A fase dos pseudônimos
Entre as expressões “terceira idade”, “mais idade”, “melhor idade” qual será a ideal? E as palavras, “idoso” e “velho”? Exigem reflexões. Estas denominações emitem valores semânticos diversificados, outras têm sentidos pejorativos e o seu emprego é resultante da maneira como os mais jovens veem aquelas pessoas que já vem percorrendo uma grande trajetória da sua vida.
No período da “terceira idade” subtende-se que as pessoas viveram a primeira fase denominada infância, a segunda fase a idade adulta amadureceram, adquiriram experiências, trabalharam, prosperaram e digamos, pararam porque chegou na terceira idade. Pronto. Não há mais nada a fazer. Outros chamam pessoas de “mais idade”, neste contexto é levado em consideração a idade cronológica, elas têm mais dias vividos valores, atributos e dignidades das mesmas são anulados prevalecendo apenas a quantidade de dias vivenciados pelas mesmas. Se são pessoas, evidentemente que há um conjunto de valores construído por elas não é um objeto que tem certo tempo de uso. Aparentemente são expressões que apresentam significações de leveza, de meiguice, mas há a ideia de anulação para a vida até porque se constrói a imagem de alguém frágil e doente.
Digamos que “melhor idade” traz significações positivas e de grande valorização desta fase da vida. Para algumas pessoas, este momento é considerado como o espaço da vida no qual se sentem realizados, uma vez que concretizaram os seus sonhos viveram ilusões e desilusões, enfrentaram dificuldades, sofrimentos e construíram grandes legados que se tornaram benécias para as futuras gerações. Souberam preparar bem o terreno com dimensões incalculáveis de sabedoria a qual gerenciava a dose certa de paciência, coragem, humildade, serenidade a fim de aceitar as limitações e acima de tudo a alegria de estar vivo.
Considerar-se na “melhor idade” é ter a mente pulverizada de uma atmosfera positiva na qual nascem sensações de paz e alegria aumentando os dias de vida numa áurea de prazer. Entre tantos belos comentários é preciso parar refletir: será que isto parte somente das pessoas que estão encarando este período como melhor idade? Ou será que boa parte desse clima depende das outras pessoas que interagem com elas? A resposta é clara. O grande fator colaborador da felicidade da geração da “melhor idade” é o resultado do bom tratamento que as mesmas recebem daqueles que vivem próximos delas.
A sensação de ser amado ou amada pelos seus parentes proporciona um estado emocional saudável,o respeito e a consideração são combustíveis produtores de energias que impulsionam a força e a coragem de enfrentar esta fase, como a melhor da vida. A convivência com esta especial clientela deve ser permeada de carinho, afeto, gratidão, proteção, e compreensão tornando estas pessoas felizes com a fisionomias adocicadas, sorrisos iluminados brotado de um íntimo prazeroso. É preciso que o jovem se sinta feliz em ver aquele que nasceu primeiro do que ele repleto de felicidade. Pensando assim, minimizaria a tristeza tantas pessoas implorando a Deus que as chamem.
E a palavra “idoso?” Esta transmite a ideia de algo que parou no tempo, representando apenas convalescência, indisposição, cansaço e falta de coragem, alguém digno de compaixão e caridade. Há uma carga semântica pejorativa, embora permeada de boas intenções, digamos, não deixa de significar alguém que sofre e que está no fim. Desta forma o reconhecimento da grande colaboração a sociedade fica relegado ao segundo plano ou a quase anulado.
Atribuir ao ser humano a palavra “velho” é desumano e cruel. Velho deve ser empregado para objetos que estão desgastados do uso, “não prestam mais”. As pessoas não ficam velhas, e sim mais experientes, quem emana sabedoria é sempre “novo” para os “novos”. É lamentável quando os jovens se dirigem ou se referem às pessoas de melhor idade de “velho” ou velha”, isto é o resultado de uma sociedade que precisa quebrar os preconceitos contra uma importante geração. É preciso se conscientizar de que o jovem de hoje será o ancião do amanhã, é natural as etapas de transformações nas nossas, é estranho pensar que vai ser sempre jovem: pobre ignorante pensamento.
O conceito de “velho” contribui para fortalecer a discriminação, é bom se substitui velhos conceitos, construir novas mentalidades humanitárias que estimulem a alguém viver mais e feliz. Proporcionar autoestima nas pessoas de melhor idade é obrigação nossa e direito delas. É lamentável que existam tantos amigos e amigas que não vivem a melhor idade, são sofridas, tristes, acabrunhadas vítimas de maus tratos que ferem o prazer e se consumem entre debilitações físicas e torturas psicológicas. Não é esse destino que se quer para aqueles que nos passaram boas e grandiosas lições de vida.
Professora Maria do Carmo de Santana
Outubro de 2014
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