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José Antonio

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Chico Rolim: trajetória de vida com muitas vitórias

18/12/2020 às 11h20 • atualizado em 18/12/2020 às 19h37

Chico Rolim, 95 anos

Por José Antônio

A cidade de Cajazeiras perdeu, neste dia 16 de dezembro, Francisco Matias Rolim, umas das mais legítimas referências de homem público da cidade nos últimos setenta anos.

Quem se debruçar sobre a História Política e Administrativa de Cajazeiras desde 1950 até o ano de 1991, em todos os momentos e nas grandes decisões sobre o destino da cidade encontramos a participação de Chico Rolim, que mesmo em algumas ocasiões se fez ausente, mas mesmo de longe, quando administrava seus negócios no Estado do Maranhão, sempre era consultado e sua opinião era muita respeitada.
Chico Rolim foi um gestor além de seu tempo. Cuidou da expansão urbana quando edificou as primeiras casas do Bairro Por do Sol, comprou uma frota mecanizada para construir estradas e açudes no município; ao implantar na cidade uma empresa telefônica e ele mesmo foi de casa em casa para vender as linhas; lutou desesperadamente pela continuidade da rede ferroviária cearense, ao ponto do Presidente Castelo Branco falar para Chico Rolim, depois de tantos pedidos: já sei o que você quer – é a volta do trem; e a luz de Paulo Afonso era preciso chegar a cidade e com sua obstinação ela acendeu em todas as casas e indústrias. São inúmeras as ações de Chico em defesa da cidade e uma delas se destaca: a doação de 25 hectares de terra, na Boa Vista, depois de comprados da família Peba Rolim, para construção do que é hoje o Campus da Universidade Federal.

Não existiam dificuldades para Chico Rolim quando se tratava de um novo empreendimento para a cidade, pois ele era o primeiro a buscar respostas e soluções. Mas tudo isto existia uma razão de ser: era o bem imensurável que ele tinha por sua amada cidade de Cajazeiras, terra para onde migrou, vindo das plagas do Ceará e escolheu para morar, viver intensamente e nela morrer e ser sepultado.
Francisco Matias Rolim nasceu em Umari (CE) no dia 6 de dezembro de 1922, filho de Matias Duarte Passos e de Angelina Duarte Rolim.
Em 1932, junto com a família, transferiu-se para Cajazeiras (PB). Freqüentou a escola até o segundo grau, dedicando-se ao comércio, à indústria e à agropecuária.

Ingressou na política em 1950, filiando-se ao Partido Social Democrático (PSD), em cuja legenda foi eleito vereador em Cajazeiras em outubro de 1958. Em 1960 tornou-se presidente da Câmara Municipal, cargo que ocupou até o final da legislatura. Em outubro de 1962 reelegeu-se vereador na mesma legenda. Iniciou novo mandato em janeiro de 1963 e nesse mesmo ano desligou-se do PSD, filiando-se à União Democrática Nacional (UDN), em cuja legenda elegeu-se prefeito de Cajazeiras em 11 de agosto seguinte. Renunciando ao mandato de vereador, assumiu a prefeitura no dia 30 de novembro, em substituição a Otacílio Jurema. Como prefeito melhorou os serviços de telefonia e construiu escolas.

Com a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2 (27/10/1965) e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se, em 1967, à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de sustentação do regime militar instituído no país após a vitória do movimento político-militar de 31 de março de 1964, que depôs o presidente João Goulart (1961-1964). O novo governo unificou as datas das eleições municipais e, com isso, Chico Rolim, como ficou conhecido, teve o seu mandato prorrogado por 14 meses. Ele ficou na prefeitura até 31 de janeiro de 1969, quando passou o cargo a Epitácio Leite Rolim e afastou-se da política. No mês seguinte, vendeu algumas de suas propriedades em Cajazeiras e transferiu-se com toda a família para São Luís do Maranhão, onde expandiu sua atividade comercial. Manteve, porém, seu domicílio eleitoral naquela cidade paraibana. Em 1972, após dissuadir as lideranças políticas de Cajazeiras da tentativa de lançá-lo candidato a prefeito nas eleições daquele ano, Chico Rolim participou ativamente das articulações para a candidatura de Antônio Quirino, ex-diretor do colégio estadual, que acabou se elegendo.

Convencido pelas lideranças políticas locais e, principalmente, pela interferência do governador Ivan Bichara (1975-1978), retornou à Paraíba, embora mantendo negócios no Maranhão, e voltou a disputar a prefeitura de Cajazeiras, elegendo-se, em novembro de 1976, na legenda da Arena. Com a extinção do bipartidarismo em novembro de 1979 e a consequente reorganização partidária, filiou-se, em 1980, ao Partido Democrático Social (PDS), sucessor da Arena no apoio ao governo. Durante esse segundo mandato de prefeito, investiu nos serviços de saneamento básico, na saúde e na educação. Para enfrentar os efeitos da seca e contando com recursos mínimos dos interessados e máquinas da prefeitura, construiu cerca de 89 açudes para os produtores.

Com a suspensão das eleições de novembro desse ano para que houvesse coincidência de todos os mandatos do país, e a conseqüente prorrogação de todos os mandatos municipais que se encontravam em vigor, permaneceu à frente da prefeitura até janeiro de 1983, quando findou o seu mandato e passou o poder, pela segunda vez, a Epitácio Leite Rolim. Em 1986, desligando-se do PDS e filiando-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), concorreu a uma cadeira de deputado federal constituinte pela Paraíba, obtendo, contudo, apenas uma suplência.

Em 1988 desligou-se do PMDB e ingressou no Partido Socialista Brasileiro (PSB). Em dezembro, o deputado federal Cássio Cunha Lima, que em novembro se elegera prefeito de Campina Grande (PB), renunciou ao mandato, e Francisco Rolim assumiu sua vaga na Câmara, no dia 3 de janeiro de 1989. No ano seguinte Rolim deixou o PSB e filiou-se ao Partido Social Cristão (PSC), em cuja legenda concorreu a novo mandato em outubro de 1990, mas não conseguiu se eleger. Permaneceu na Câmara dos Deputados até janeiro do ano seguinte, quando se encerrou a legislatura.

Chico mesmo sem mandato continuou sendo uma referência na vida da cidade, que infelizmente o perdeu, mas deixa um legado de muitos serviços e obras e principalmente de amor a Cajazeiras.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

José Antonio

José Antonio

Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

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