Dólar em alta: possíveis causas e efeitos mais diretos no bolso
Por: Elan Nascimento Apolinário
Assessor de Investimentos credenciado à XP Investimentos
O fenômeno mercadológico que mais chamou a atenção nessa semana foi a alta do dólar. A moeda americana alcançou o maior patamar desde março do ano passado após chegar próximo de R$ 5,29.
Desde janeiro, o preço do dólar oscilava entre R$ 4,90 e R$ 5,10. Mas, quando quebrou a barreira dos R$ 5,10 na semana passada, não demorou muito para se aproximar dos R$ 5,30.
A alta do dólar neste ano já é de 8,6%.
As possíveis causas
Três fatos atuais contribuem para essa alta da moeda americana:
A expectativa de juros altos nos Estados Unidos por mais tempo é o primeiro motivador do fortalecimento do dólar, pois essa tendência de alta nos juros americanos torna os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos mais atrativos, gerando um aumento na demanda por esses títulos e tornando o dólar mais forte.
Somado a isso, as tensões no Oriente Médio geram incertezas que podem mexer com o preço do petróleo, já que qualquer complicação logística na região afetaria sua oferta. Na semana passada a commodity passou de US$ 90 pela primeira vez desde outubro, e se houver mais aumento da instabilidade na região, o preço do petróleo tende a se elevar podendo produzir uma inflação global. Tal inflação global reduziria as chances de corte de juros nos EUA.
A economia doméstica também dá sua “contribuição” para esse aumento com a piora da percepção fiscal no Brasil. Nesta semana a revisão das metas fiscais abaixo do que antes era prometido pela equipe econômica do governo acarretou perda de confiança fiscal, e a continuação da queda de juros no Brasil, que desvaloriza ainda mais o real, depende da confiança de que o fiscal não traga problemas no médio e longo prazo.
E o que isso tem a ver com o nosso bolso?
O aumento do dólar possui um impacto direto no preço dos produtos nos supermercados, pois os fertilizantes utilizados para o cultivo de alimentos e alguns equipamentos utilizados na fabricação de gêneros alimentícios são adquiridos em dólar, isso encarece o custo final de aquisição/produção que é repassado ao consumidor.
Outro impacto é o aumento no preço dos bens importados, e não só os produtos finais, mas também os diversos componentes importados utilizados na fabricação de produtos. A alta do dólar eleva os custos de aquisição (no caso dos produtos importados finais) ou de produção (no caso dos produtos que necessitam de componentes importados).
Por fim, as viagens internacionais também são impactadas. Um dólar mais caro representa um aumento significativo nos custos daqueles que pretendem viajar para o exterior, já que as despesas com passagens aéreas, hospedagem, alimentação e atividades turísticas ficam mais caras.
Sendo assim, manter o dólar estável é importante porque ajuda no controle da inflação, aumenta a confiança dos investidores, traz equilíbrio para as transações internacionais do país e confere previsibilidade para consumidores, empresas e governos, permitindo um planejamento financeiro mais eficaz e reduzindo o risco de instabilidade econômica.
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