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Edivan Rodrigues

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Armas de Kássio Rogério

04/05/2008 às 18h44

Há dois pré-candidatos a prefeito de Cajazeiras. Mário Messias (DEM) e Léo Abreu (PSB). Um terceiro, o professor Kássio Rogério (PPS), intenta meter uma cunha entre os dois. Ao ser entrevistado por Fernando Caldeira no Trem das Onze, (27 de abril), lhe foi perguntado que armas usará na campanha para quebrar a bi-polarização que marca a história eleitoral cajazeirense, Kássio não respondeu. Não tem armas eficazes.

Se tivesse respondido, sua estratégia de campanha ficaria clara. Para isso, precisa conhecer o passado e o presente político do município que sonha governar. O passado ele ignora. Por quê? Porque não o vivenciou nem procurou estudá-lo. Talvez ande muito ocupado na obtenção do título de doutor em sociologia, segundo mencionou na entrevista à Rádio Alto Piranhas. Assim lhe falta tempo para pensar em estratégia e táticas. Facilito-lhe a tarefa, no pressuposto de que a preparação para a luta eleitoral assenta na realidade. Nunca na cabeça das pessoas, por mais preparadas que sejam do ponto de vista acadêmico.

Meu livro, “Do bico de pena à urna eletrônica”, registra um traço saliente da história política de Cajazeiras: a recorrente bi-polarização nos pleitos municipais. Em quase sessenta anos, de 1947 a 2004, são poucas as exceções a essa regra. Raimundo Ferreira se apresentou, 1963, como o novo no quadro político local. E era de verdade. Chegou a emparelhar com Chico Rolim e Acácio Braga. Na época da ditadura, Bosco Barreto bem que tentou romper o círculo de fogo que, pelo artifício da sublegenda, transferia para o interior da Arena a disputa pelo poder local entre Epitácio Leite e Chico Rolim. Em 1982, foi minha vez de tentar, já então contra o PDS, sucessor da Arena. De 1988 a 2004, Joaquim Alencar, professor, advogado, com raízes fincadas na política e respaldado na estrutura e no charme do PT, de então mal ultrapassou 10% dos votos. O mesmo sucedeu, em 1992, com Deusdedit Leitão (PSDB), médico com folha de serviços prestados à comunidade. A última quimera foi vivida pela tenacidade do advogado Moreira Lustosa (PT). Emergiu das urnas, em 2000, com sofridos 825 votos de um total de 28.601 apurados. Eis aí a realidade nua e crua. Realidade que Kássio ignora, talvez, porque esteja aqui em trânsito e, por isso, a vida de Cajazeiras seja para ele de somenos importância.

Então, não pode mudar nunca?

Pode. O exemplo de Ricardo Coutinho em João Pessoa (invocado pelo professor Kássio), todavia, não lhe serve de modelo. Quando se elegeu prefeito, Ricardo exibia trajetória de luta como vereador, deputado estadual, militante do PT e do PSB, sempre em sintonia com as classes médias de João Pessoa. Pelo menos. E o mais importante, apresentou-se como opção consistente de mudança. Por isso, venceu as eleições.

Se Kássio Rogério se acha com credenciais para remover obstáculos que cimentam nossa realidade política e social, cabe-lhe ostentá-las de forma clara, convincente, sem subterfúgios. Do contrário, será mera figuração estatística, a enriquecer, quem sabe, o folclore político sertanejo.

Cajazeirense residente no Recife. Novo e-mail: [email protected]


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

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