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José Antonio

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Cajazeiras e seus diferentes perfumes

30/12/2022 às 17h52 • atualizado em 30/12/2022 às 18h02

Coluna de José Antonio

Por José Antonio

A “minha” cidade de Cajazeiras não vive sem suas esquinas, pontas de ruas e calçadas. Nestes pontos, quase tudo é fofoca (prefiro fofoca do que fakes news), porque na fofoca sempre tem um fundo de verdade.

Mas Cajazeiras tem outros pontos, que considero da maior importância, que são seus bares e botecos. Tem a até o Bar da Graxa, aonde você entra limpo e sai melado, que é um dos preferidos da “intelectualidade” da província, quando as “histórias” narradas, categoricamente, desmentem, em seguida a do outro. Na verdade, o que sobra é sempre uma gostosa gargalhada, que exalta a gaiatice de todos, seguida de mais uma “lapada” de uma boa cachaça, com tira gosto de tripa assada.

Quer saber do que realmente existe nas “entranhas” da sociedade local? Não tem espaço que represente melhor Cajazeiras, do que a esquina do calçadão da Tenente Sabino: do último chifrado, das traições políticas, dos “quebrados”, das visitas da Polícia Federal, com os mínimos detalhes, de quem pegou as tralhas e foi embora, de quem vive só de “fachada”, de quem vive nas mãos dos “agiotas” e assim por diante.

A Rua Tenente Sabino já se tornara “importante” desde os tempos do prefeito Otacílio Jurema, que apeado do poder, saia de sua casa na Victor Jurema, passava pela Padre Rolim e nela ingressava, sempre acompanhado de Eudes Cartaxo e Edmilson Feitosa, até chegar na porta do Mercado Central e saber das novidades, na banca de engraxate de Zé de Sousa. Ali funcionava também a “central do fuxico” e o velho Otacílio, depois de informado das últimas, refazia o mesmo percurso, mas antes tomava uma xícara de café no Bar de Chicão.

Já dizia Deusdedit Leitão, o historiador: “Cajazeiras é uma cidade  diferente”. Sim, ela alma, essência, calor, é perfume de jasmim laranjeira, vibração e constrói sua história através de suas estradas, caminhos, ruas, vielas, casas, becos, bares, botecos, cabarés, escolas, homens cultos e incultos, políticos honestos e corruptos e de mulheres fortes e destemidas.

Estamos precisando de um novo Otacílio Dantas Cartaxo, para escrever o segundo volume de “Homens e Bichos”, com as narrativas do cotidiano e das “estórias” de nossa cidade. A saudade é pedagógica, através dela, talvez, reencontremos o que procuramos nesta caminhada e descubramos o quanto nossa cidade é rica em valores e é o melhor lugar do mundo de se morar.

Neste final de ano, na última edição do Gazeta, em 2022, quando completamos 24 anos de existência, afirmo, embora não mais  encontre na Praça Coração de Jesus as rumas de abacaxi, o algodão de açúcar, o gelo raspado com melaço de morango, que tanto saboreei nos tempos da criança que eu fui, que em 2023, mesmo não sendo mais possível estas doçuras, possamos encontrar outros sabores e perfumes em nossas vidas que nos tornem felizes.

Gostaria que em 2023 eu pudesse produzir muitas lágrimas de alegrias para encher de água o meu sertão.

Feliz 2023!


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

José Antonio

José Antonio

Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

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