E agora, José?

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?

Carlos Drummond de Andrade certamente não escreveu o consagrado o poema ‘José’ imaginando um dia que o homônio Aldemir Meirelles, lá nas ‘Carazzera dos Rolins’ se tornasse seu executivo.

Mas até que a primeira estrofe cabe como uma luva para o momento pós-eleição do prefeito eleito de Cajazeiras. Afinal, e agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José?

Trocando em miúdos, já eleito, o que fazer agora, José? Não há mais foguetões nem bandeirolas nas ruas. A festa acabou. As luzes dos comícios já se apagaram. O povo sumiu, voltou para sua dura realidade. E agora, José?

Mutatis mutandi, a lua de mel política de José Aldemir terminou na contagem dos votos. A partir dali, embora ainda não responda pelo município, estão para começar as cobranças. Primeiro as dos aliados e correligionários, sempre ávidos para “ajudar na administração.” Depois as da sociedade em geral, querendo a resolução de suas demandas, o que é normal.

E em que pese a inteligência e experiência de vida pública comprovadas do prefeito José Aldemir, ele vai precisar muito mais que isso para suplantar as dificuldades que virão, e que já deram sinais a partir dos números desta eleição. Vejamos: num ‘universo’ de 45.415 eleitores, 11.360 mostraram-se totalmente desinteressados do pleito, abstendo-se de votar (8.653), votando nulo (1.884) ou em branco (823). Significa que 25% do eleitorado cajazeirense não acreditou na política como caminho da solução dos seus problemas. Isso é ruim para o governante por não poder contar com esse expressivo contingente populacional na agregação imprescindível aos esforços que a edilidade terá que fazer para suplantar dificuldades.

Para além disso, a frieza dos números do TSE mostra que a eleição dividiu a cidade praticamente ao meio. Tanto é assim que o eleito suplantou o segundo colocado em 1.087 votos, ou seja, apenas 3,19% de diferença. Assim sendo, some-se aos 11.360 ‘desinteressados’ que não quiseram votar em nenhum candidato, os 15.839 que votaram em Denise e, portanto, contra Zé. Somados, eles totalizam 27.199 eleitores, ou seja, nada mais nada menos que 59,89% do eleitorado de Cajazeiras, em tese, é contra ou não crê no eleito.

Mas não é só: na mesma eleição que o consagrou, foram igualmente consagrados quinze vereadores. Destes, onze são da bancada de oposição e apenas quatro de apoio ao governo Zé Aldemir.

Vê-se, por aí, o quão difícil será a missão do novo prefeito de Cajazeiras escolhido nas urnas.

Mãos à obra, José!

S O L T A S

 *O primeiro e talvez maior problema que Zé Aldemir terá para resolver nesse início de gestão que se aproxima atende pelo nome de “correligionários.” Sempre ávidos a “ajudarem” na administração, não serão poucos os seus pedidos quase nunca republicanos!

*Passada a eleição municipal em João Pessoa, aguardem que vem por aí, de vereadores não reeleitos ressentidos, e de eleitos também ressentidos, muita confusão!

*A eleição de Rivelino Martins (PSB) é prova de que é possível vencer política sem o toma lá, da cá costumeiro, sem o poderio econômico a financiar.

*O PMDB de Maranhão diminuiu que quase desaparece do mapa político da PB. O melhor que conseguiu foi a vice-prefeitura de JP. Perdeu em Guarabira, em Campina Grande, em Patos e em Sousa.

*Neste domingo (9) tem Debates Populares com Mariana Moreira, José Maria Gurgel e padre Francivaldo Nascimento.

Fernando Caldeira

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Fernando Caldeira

Jornalista profissional em diversas emissoras de rádio e jornais da Paraíba, atualmente é articulista do Gazeta do Alto Piranhas (Cajazeiras), produtor e apresentador do programa Trem das Onze, apresentado aos domingos pela Rádio Alto Piranhas, colunista dos portais diariodosertão, politicapb, obeabadosertao, canalnoite, e mantém na internet o portal www.fernandocaldeira.com.br

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