A política errática de uma potência decadente

Coluna de Saulo Péricles

Por: Saulo Pericles Brocos Pires Ferreira – Caros leitores vou tentar fazer uma viagem pela História e fazer comparações com o momento atual meio irracional em que atravessamos. Antes o meio circulante era a moeda que tinha seu peso estampado na face. Mas como os países passavam por crises, como acontece até hoje, tinham seus métodos de burlar os portadores, seja fazendo ligas mais empobrecidas, seja diminuindo o peso estampado, entre outras coisas “pouco ortodoxas”. Mas o que tinha de realidade era a confiança que os portadores tinham nas moedas que portavam,

No começo do século XVIII, o rei da França estava em sérios apuros financeiros. E estava desesperado para sair dessa situação. Então, como sói acontecer nesses momentos, apareceu um prestidigitador escocês chamado John Law e apresentou uma fórmula mágica que persuadiu esse rei, e ele foi persuadido porque queria ser persuadido. Então requereu ao rei a gestão das colônias francesas na América, a Louisiana, e afirmou que haviam lá imensas quantidades de ouro. Então fundou o “Banque Royale” e começou a emitir títulos para que fosse esse ouro extraído e transportado para a França. Os franceses acreditaram e compraram esses títulos com um ágio de até dez vezes o seu valor de face. Se juntavam multidões em frente à sua casa para comprar esses títulos sem lastro. Como ele emitiu muitos títulos e nunca esse ouro foi encontrado, o povo perdeu a confiança nesses títulos e muitos Começaram a pedir o resgate desses títulos o que não pode ser feito, e esse banco quebrou, mas foi de qualquer maneira o primeiro Banco Central que existiu na nossa história moderna,

Vamos para o século passado. Quando estava em voga o papel moeda, no caso dos Estados Unidos, havia o conhecido padrão-ouro, que pelo menos em teoria o portador dessas cédulas receberia seu equivalente em ouro pelo valor estampado na nota, que estaria guardado em diversos lugares dos Estados Unidos, sendo o mais famoso, o Fort Knox, no estado do Kentucky.  Mas com a profusão da emissão desses dólares, veio a incerteza de que todo esse ouro não existia, mesmo porque nunca o governo dos Estados Unidos mostrou essa imensa quantidade e ouro.

Então em 1971, o presidente Richard Nixon mudou esse padrão e o transformou para outros ativos, como reservas cambiais e petrodólares, e como o dólar era a moeda de troca mundial, a coisa foi temporariamente superada. Mas vieram outras crises, e os gastos estavam e ainda está num crescente; os eleitores americanos apostaram em alguém que afirmou que resolveria esse tão complexo problema de uma maneira muito simples: Diminuir os gastos do governo e sobretaxar as importações, ou seja: fechar os Estados Unidos para que ele ficasse auto suficiente e passasse a depender o mínimo do resto do mundo. Isso num tempo em que as economias mundiais são tão entrelaçadas que ninguém pode dizer até onde vai uma e até onde começa a outra. Então se cercou de pessoas, que em muitos casos não entendem de como funciona a complexa máquina estatal dos Estados Unidos, e ofereceram uma solução extremamente simples para esse problema extremamente complexo, uma solução mágica. E essa solução não existe, pelo menos no prazo em que foi estipulado pelos propositores. Então, logo no início, do mandato, começou uma guerra de tarifas que ao cabo desse curto período de tempo, se demonstrou ser de uma completa insanidade, e teve que voltar atrás em vários casos, criando uma política errática e gerando insegurança nos investidores.

Ora, a coisa que um investidor menos quer é insegurança, pois como ele vai fazer um investimento se não sabe que regra vai estar em vigor na época em que for colher os lucros desse investimento? Então vai fazer o óbvio: investir onde tenha garantias de que essas regras vão ter uma estabilidade. E esses outros lugares estão aparecendo, como por exemplo os BRICS; outro ponto, é que sua administração está gerando pânico de que muitos americanos vão perder seus empregos, e param de gastar. Isso gera recessão.

Tudo isso porque um político que passou mais de uma década fazendo um programa de televisão, acha que pode daquela forma governar a maior potência econômica do planeta, e se junta a maus conselheiros. Com todas as suas consequências nefastas..

Governar os Estados Unidos é muito diferente do que comandar um programa de televisão. Ele já devia saber disso desde o último mandato.

Cajazeiras, 15 de março de 2025.

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Saulo Péricles

Saulo Pericles Brocos Pires Ferreira (Pepe): Engenheiro Mecânico, especializado em engenharia de segurança do trabalho, Advogado, Perito em segurança do Trabalho e Assessoria Jurídica, membro fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras.

Contato: pepepires17@gmail.com