Distrito de Engenheiro Avidos, imagens e lembranças
No último dia 19, data consagrada a São José, o Santo Operário, participei de uma tocante solenidade no Distrito de Engenheiro Avidos, conhecido também como Boqueirão de Piranhas. A prefeita de Cajazeiras, Denise Albuquerque, entregou ao povo daquela comunidade uma Unidade Básica de Saúde, equipamento extremamente importante que vai melhorar a assistência à saúde de todos os habitantes do Distrito.
Durante toda a solenidade fiquei buscando na memória as imagens e as lembranças da minha infância, desde quando comecei a me “entender de gente”: os banhos de rios, as brincadeiras debaixo do mercado, as novenas dedicadas a Nossa Senhora Aparecida, da bodega de meu pai, das andanças atrás de meu pai nas suas idas ao seu roçado no Sitio Coxos, da contemplação da grandeza do açude e de sua parede gigantesca entre duas belíssimas serras.
Mas uma imagem que nunca saiu de minha memória foi quando pela vez primeira na minha vida vi passar em frente da bodega de meu pai uma banda de música. Nu da cintura pra cima e com os pés descalços desandei a correr atrás dela, como se fora e ainda o é, a coisa mais bela do mundo. Aqueles instrumentos, que saiam sons e me deixavam abobalhado, me fascinaram tanto que só larguei de acompanhá-la quando os músicos foram embora: nem senti fome, nem sede. Talvez, seja por isto, que ainda hoje sou “maluco” e o que mais me encanta é uma banda de música.
Nas noites de novenas eu era escalado pela zeladora da Capela de Nossa Senhora Aparecida para tirar a pontapés todos os sapos do patamar porque a maioria das mulheres tinha medo deles e só entravam para rezar quando todos fossem retirados. Como eu era cruel com os pobres sapos que queriam apenas comer os besouros e insetos que eram atraídos por aquela fraquinha luz movida pela turbina do Açude de Boqueirão: a nossa histórica hidroelétrica, que durante muitos anos serviu ao povo do distrito e ainda sonho de um dia vê-la novamente funcionando.
As águas do Rio Piranhas me trazem belas recordações. Elas me atraiam e eu gostava de tomar banho nele e domar suas correntezas e atravessá-lo de um lado para o outro, mas em compensação, por sua causa levei muitas pisas de cipó de salsa sapecadas no espinhaço, pelo pesado braço de meu pai que não queria que eu tomasse banho de rio com medo que suas fortes e caudalosas águas me afogassem, a exemplo do que sempre acontecia, com as crianças quem fazia este tipo de aventura. Hoje sei o quanto ele tinha razão.
Às vezes fico construindo na imaginação como foi o casamento de meu pai, em 1945, realizado por Monsenhor Abdon Pereira, na mesma capela em que fui batizado, em 1946, pelo Padre Linhares. Ele me dizia que minha mãe estava encantadora, com um belíssimo vestido por ela mesma costurado e a festa reuniu um grande número de amigos e principalmente os “Afonso de Carvalho”, uma das famílias fundadoras do Distrito, a qual pertencia a minha mãe.
Boqueirão de Piranhas: uma imagem imorredoura da minha memória, lembranças que tocam profundamente a minha alma e enlaçam o meu coração de amor. Quantas saudades!
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