A falência da Livraria Cultura
Por José Antonio – Quando tomei conhecimento da falência da Livraria Cultura, fiquei entristecido e me veio à lembrança as livrarias que fizeram parte da minha vida, enquanto estudante na cidade do Recife. Eram os ambientes que me deixava muito feliz e foi nestas visitas que aprendi a gostar de ler, com mais precisão, eu sentia a necessidade de curar minha solidão, numa cidade aonde tinha poucos amigos e os livros abriam as janelas muito além do possível.
Como estudante de poucos recursos, nem sempre conseguia comprar o que desejava ler e este obstáculo me fez um frequentador assíduo das bibliotecas da Universidade Católica de Pernambuco, onde fiz meu Curso de História, da Biblioteca da Universidade Federal de Pernambuco, onde me tornei Bacharel em Ciências Sociais e das famosas Bibliotecas do Curso de Direito da UFP e a do Estado.
Fui um frequentador habitual do Sebo do Brandão, já que morava num apartamento muito próximo da sua localização, aonde comprava uns livros com preços mais acessíveis e resolviam as minhas necessidades para realizar as pesquisas dos trabalhos solicitados pelos professores do Curso de História e sempre fui muito bem atendido por um funcionário que se chamava José Antonio, de quem me tornei grande amigo.
Era também um visitador, quase diário, das calçadas dos Correios e Telégrafo, na Avenida Guararapes, aonde era exposta no chão uma grande quantidade de livros à venda e sempre tinha alguns que me interessava e aonde me encontrava com Dr. Benu Moreira, que trabalhava nos Correios e ali batíamos um bom papo.
Quando regressei para Cajazeiras, após concluir os meus cursos, este ambiente e o cheiro de tinta e papel foram os que me fizeram mais falta, além do hábito diário de ler os jornais editados em Recife e a Folha de São Paulo.
Foi então que me dirigi ao meu pai, muito embora fosse um homem de poucas letras, e disse a ele que queria colocar uma livraria em Cajazeiras e ele deu todo o apoio e foi aí que nasceu a Livraria Rio Piranhas, esquina da Presidente João Pessoa com a Rua Padre José Tomaz, depois mudou para Rua Padre Manoel Mariano e coloquei um item a mais: a venda de discos, os famosos long-plays.
Com relação aos jornais, junto com Fernando Caldeira, fundamos o Alto Piranhas, que devido às inúmeras dificuldades de impressão, que eram feitas em Mossoró e Campina Grande, não foi em frente, mas em 1999, no dia 1º de janeiro, quando a cidade já passou a ter máquinas de maior porte, foi lançada a primeira edição do Gazeta do Alto Piranhas, que eu mesmo me pergunto, como pode existir ainda um jornal impresso no sertão da Paraíba e que durante 24 anos, nunca falhou uma única vez, toda sexta-feira. Asseguro que não sei responder.
Hoje possuo uma boa biblioteca que atende as minhas necessidades e prazeres, além das dos amigos. Cajazeiras tem a felicidade de possuir bons espaços culturais e boas livrarias e até uma Editora, coisa de luxo mesmo, que voa feito uma “Arribaçã”, talvez seja mais um “milagre de Padre Rolim”, realizações de quem tem coragem e amor a cidade.
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
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