Barragem subterrânea: uma forma de conviver com a seca
Por José Antônio
Em junho, o governador Ricardo Coutinho anunciou investimento de mais de R$ 133 milhões, por meio do Plano Emergencial de Enfrentamento à Estiagem (Programa Viva Água). Desse montante, R$ 80 milhões correspondem aos recursos do Estado e R$ 53 milhões são oriundos do Governo Federal. Atualmente, a Paraíba possui 25 cidades em situação de colapso de abastecimento e outras 55 com racionamento d’água. Entre as várias ações previstas está a implantação de barragens subterrâneas.
Barragem subterrânea
Barragem subterrânea é uma tecnologia que permite armazenar água no subsolo, sendo usada para ajudar na produção, principalmente no período de estiagem. Deve ser construída nos períodos em que o nível da água subterrânea estiver mais baixo. Após a identificação do local adequado à construção, é feita uma abertura transversal ao leito de um riacho. Esta abertura pode ser feita de forma manual ou mecânica (retroescavadeira). Em seguida é colocado material impermeável (argila, lona plástica etc.), de modo que venha impedir o fluxo natural da água subterrânea. Concluída a obra, a vala é totalmente preenchida com o próprio material que foi retirado.
BARRAGENS SUBTERRÂNEAS X BARRAGENS SUPERFICIAIS Dentre as inúmeras vantagens sobre outros tipos de intervenções, especialmente para as barragens superficiais, quando a demanda exigida é compatível com o volume de água passível de ser acumulada nesse depósito, podem ser citadas as seguintes:
• Não há perdas de áreas superficiais por inundação, podendo ser utilizada a própria calha umidificada para plantio, o que implica numa sub-irrigação;
• Há maior proteção da água contra a poluição bacteriana superficial, pois a água fica armazenada na sub-superfície;
• Apresenta menor perda por evaporação, pois, não existindo “espelho d’água”, a insolação quase não atua (apenas na franja capilar);
• As perdas por infiltração em fraturas do embasamento são muito reduzidas, pois as diferenças de carga hidráulica a montante da barragem são muito baixas e o fluxo através do meio poroso é muito lento, obedecendo à lei de Darcy; X Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas
• Representa maior facilidade de construção, pois, sendo o septo encaixado no depósito aluvial, não exige grande espessura de parede e nem ombreiras laterais no vale;
• Pelo mesmo motivo, apresenta grande estabilidade da parede (septo) contra a erosão e nenhum risco de desmoronamento;
• Apresenta grande economicidade na construção, pois constitui uma obra de pequeno porte, em geral de dimensões muito reduzidas comparadas com aquelas de barramentos superficiais;
• São de rápida construção, podendo ser executadas em um ou dois dias, quando a operação é mecanizada, ao contrário das superficiais que requerem vários dias, até meses para a sua construção;
• Podem ser construídas inteiramente com mão-de-obra localizada, gerando empregos para a população beneficiada;
• Dispensam onerosos esquemas de tratamento, manutenção, operação, consumo de energia elétrica e outros gastos comuns nos barramentos superficiais.
Alguns estados do Nordeste já vêm implantando este sistema e capacitando os agricultores para esta nova técnica, que entre nós do sertão da Paraíba não temos ainda esta cultura.
Na realidade o que o produtor desta região gosta mesmo é de construir açudes em suas propriedades e de sentir o prazer de ver o espelho dágua reluzindo e seu gado bebendo. Tenho ainda dúvidas, embora o município de Cajazeiras tenha aderido ao programa, se os nossos agricultores participem deste projeto.
Estes recursos vão se aplicados, mas parece-me que nenhum agricultor foi consultado e se fossem tenho a mais absoluta certeza que prefeririam que seus barreiros e açudes fossem ampliados e retirado as terras que se acumularam ao longo dos anos.
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