É vergonhoso vacinar trabalhador?
Por Alexandre Costa
As recentes declarações da senadora Daniella Ribeiro (PP-PB) de votar contra a proposta de empresas privadas comprarem vacinas reacendeu o debate nacional na busca de dar um rumo e uma possível solução na infindável novela das vacinas no Brasil,um tema que além de complexo é extremamente controverso envolve aspectos éticos, morais e científicos.
Oriundo da Câmara dos Deputados, o projeto de lei (PL 948/21) que trata da compra de vacinas pelo setor privado para imunizar funcionários, encontra-se em análise no Senado há quase dois meses à espera de aprovação e vem eivado de condicionantes inconsistentes que praticamente desfiguram e inviabilizam todo o projeto.
Entre as várias distorções e inconsistências gritantes que constam no bojo deste projeto de lei cito a controversa medida que permite que vacinas aprovadas em qualquer parte do mundo sejam adquiridas, trazidas e aplicadas aqui no Brasil mesmo sem o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
O outro ponto do projeto de lei que se transformou em polêmica foi o fim da obrigatoriedade de aguardar a vacinação de grupos prioritários realizados pelo Plano Nacional de Imunização, coordenado pelo SUS, que redundou num fajuto dilema ético: “É uma imoralidade você conseguir antecipar sua vacinação porque tem dinheiro” bradou o ex-presidente da ANVISA, Gonzalo Vecina.
Concordo plenamente que aquisição e aplicação de vacinas no Brasil tenha a chancela da ANVISA. Acho isso inquestionável. Entendo que é um despropósito e uma grande burrice argumentar que é vergonhoso e imoral o estrato produtivo da sociedade promover, neste momento excepcional, as suas próprias custas a vacinação de seus empreendedores e colaboradores inclusive fazendo a doação de mais de 50% das vacinas para o SUS.
O Senado está diante de uma oportunidade rara para inserir nesse projeto de lei regramentos que impeçam que na compra de vacinas gere competição com o próprio governo; que a ordem de vacinação do PNI seja respeitada em todos os níveis dentro da empresa.
Ao vacinar todos os trabalhadores brasileiros, utilizando toda a rede privada de saúde do país como hospitais, clinicas, haverá uma forte redução na pressão sobre o SUS que redundará na agilidade na vacinação na outra parte da sociedade. Obvio!
O impedir essa nova modalidade de vacinação o Senado comete uma grande injustiça com quem produz riquezas, recolhe impostos, gera emprego, renda, e leva literalmente esse país nas costas.
Acredito que está na hora da senadora Daniella rever os seus conceitos.
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Leia mais notícias no www.diariodosertao.com.br/colunistas, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.
Deixe seu comentário