header top bar

Renato Abrantes

section content

Ato de Desagravo ao Bispo de Cajazeiras

29/05/2008 às 00h00

Creio que a coisa que mais desagrada a Deus é a injustiça, que não deixa de ser, em última instância, uma grande falta de caridade. Afirmar algo de alguém, de uma autoridade, por exemplo, apenas para passar adiante a “última notícia”, particularmente quando não pode dar explicações a respeito de suas decisões, sob pena de manchar a imagem de terceiros, é algo que merece nosso total repúdio, pois, com certeza, não deixa de ser uma grande covardia.

Como filho de Cajazeiras, minha terra, e como padre do presbitério da diocese da mesma cidade, fiquei triste em constatar que nosso bispo diocesano, Dom José Gonzalez Alonso, mais uma vez foi alvo de duras críticas. Instrumentos de comunicação de nossa cidade insistem, vez por outra, em relembrar o fato já mais que superado da transferência de um padre de Cajazeiras; dias passados, foi veiculada notícia recriminando-o por negar-se a proceder à ordenação presbiteral de uma pessoa (infelizmente já ordenada em outra diocese do país) que, objetivamente, segundo parecer dos colegiados da diocese, não tinha os requisitos necessários para o exercício do sacerdócio, nem em Cajazeiras e nem em nenhuma diocese do mundo.

O bispo, ao tomar uma decisão séria assim, não o faz irresponsavelmente, mas conta com o apoio do conselho presbiteral e do colégio de consultores, organismos consultivos de máxima responsabilidade na diocese, compostos por membros escolhidos pelo clero e pelo próprio bispo, padres abalizados e com sério compromisso de buscar sempre o bem da Igreja e a maior glória de Deus. Antes de ser transferido para Quixadá, fui, por alguns meses, para muita honra minha, membro do conselho presbiteral de Cajazeiras, sendo nomeado, inclusive, secretário, e pude perceber que, ao serem tratados os problemas, em nenhum momento se brinca com a vida das pessoas e nem com a vida da Igreja.

Este fato pode ser considerado uma questão interna da Igreja: um bispo que age sem consultar outro, ou, consultando-o, age de forma contrária às suas opiniões. Isto acontece em todas as esferas do poder, inclusive na Igreja, em que cada bispo é autoridade suprema em sua diocese. Poderíamos considerar isto como um “conflito de autoridades”, facilmente resolvido com uma simples conversa (pois os bispos são irmãos e assim se tratam).

Até aí, nada de mais. O que é de se lastimar é a incompreensão e a difamação por parte de alguns contra o bispo diocesano, por conta de sua decisão em não ordenar a pessoa do caso em tela, e não poder justificar sua postura. E o que causa revolta em nós, que conhecemos os reais motivos de sua decisão, é a injustiça que se comete contra Dom José que, para não “manchar” a imagem de ninguém, reserva-se ao direito de ficar calado, em silêncio, sofrendo nas suas orações. Não esqueçamos que todos, mesmo o pior cafajeste da face da terra, tem o direito à boa fama. E aquele que decide, ou aquele que julga, não pode colocar no “olho da rua” as razões de suas decisões, particularmente quando tais são desabonadoras para o envolvido.

Queremos, portanto, que este artigo seja um ato de desagravo à pessoa de Dom José, meu pai, e à função que exerce, meu bispo, que, com certeza absoluta, vai continuar governando a diocese de forma digna, não se rebaixando às descompromissadas investidas dos que não pensam no bem da Igreja. E fique ele sabedor de que a pesada “cruz do bispo” torna-se leve quando carregada com o apoio e a compreensão do povo de Deus. Quem está contra o bispo, está longe da Igreja; e, quem está contra a Igreja, está longe de Deus, pois o outro nome de Deus é Unidade, Comunhão. Estejamos unidos ao bispo, como as cordas estão unidas ao violão. Somente assim se produz um som melodioso que encanta o coração, o nosso e o de Deus.

Coragem, Dom José! Apoio irrestrito e solidariedade ao senhor. Adiante, pois “a caravana passa enquanto os cachorros ladram”.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Renato Abrantes

Renato Abrantes

Advogado (OAB/CE 27.159) Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá/CE)

Contato: [email protected]

Renato Abrantes

Renato Abrantes

Advogado (OAB/CE 27.159) Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá/CE)

Contato: [email protected]

Recomendado pelo Google: