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Josival Pereira

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Como Cajazeiras perdeu um centro de comercialização

28/11/2023 às 21h07 • atualizado em 28/11/2023 às 21h10

Centro comercial de Cajazeiras

Por Josival Pereira – Talvez seja meio estranho, mas um quiz pode ser interessante para começo de conversa:
– Quando foram construídos aqueles três grandes galpões nas proximidades da AABB (Cajazeiras) que viraram depósitos ou sede do Armazém Paraíba, Atacadão Rio do Peixe e de uma empresa de produtos de beleza e higiene?
– Qual a finalidade daqueles prédios quando foram construídos?

Aqueles três grandes prédios são a prova viva da importância do planejamento estratégico para uma cidade ou região e de como a política pode atrapalhar muito.

O texto da semana passada (PIB de Cajazeiras: cidade está patinando e não sai do lugar) traz uma referência ao primeiro Plano Diretor de Cajazeiras, elaborado na década de 1970, quando o governador era Ivan Bichara Sobreira e seu secretário de Planejamento era Frassales, hoje presidente da ACAL (Academia Cajazeirense de Artes e Letras).

Pois aqueles três galpões são frutos de uma indicação contida no tal Plano Diretor.

Depois de muitos debates com a população e estudos, técnicos da SUDENE, de uma empresa de planejamento de Campina Grande e da secretaria de Planejamento do Estado, concluíram que Cajazeiras se expandiria para a zona leste nos anos seguintes. Havia o Jardim Oasis, mas aquele área era desabitada (antes e depois do Jardim Oásis). O bairro Vila Nova, à época chamado de Rabo da Gata, começava a se esticar, mas não era nem 30% do que é hoje.

Outra conclusão dos planejadores é que Cajazeiras precisava e tinha condições de abrigar um centro de comercialização de verduras, frutas, cereais e outros produtos. Tanto para atender ao público local como o regional. Os “Ceasas” faziam sucesso nas grandes e médias cidades. Em Campina Grande só falava em sua central de abastecimento, que atendia grande parte da Paraíba.

Além disso, as feiras do gênero em Cajazeiras eram todas a céu aberto. Precisavam de abrigo para comerciantes e consumidores.

O prefeito Chico Rolim (mandato de 1977 a 1982), através do professor Marcos Pereira, seu secretário de Planejamento, comprou a ideia.

Pereira lembra que prefeito foi à luta e conseguiu recursos à fundo perdido do governo federal (vejam aí o embrião das emendas secretas) e topou bancar o que faltava com recursos próprios. Construiu os empreendimentos, mas deu tempo instalar o centro de comercialização.
Os prefeitos imediatamente seguintes (Epitácio Leite, Vituriano de Abreu, Zerinho) não implantaram o centro de comercialização nem deram sequência ao Plano Diretor original.

Não existem explicações claras porque o projeto do centro de comercialização, apesar dos prédios prontos, não teve sequência. Sabe-se que à época, devido a uma grande briga política entre duas sublegendas da Arena (Aliança Renovadora Nacional), partido que dava sustentação à ditadura militar, os prefeitos adversários não costumavam adotar nem concluir obras do antecessor. É uma alegação que valeria para Epitácio, mas não vale para Vituriano e Zerinho, que chegaram ao poder tempos depois. Podem alegar que o tempo passou, mas talvez ainda valha um questionamento sobre esse desacerto administrativo na cidade.

Certo é que, abandonado o Plano Diretor, os galpões foram privatizados e Cajazeiras perdeu a oportunidade de dispor hoje de um grande centro de comercialização. Poderia não precisar importar verduras, frutas e legumes. mas o centro poderia ser também de confecções ou outro segmento econômico.

Não importa. Fato é que a cidade perdeu uma grande oportunidade de desenvolvimento e ficou plasmado o exemplo de que o desprezo pelo planejamento custa caro. Custa um futuro melhor.

Ah!, em tempo, o Plano Diretor acertou em cheio na previsão de expansão da zona leste.

Josival Pereira

Josival Pereira

Jornalista com passagem em várias emissoras de rádio, TV e jornal da Paraíba.

Contato: [email protected]

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Jornalista com passagem em várias emissoras de rádio, TV e jornal da Paraíba.

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