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José Anchieta

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Deus é Bom

15/04/2009 às 19h43

Por Padre Renato

Quarta-feira, 15 de abril de 2009, 16h27m. Estou deitado, imóvel, mexendo só os dedos das mãos, numa cama do HOSPITAL JESUS MARIA JOSÉ em Quixadá, aguardando o traumatologista para, após averiguar o laudo da tomografia e me dizer o que as dores lombares, com insuportáveis “fisgadas” na perna direita, de antemão me prenunciam, a saber, uma hérnia de disco inflamada ou, como conseguir esquecer o jargão técnico no laudo médico, pois não assino nada sem ler, a constatação de uma “protusão discal entre a L4 e L5” (suponho que sejam as vértebras lombares 4 e 5).

No entanto, como “o dever me chamam em qualquer que seja a cama”, mesmo que seja a de um nosocômio, lembro que o Gazeta, o Diário do Sertão e meus amigos não podem esperar: tenho que preparar o artigo, nem que seja “catando milho” com uma mão no teclado do notebook, enquanto o seguro com a outra, sobre meu corpo.

Num mundo que voa, não podemos nos dar ao luxo de parar, nem mesmo morrendo. E, nesta semana em que sofro desde o domingo, quero partilhar com cada um de vocês que está lendo este artigo minha experiência pascal, muito particularmente a passagem pela cruz, mas já vivendo a ressurreição.

Quanto à cruz, meus amigos, permitam-me ser breve; o computador pesa sobre o peito e antevejo uma ida a Fortaleza, a fim de uma cirurgia. Deus se faz presente até mesmo na dor, manifesta-se misteriosamente em nós quando a sofremos. Visitar um enfermo no hospital é uma coisa; ser enfermo, é outra. Permanecer deitado com o acumulo de tarefas dói mais que a dor. Contudo, “fiat mihi secundum voluntas Tua” (faça-se em mim segundo a Tua vontade). Afinal, não somos insubstituíveis. Vejam o que aconteceu com o mundo após a morte dos grandes homens e mulheres da história! Nada! O mundo continuou a girar, o sol continuou a nascer todos os dias, as flores continuaram a embelezar os jardins. E, se os grandes não são insubstituíveis, imaginem eu, um mero filho do “carbono e do amoníaco”? Assim foi com Cristo (o único insubstituível), assim está sendo comigo, em grau infinitamente menor. Porém, procuro, com São Paulo, “completar em minha carne o que falta aos sofrimentos de Jesus”.

Quanto à ressurreição, este artigo não será suficiente para enumerar a bondade de Deus e a vida nova que Ele está me proporcionando. Como na cruz, na ressurreição Deus também se manifesta misterioso na presença de tantos bons amigos que surgem de repente apenas sabedores de nossa convalescência e que prontamente colocam todas as suas energias à disposição do nosso bem estar. Embora longe de casa e, a princípio, distante de minha família carnal, o Bom e Misericordioso Deus não me deixou faltar pai, mãe, irmãos, filhos, parentes que, diuturnamente, se revezam no hospital para me fazer companhia, para me prestar auxílio, ajudando-me nas tarefas que, sozinho, não seria capaz de levá-las a cabo, como a higiene pessoal e a alimentação dada pacientemente a pequenas colheradas ao que jaz neste leito.

Como não citar Dr. Júlio Ischiara, Dr. Nestor (professores colegas da Faculdade Católica), Juliana (uma mais que irmã que Deus me deu) e Vitória, colegas do curso de direito, almas lindas que sabem fazer da prática da caridade algo que extrapola os limites ideológicos ou religiosos? Como não citar D. Angelo Pignoli e Pe. Robson Bezerra, com sua presença paterno-fraterna? E os gentis e educados funcionários do hospital que nada deixam faltar a este pobre paciente que nada tem a lhes dizer, senão “muito obrigado” sempre?

Como não citar o Pe Francisco Cleides e os seminaristas do nosso Instituto que, ao seu modo, estão sempre presentes? Como esquecer o Pe. Edvaldo, capelão do hospital que, de pronto, me deu os sacramentos do conforto, Unção e Eucaristia? Como esquecer o Pe. Gervásio que, viajando, sofre por não estar aqui ao meu lado?

Deus é bom! E assim se manifesta àqueles que são seus.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

José Anchieta

José Anchieta

Redator do Jornal Gazeta do Alto Piranhas, Radialista, Professor formado em Letras pela UFPB.

Contato: [email protected]

José Anchieta

José Anchieta

Redator do Jornal Gazeta do Alto Piranhas, Radialista, Professor formado em Letras pela UFPB.

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