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José Antonio

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Eliezer: acabou o espetáculo, fecham-se as cortinas!

04/02/2022 às 17h18

O cineasta cajazeirense Eliézer Rolim morreu aos 61 anos de idade. (Foto: divulgação).

Por José Antonio

A notícia triste, da morte do confrade Eliezer Rolim, da Academia de Artes e Letras de Cajazeiras, neste último dia 02 de fevereiro, em João Pessoa, pegou a todos nós de surpresa. Nasceu em 23 de novembro de 1961, mesmo dia e mês da Emancipação Política de Cajazeiras, ocorrida em 1863. Já nasceu fazendo história.

Saiu da Rua Sousa Assis, que foi palco de suas primeiras artes, para se tornar cidadão do mundo, como arquiteto, urbanista, professor universitário, produtor teatral, cenógrafo, ator, diretor, iluminador e um cajazeirense que amava demasiadamente a terra que lhe serviu de berço. O titulo de Doutor o tornou um cidadão mais simples ainda.

“O beiço de estrada”, foi o caminho que o levou à criação do Grupo Teatral Terra, referencia artística de uma geração de estrelas e um dos responsáveis pela luta, para a criação do Teatro ICA.

Não havia mais lugar no seu peito para colocar tantas medalhas e honrarias. Os prêmios nacionais, recebidos pela sua produção teatral, a partir de “Seca, Beiço de Estrada, o Barraco, Até Amanhã, Drops do Halley, Homens da Lua, Trinca mais não quebra, Anjos de Augusto, Sinhá Flor, Como nasce um cabra da peste, Adeus Mamanita, Estrelas ao Relento e Efemérico”, dá uma dimensão da capacidade criativa do nosso Eliezer, que partiu tão cedo e com pleno vigor para produzir muito mais.

Tudo o que fez e produziu, além de se destacar pela sua dramaturgia, se tornavam também extraordinárias por sua cenografia, direção e iluminação.

De 1969 até 1975, foi levado pelo seu tio, o padre José Sinfrônio de Assis Filho, para estudar em Itaporanga, em um colégio fundado por ele. Padre Zé, que já é falecido, é considerado um dos maiores sacerdotes da Diocese de Cajazeiras, sob os aspectos da educação, de grande construtor e missionário. Foi em Itaporanga que Eliezer encontrou a sua vocação para o teatro. Em Cajazeiras, deu embalo aos seus sonhos, que infelizmente, ontem, se findou.

Depois que fez a estreia do filme sobre o Padre Rolim, em Cajazeiras, nos salões do “La Fiesta”, numa noite memorável, fiquei “cobrando” de Eliezer a filmagem sobre o “Morticínio Eleitoral de Cajazeiras”, baseado no que Otacílio Dantas Cartaxo havia escrito. No nosso último encontro, quando da nossa posse na Academia de Artes e Letras de Cajazeiras, pedi pra ele ler com atenção o que havia escrito Frassales sobre o seu Patrono: Couto Cartaxo, e juntasse com os de Otacílio e começasse a escrever o roteiro do filme e reforçava: “ – se este episódio tivesse sido nos Estados Unidas da América, já teria sido feito vários filmes”. E ele expunha as suas opiniões e razões de o quanto ser cineasta no Brasil era difícil.

Eliezer, talvez, não precisasse sequer sair de casa, para contemplar o por do sol do Açude Grande, mas foi da parede deste açude que ele, por dezenas de vezes, tenha se inspirado para escrever o “Beiço de Estrada”, contemplando os horizontes do oeste cajazeirense, com os amigos da Rua Sousa Assis, principalmente os filhos de Major Chiquinho e de Dona Maria Lira. Juntos eternizaram e elevaram o nome de Cajazeiras pelos palcos dos teatros do mundo e das telas dos cinemas.

As cortinas se fecham, mas a plateia, haverá de continuar lendo, vendo no cinema, nas ruas, nos palcos, nas beiras das estradas, com estrelas ao relento, o legado literário do imortal Eliezer.

Nossos aplausos!


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

José Antonio

José Antonio

Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

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