A Superação da Tristeza
Por Padre Renato
Um movimento interior de tristeza por vezes invade o coração humano. Um misto de angústia e de sofrimento faz com que a alma, já machucada por experiências passadas, só aumenta a sensação de que estamos marchando para a tão indesejada infelicidade, certos de que nunca a alcançaremos.
A que isto se deve? Tantos são os fatores que é objetivamente impossível elencar as causas que nos dão a sensação (e a certeza) de que estamos sós, mesmo quando em meio a uma multidão, de que poucos nos apóiam, mesmo quando encontramos um ombro amigo, de que a dor nunca irá passar, mesmo quando tomamos quilos de ansiolíticos, antidepressivos, calmantes, pois a dor é nossa e somente nossa, pois nunca poderemos partilhá-la com ninguém.
Contudo, imagino que o que faz uma pessoa sofrer é a indiferença e a incompreensão com que lhe tratam: amar sem ser amado, doar sem ser acolhido, buscar e não encontrar, por si mesmas, já são as maiores condenações impostas a quem busca tão somente as migalhas da alegria que caem da mesa de quem já é abundantemente feliz, qual rico opulento da parábola do pobre Lázaro.
A rejeição em alguns, diferentemente de em alguns heróis resilientes, pode chegar a consequências funestas e levar a atitudes desesperadoras, como o suicídio. A arte de “desprezar o desprezo” não é de todos e não devemos de modo algum condenar quem não consegue reagir a uma “pancada psicológica”. O fastio alimentar, o desgosto, a falta de esperança, a vontade de não ver ninguém e o isolamento são alguns dos sintomas daquilo que pode ser uma depressão ou uma alteração grave humor de um portador de um TAB (Transtorno Afetivo Bipolar), por exemplo.
Mas, além disso, nada pior que o preconceito com que os chamados “normais” tratam os que sofrem da “tristeza crônica” (aqui generalizo as patologias psíquicas). Aliás, diga-se de passagem, quem é normal? Eu não sou! Você é? O preconceito é a arma utilizada para assassinar os que não se enquadram nos nossos esquemas ridicularmente pré-elaborados, particularmente quando nos julgamos donos da verdade. E preconceitos existem em todos os lugares, principalmente nas relações humanas, como na religião, na política, na economia, na cor da pele e por aí vai.
Você está triste? Qual o nível de sua tristeza? Normal? Passa do normal? Acha que deve procurar ajuda psicológica? Não está? Então, que se pode fazer para amenizar o sofrimento de quem está triste, trancado há dias num túmulo (quarto escuro), sem comer, sem se medicar, sem vontade de fazer nada, nem viver?
Somos capazes, ao menos, de nos lembrar com carinho de quem vive assim? Apenas isto, já é Evangelho: “o que fizestes a um dos pequeninos foi a mim que o fizestes”.
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