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Radomécio Leite

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Desperdício criminoso

21/04/2008 às 01h05

O Açude Engenheiro Ávidos, segundo técnicos do DNOCS, está velho, carcomido, em fase de degeneração. Uma grande reforma foi realizada em 1972, mas mesmo assim, passado mais de trinta anos, está perdendo a sua capacidade de armazenar água.

O próprio DNOCS divulga que sua capacidade é de 255 milhões de metros cúbicos, só que atualmente vem informando que ele só pode armazenar 150 milhões m3, quando contestado pelo grande volume de água que vem liberando para o leito do Rio Piranhas, causando transtorno e grande prejuízo aos ribeirinhos.

A grande pergunta que se faz é: por que o DNOCS, somente este ano vem cometendo esta insanidade em desperdiçar tanta água. Relembrando, depois desta reforma o açude já atingiu a cota de 220 milhões de m3 e nada lhe aconteceu. No ano de 2006, no dia 6 de abril, que não foi um ano bom de inverno o açude acumulou 169 milhões de m3 e no ano de 2007, no dia 4 de abril ficou com 172,314 m3 e o velho açude continuou no seu lugar, sem nenhum problema.

Neste ano de 2008, quando as chuvas já atingem um índice acima do normal para a nossa região o açude acumulou 208 milhões de m3 e foi a partir daí que o DNOCS apareceu com esta “história” de que era necessário fazer um monitoramento e que o volume deveria ser reduzido para 150 milhões.

No último dia 16 o açude estava com 191 milhões e no dia 17, com 187 milhões. Isto significa que em 24 horas foram liberados quatro milhões para o leito do rio, sem contarmos com os milhões que estão entrando de água nova face às chuvas que continuam caindo na cabeceira do açude e ainda das águas das sangrias de vários açudes que as soltam nos afluentes do Piranhas, desde a serra de Bonito de Santa Fé, passando pelos municípios de Monte Horebe, São José de Piranhas e Carrapateira.

Fico imaginando como é que de uma hora para outra, um açude que tinha a capacidade para armazenar 255 milhões de m3, cai para 150 milhões. O que está acontecendo que nós pobres mortais não estamos tendo conhecimento? A única informação repassada é que o açude estava velho e precisava de cuidados mais especiais. Uma explicação lacônica, seca e sem convencimento.

Os técnicos do DNOCS para “se livrarem” das críticas que estão sendo feitas por diversos segmentos da sociedade da região, simplesmente transferem a responsabilidade para o Ministério da Integração Nacional. Não pode haver desculpa mais inconsistente e deslavada do que esta. Como é que MIN faz uma determinação desta sem ter um dado técnico fornecido pelo DNOCS?

O mais lamentável é que as nossas autoridades não tomam uma posição diante de um desperdício criminoso de água como vem acontecendo no município de Cajazeiras. De que adianta esta luta para trazer água do Rio São Francisco, que vai custar um absurdo de dinheiro, para jogar no reservatório de Engenheiro Ávidos?

Uma outra pergunta? Quanta custa à construção de um açude para armazenar 100 milhões de m3, porque é esta quantidade de água que o nosso Boqueirão de Piranhas está perdendo de acumular, talvez por irresponsabilidade do DNOCS e de nossos governantes, que não cuidaram das reformas necessárias em suas comportas e na sua parede e que não corresse o risco, segundo os técnicos, dele arrombar.

Por outro lado, a Assembléia Legislativa da Paraíba, realizou uma sessão itinerante, no último dia 16, em Cajazeiras, para discutir as questões relativas às enchentes e sequer se reportaram à questão do Açude Engenheiro Ávidos. Desinformados e apenas para aparecer na mídia, não falaram dos prejuízos maiores desta região: o desperdício criminoso de 100 milhões de metros cúbicos de água que estão sendo lançados nas praias de Areia Branca, no Rio Grande do Norte.

O silêncio de nossas autoridades sobre o assunto é lamentável e talvez, no futuro, sejam cobradas pela inércia e capacidade de contestar atitudes que só prejudicam a nossa região.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Radomécio Leite

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Contato: [email protected]

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