você, Otacílio Dantas Cartaxo, Nivaldo Amador, Rogério Marques e Wilisses Albuquerque, todos preservados pela professora emérita desta ribeira, Selma Pires.
Quando Rosilda partiu para as alamedas da eternidade, mandei publicar nas páginas do Gazeta, na edição de 10 de junho de 2004, a seguinte mensagem, enviada por Edme Tavares:
“A história de sua vida é exemplo da mulher grandeza
“Quebro o meu silêncio, no gesto do meu pranto. Descortinam-se nos céus do sertão e da Paraíba névoas de tristeza. Deixa o convívio terreno a guerreira de tantas lutas, a mulher exemplo de tantas lições de vida – Rosilda Cartaxo. A sua história de amor ao seu São do Rio do Peixe e à sua gente, é o retrato fiel do seu sentimento telúrico, da grandeza de sua alma nordestina. Nos seus livros, poemas, artigos, mensagens e pronunciamentos, a beleza dos seus conceitos, a essência dos seus conhecimentos, as marcas de suas preocupações com o ser humano, com o sertanejo, com o nordestino.
Rosilda Cartaxo inscreveu seu nome nos anais das expressões de realce da cultura cajazeirense, pelas ideias, forma e conteúdo de suas manifestações, na revelação de sua inteligência privilegiada, no seu devotamento às causas educacionais e culturais de Cajazeiras.
Do convívio ameno e salutar, respeitada por todos os seus concidadãos, Rosilda Cartaxo percorreu caminhos e distâncias em escaladas difíceis, porém vitoriosas, ascendendo sempre pela afirmação dos próprios méritos e com o vigor de suas atitudes. Ela espelhava a imagem da mulher determinada, da capacidade de trabalho, do largo tirocínio nos setores de atividades públicas e privadas, na vivência dos problemas humanos e sociais. Rosilda Cartaxo traduzia a consciência do seu tempo, na vocação para criar o futuro com trabalho e inspiração. De linguagem fácil, harmoniosa, ao mesmo tempo elegante através de sua verve literária, Rosilda Cartaxo deixa um acervo de livros e escritos que assinalam a sua vocação de escritora.
Dela, de sua personalidade vibrante, guardaremos a imagem da mulher exemplo de determinação, força e riqueza de propósitos, pela forma de ser e pela conformação de servir e participar.
Na expressão comovida de minha saudade, ficará a permanente lembrança da grandeza d´alma, das lições, do civismo, da autenticidade, do caráter, do talento, das virtudes e das ações de Rosilda Cartaxo, que também permanecerão indeléveis perante a história paraibana”.
Rosilda será sempre lembrada por ter sido uma pessoa forte, determinada e uma mulher admirável e hoje estamos a agradecer o seu valioso legado cultural, que marca a nossa história e perpetua e preserva a nossa memória.
Viva Rosilda!
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Leia mais notícias no www.diariodosertao.com.br/colunistas, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.
Deixe seu comentário