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Alexandre Costa

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Carro elétrico: um dia você vai ter um (parte 2)

24/11/2021 às 19h45

Carro elétrico da Toyota (Foto: Divulgação)

Por Alexandre Costa

A trajetória do carro elétrico no Brasil é associada ao mais notável empreendedor do setor automotivo brasileiro, o visionário engenheiro mecânico e eletricista Joao Augusto do Amaral Gurgel que implantou em 1969 a primeira fábrica de automóveis 100%, brasileira: A GURGEL MOTORES.

Ao longo de 25 anos de existência, os desengonçados carros da GURGEL, produzidos em Rio Claro SP, ganharam as ruas brasileiras. Com um portifólio inovador com mais de 10 modelos, que entraram para história do automóvel no Brasil, essa indústria paulista projetou, desenvolveu, produziu e comercializou o Xavante, Tocantins, Carajás e Ipanema com aplicação fora de estrada chegando a desenvolver uma versão militar para as forças armadas brasileiras.

A Gurgel incomodava as grandes montadoras transnacionais que dominavam o mercado automobilístico nacional (FORD, GM, VW e FIAT), com tecnologias inovadoras como o Plasteel um misto de aço com plástico para fabricação de chassis e o Selectraction um revolucionário assistente de tração que foi precursor do atual sistema Locker que ainda hoje é usado com sucesso em alguns veículos da Fiat. Utilizando a uma carroceria de fibra de vidro, plataforma, suspensão e motores a gasolina ou a álcool, refrigerados a ar dos VW Fusca e Brasília a linha de veículos da Gurgel se consolidou pela sua robustez e confiabilidade.

A inventividade e visão inovadora do inquieto engenheiro Gurgel não tinha limites, em 1985, desenvolve e produz o primeiro carro elétrico, 100%, nacional: nascia o Gurgel Itaipu E150, um minúsculo carrinho de dois lugares com os mesmos desafios dos carros elétricos de hoje, o peso excessivo das baterias, durabilidade e autonomia.

Com quarenta mil carros produzidos a Gurgel Motores S/A é ferida mortalmente pela nova política automotiva do presidente Collor que abriu o mercado em1992 para o carro importado e isentando de IPI-Imposto Sobre Produtos Industrializados para veículos com menos de 1000 cilindradas.

Era iniciada a era dos carros populares onde o Fiat Uno pelo seu projeto já tecnologicamente avançado com baixos custos de produção e preços competitivos se torna líder de vendas no mercado levando a Gurgel em 1994 a abrir falência sepultando o sonho do carro genuinamente brasileiro.

No mundo dos negócios existe uma máxima que reflete o descaso e a indiferença de políticas de incentivo ao desenvolvimento nacional: “Já que o Governo não ajuda, se ele não atrapalhar já está de bom tamanho”. É o que parece estar acontecendo.

Apesar do Governo Federal não oferecer um amplo e atrativo programa de apoio e incentivo a produção e venda de carro elétrico o Brasil vai fechar esse ano, segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico, com 30 mil veículos eletrificados vendidos, um crescimento de mais 50% em relação ao ano passado.

É o governo brasileiro trafegando na contramão contra uma tendência mundial. O carro elétrico não tem volta, um dia você vai ter um.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Alexandre Costa

Alexandre Costa

Alexandre José Cartaxo da Costa é engenheiro, empresário, especialista em Gestão Estratégica de Negócios pela Universidade Potiguar, diretor da Fecomercio PB, presidente da CDL de Cajazeiras e membro fundador efetivo da Academia Cajazeirense de Artes e Letras (Acal).

Contato: [email protected]

Alexandre Costa

Alexandre Costa

Alexandre José Cartaxo da Costa é engenheiro, empresário, especialista em Gestão Estratégica de Negócios pela Universidade Potiguar, diretor da Fecomercio PB, presidente da CDL de Cajazeiras e membro fundador efetivo da Academia Cajazeirense de Artes e Letras (Acal).

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