“Boutiques” de beira de calçada
No passado a cidade de Cajazeiras não tinha uma feira livre e quem desejasse comprar mercadorias tinha que se deslocar para a mais famosa feira da região, em São José de Piranhas.
Foi então que o Padre Rolim, junto com o Coronel Sabino Rolim resolveram criar uma feira na cidade e conclamaram os comerciantes da região para num dia da semana trazer as suas mercadorias para uma feira, em Cajazeiras, e assumiram o compromisso de se no final do dia não vendessem todos os produtos eles comprariam o que o restasse.
E assim teve inicio, em frente da igreja Matriz de Cajazeiras, atual Praça Nossa Senhora de Fátima, o comércio ambulante de nossa cidade, que ao longo do tempo sofreu várias modificações de locais. Durante décadas existiu a famosa “feira da farinha”, na chamada Rua Estreita, hoje Rua Coronel Juvêncio Carneiro, que com o aumento dos feirantes se estendeu pela Praça Coração de Jesus e pela Rua Padre Manoel Mariano de Albuquerque e Praça das Indústrias, conhecida também por Praça da Telpa.
Na minha adolescência eu vendia rapadura, em cima de um caixote, em frente do armazém do meu pai, na Padre Manoel Mariano, para com o lucro ter o dinheiro para o ingresso da matinê, no domingo, do Cine Cruzeiro, de Eutrópio, que funcionava na Rua Dr. Coelho.
Posteriormente houve uma divisão da feira: legumes e outros tipos de mercadorias permaneceram nos seus atuais lugares e a de frutas foi deslocada para a Rua Felismino Coelho e posteriormente para a Praça Coronel Matos, onde permanece até o dia de hoje.
Na gestão de Otacílio Jurema, com a expansão da cidade, foram construídos equipamentos comunitários na Avenida Engenheiro Carlos Pires de Sá, conhecidos hoje como Mercadinho e Açougue da Camilo de Holanda, onde existe ainda uma feira, de pequenas proporções, toda quarta-feira.
Na cidade tem ainda três outras feiras, que funcionam também aos sábados: a da troca, na Rua do Emboque; a dos animais, na Ladeira do Cemitério Coração de Maria e das galinhas, na Rua Coronel Justino Bezerra. Foi extinta a feira dos passarinhos, na Rua Treze de Maio, porque estava dando prejuízo aos “pegadores de pássaros”, quase todos os sábados o IBAMA “confiscava” tudo. Hoje o comércio sobrevive na clandestinidade.
Mas ao longo do tempo, os pequenos comerciantes, que vivem na informalidade, devido a não oferta de empregos em nossa cidade, não se contentam em expor suas mercadorias somente nos dias de feiras e “invadiram” as calçadas e leitos de ruas, que estaria “ferindo” o código de postura do município e o Ministério Público.
Mas um fato me chama a atenção: se eles todos os dias expõem suas mercadorias é porque tem que as comprem. Ora, quando você encontra receptividade da população é porque, implicitamente, ela aprova a presença destes ambulantes pelas ruas da cidade.
Como a prefeitura não tem emprego e muito menos o Ministério Público para oferecer aos ambulantes, que estão proibidos de colocar suas mercadorias nos leitos das ruas e das calçadas, qual a solução que vai ser encaminhada para resolver o problema? São dezenas de pais de famílias que precisam ganhar honestamente o pão que mata a fome de sua família.
Mesmo agindo na legalidade, não devemos esquecer que aqueles que levantam a sua voz e usam de sua caneta para “atrapalhar” a vida dos pequenos ambulantes, não têm a noção da diferença que existe entre uma calçada quente e ao relento e os gabinetes atapetados e com ar condicionado em que trabalham e ganham super salários, pagos com os impostos que os ambulantes recolhem aos cofres públicos de tudo que consomem e vendem em suas “boutiques” de beira de calçada.
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