Alimentar-se de esperanças
Por José Antonio
Jornal Gazeta, republicação artigo 1155
Seria possível uma pessoa alimentar-se só de esperanças? O que é um ser humano sem sua memória, sem os seus desejos, suas lembranças, sua história, suas audácias e suas esperanças?
Hoje, diante de mim, me olho como um novo personagem em busca de novas esperanças, novos caminhos, novos olhares, novas descobertas. Nestes difíceis tempos sinto que minhas asas me levam a novos vôos, mas minhas profundas raízes não me deixam fugir para lugares mais distantes.
Tenho procurado narrativas para esta nova caminhada, tenho sentido necessidade de novos diálogos, de conversas simples e sem erudição, sem retórica como uma simples anotação de pé de página.
Nestes difíceis tempos estaria conspirando contra mim mesmo, contra minhas esperanças, minhas saudades, meus velhos sonhos e do meu arraigado ser telúrico?
A questão do tempo e da memória tem conspirado contra mim e tem colocado pedras imensas entre o querer e o fazer, entre o ir e o ficar. Eis um dilema que nos leva a refletir sobre as asas e as raízes que todo ser humano possui e a partir daí nascem todas as suas contradições.
Ao longo desta caminhada construí imensos arquivos, cataloguei uma montanha de documentos, me alimentei das questões do tempo e da memória, para nunca poder esquecer o passado.
Sempre gostei de conspirar, de me interrogar e de buscar o máximo possível aproximar a narrativa do fato e de tentar compreender a sua transcendência, eixos fundamentais do conhecimento histórico.
E o tempo? E a memória? E o esquecimento? Sempre estive de espada em punho contra todos e em busca de compreender que o tempo, para quem se alimenta de esperança, é o inicio, o meio e fim de toda caminhada. A memória é uma espécie de salvaguarda contra o esquecimento.
Tenho me interrogado do porque desta minha paixão por este folhetim que já completou 22 anos de vida. Procuro algum sentido e me vejo como se praticasse toda semana um gesto tresloucado, insano. Mas, infelizmente ainda não tenho uma resposta para esta pergunta.
A única possível resposta seria a de que vivemos de esperança, alimentada sempre de mais esperança.
Entre o ir e ficar, entre o morrer e o viver, entre a memória e o esquecimento, entre a paixão e o amor, entre o morrer e ressuscitar, entre o caminhar e parar, entre a distância e o perto são estes dilemas que fazem o homem crescer, viver, produzir e ir em busca de suas esperanças.
Enquanto há vida, a esperança é o alimento da alma.
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