Disputa fratricida
Por Alexandre Costa
Imerso em um processo de intolerância ideológica fratricida, o Brasil adentra no período eleitoral numa polarização ferrenha entre a esquerda e a direita, comandado por radicais extremistas de ambos os lados, que prenuncia desdobramentos imprevisíveis. Continua prevalecendo a máxima que guerras e eleições se sabem como começa, mas jamais com termina. O episódio de Foz do Iguaçu, no Paraná, que culminou com a morte de um partidário, testemunha fielmente isso, escancarando a olhos nus o germe da violência e da intolerância que dividiu de vez a sociedade brasileira.
Sim, estamos divididos. Atiçados por segmentos da mídia tradicional maniqueísta, que ferida de morte nos seus bolsos e nos seus interesses corporativos toma partido lançando-se numa cruzada insana contra quem lhe contraria, afrontando os princípios elementares do exercício do jornalismo, assumindo vergonhosamente posições partidárias que incendeia as boas relações de convivência entre os cidadãos desagregando a família brasileira.
Aliás, o jornalismo militante não é o único responsável por esse atiçamento social, o STF com seu exacerbado ativismo judicial é fator de desestabilização do país. A clara politização da nossa Corte Suprema, revelada em recorrentes decisões inconstitucionais de alguns ministros capturando prerrogativas do executivo e do parlamento oferecem graves riscos à democracia. Hoje, no Brasil, com esse estado de coisas os jovens formandos dos cursos de Jornalismo e Direito ao conseguirem o seu primeiro emprego entram em estado de choque:
O jornalista ao se deparar com dura realidade de como funciona uma redação de um jornal, radio ou televisão, ao ouvir do editor-chefe a imposição do que se publica ou deixa de publicar, a regra é divulgar somente o que interessa aquele veiculo de comunicação, nada a ver com o que foi aprendido nos bancos da faculdade desrespeitando frontalmente os princípios elementares do bom jornalismo.
O advogado, ao testemunhar os arbítrios do STF invadindo competência de outros poderes desrespeitando garantias constitucionais, não consegue entender a criação de regras processuais retroativas que beneficiam criminosos condenados por juízes e desembargadores e excrecências jurídicas como a criação do “flagrante perpétuo por vídeo” e a esdruxula pratica onde um ministro da própria Corte num mesmo caso é investigador, juiz e vítima.
Enquanto explode a cizânia fratricida, vislumbra-se uma campanha presidencial desvirtuada dos grandes temas nacionais com uma agenda oca, sem propostas consistentes dos dois lideres nas pesquisas, prenunciando um debate raso, movido a estéreis ataques mútuos que produz uma densa cortina de fumaça que esconde o desemprego, a inflação e a fome. Estes sim os grandes e principais problemas brasileiros que tem que serem enfrentados vencidos dentro de grande projeto de união nacional.
Alexandre José Cartaxo da Costa é engenheiro, empresário com MBA em Gestão Estratégica de Negócios e membro da Academia Cajazeirense de Artes e Letras-ACAL.
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