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Mariana Moreira

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Dois dedos de prosa com Zé III

31/08/2017 às 17h16 • atualizado em 10/09/2017 às 16h39

Estrada do amor

Por Mariana Moreira

Caríssimo Zé!

Cá estamos nós, de novo, nesta prosa, a seco.

E, para tornar a conversa menos árida, vamos começar falando de amor.

Opa! Não antecipe juízo pernicioso, mas refiro-me a Estrada do Amor. É! Aquele trecho que dá acesso ao Campus da UFCG, que a irreverência popular batiza de Estrada do Amor, e que, pouco tempo após sua pavimentação, recebe, por parte do poder público municipal, algumas mudanças que, sendo generosa, chamaria de “melhorias”.

A mais estapafúrdia dessas melhorias foi a colocação de um semáforo. O engenheiro de trânsito que pensou esta obra faltou a aula na faculdade no dia em que o professor estava dando as sábias lições de como harmonizar planejamento e mobilidade urbana. Primeiro, por uma questão de sensatez, o semáforo foi instalado em uma curva da estrada, de quem vem no sentido bairro/centro. Ao fazer a curva você se depara com o semáforo e, aos motoristas incautos aconselha-se manter sempre os freios bem azeitados.

O argumento da existência de um tráfego considerável para justificar a instalação do semáforo, na realidade, não se sustenta. Como utilizo a Estrada do Amor, no mínimo, quatro vezes por dia para acessar meu local de trabalho, incontáveis vezes paro no vermelho apenas para assistir o vôo de algum urubu, um cachorro vadio desgarrado do seu bando ou, com sorte, alguns bois e vacas que pastam indolentes e indiferentes ao avançar do crescimento urbano.

E para coroar a genialidade o setor de engenharia de trânsito do município decide retirar os “tijolos baianos” colocados em alguns pontos da Estrada do Amor como estratégia de conter o ímpeto dos mais afoitos. Eles que funcionavam satisfatoriamente como redutores de velocidade, foram substituídos por algo que não encontro denominação. Algo que traz ligeira semelhança com “lombada”, “quebra-mola”, mas que, na verdade, pode ser traduzido como “aleijão”. Aleijões que substituíram os “tijolos baianos” e se multiplicaram em outros trechos da avenida.

Aleijões que também estão sendo replicados em vários outros trechos da cidade e que somente encontram, em minha parca capacidade de entendimento, duas explicações: ou são resposta para uma demanda das oficinas mecânicas ou uma questão de saúde. Como transpor esses aleijões, mesmo a uma velocidade próxima a zero quilometro, provoca um solavanco que desorganiza toda a mecânica do veículo com certeza, a demanda por oficinas mecânicas na cidade dispara. Ou os solavancos servem para realinhar os batimentos cardíacos, sobretudo daqueles corações que estão com dificuldades de ritmo e os sopapos dos aleijões ajuda a “pegar no tranco”.

E essas “preciosidades” da engenharia de trânsito se espalham pela cidade muito mais como marca de governo do que como necessidade. Pois me convença da necessidade de um desses “aleijões” naquele trecho que dá acesso ao centro da cidade, ao lado da Praça do Pirulito. Uma área sem escolas, sem serviços de saúde, apenas com um muro e com um insignificante tráfego de pessoas. Se considerar que é um pequeno trecho interligando duas avenidas.

Eita Zé, mais uma vez vão me repreender por não está engrossando o cordão dos que, ofuscados pela sedução palaciana, não enxerga que “o rei está nu”.

Mas, para fechar essa prosa, a seco, estou na torcida para que sua administração consiga devolver o Morro ao Cristo.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Mariana Moreira

Mariana Moreira

Professora Universitária e Jornalista

Contato: [email protected]

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