Cajazeiras está no mapa da fome?
Por José Antonio
A fome no Brasil é um problema histórico, mas impressionam os números e as cifras que são destinadas ao combate a fome às famílias que são beneficiadas pelo Auxilio Brasil, especificamente, no município de Cajazeiras, que são 13.348 e as últimas 311, que estavam na fila já irão receber no próximo mês de dezembro, segundo Fábio Borges, coordenador deste setor, da Secretaria de Desenvolvimento Humano: “a fila que existia foi zerada”.
Os beneficiários recebem mensalmente, em Cajazeiras, 8.133.000,11 de reais, enquanto o município recebe de FPM apenas 3.693,000,00 de reais, bem menos da metade.
Além do Auxilio Brasil, outras 7.289 famílias recebem o Vale Gás no valor de 112 reais, que totaliza mensalmente 816.000,00 reais, sem esquecermos o BPC – Beneficio de Prestação Continuada, que atinge as pessoas deficientes, em número de 1.523 e os idosos que são 814 e que não recebem aposentadorias, totaliza 2.800.000,00 reais.
Então, se somarmos esses valores, são injetados todos os meses na economia do município, só em benefícios, 11.749.000,11, além de outro indireto que atinge 10 mil famílias com a Tarifa Social da Energisa.
As únicas exigências para receber o Auxilio Brasil: a presença escolar e a comprovação da vacina dos filhos e por incrível que possa ser ainda se constatam dezenas delas que não cumprem estas exigências. Muitas famílias mandam seus filhos para a escola, infelizmente, pensando em duas coisas: na merenda que é fornecida e no Auxilio Brasil; seria esta uma das causas do alto índice de analfabetos que existem nas nossas escolas do ensino fundamental?
Um fato que me chamou atenção, nos últimos dias, foi a pressão para quem recebe o auxilio de 600 reais, possa tomar empréstimo no mercado financeiro. Eu costumo dizer: é um dia de alegria e 60 meses de tristeza. Esse negócio deveria ser terminantemente proibido, até porque os juros são escorchantes, um verdadeiro assalto, mas infelizmente quem manda e desmanda neste pobre (?) e miserável país são os banqueiros.
Fica a pergunta: destes quase 12 milhões de reais que aportam nas contas destes beneficiários quantos vão para suas mesas em forma de alimentos? A situação seria diferente em outras regiões do Brasil?
Continuo perguntando: quantas pessoas passam fome no Brasil?
Em 2022, o Segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 no Brasil apontou que 33,1 milhões de pessoas não têm garantido o que comer — o que representa 14 milhões de novos brasileiros em situação de fome. Parece que só tem uma saída para a questão da Insegurança Alimentar no Brasil, seria a de “exterminar” a sanha e a “fome” desenfreada do capital, que suga todos os meses bilhões de reais, via juros, da mesa dos trabalhadores brasileiros.
Faço ainda outra pergunta: por que o Nordeste é tão pobre?
A região mantém, em termos médios, problemas sociais históricos: defasagem e pouca diversificação da agricultura e indústria, grandes latifundiários, concentração de renda, agravados no sertão nordestino pelo fenômeno natural de secas constantes e infelizmente ainda somos vistos por grande parte dos brasileiros, como se fossemos párias da Nação.
Enquanto não houver uma ampliação das políticas públicas, principalmente a de distribuição da imensa riqueza que possuímos e ainda a diminuir a diferença entre os poucos que têm muito e os inúmeros que pouco têm, a insegurança alimentar, vai continuar e a tendência de aumentar o número de pobres fica cada vez latente e presente na nossa rica Nação.
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