A Barragem de Engenheiro Avidos será eterna
Por José Antonio
A Barragem Engenheiro Avidos está passando por uma grande reforma em seus dois sangradouros e o que fica sob a torre é mais complexo em sua execução, porque está sendo preciso fazer “uma barragem de terra” dentro do açude, para substituir a que foi construída entre as décadas de 20 e 30, até a sua conclusão em 1936.
Havia também uma tubulação que dava acesso a uma pequena usina de geração de energia, que se destinou durante décadas para iluminar a vila que se formou no período da construção do açude. Infelizmente foi desativada.
Quando estive em Fortaleza, em 2017, fazendo pesquisas sobre a vida do Padre José Tomás de Albuquerque, aproveitei para visitar a biblioteca do DNOCS para colher mais informações sobre a Construção do Açude Piranhas e do engenheiro Moacir Avidos, que adoeceu de paratifo em Boqueirão e veio a falecer em Fortaleza em 15 de dezembro de 1932, com apenas 33 anos de idade e que foi considerado como uma das grandes estrelas que brilhou nos serviços de Obras Contra as Secas, marcado por traços indeléveis de inteligência, cultura e atividade.
Moacir Avidos, em 1922 representou a Inspetoria junto a Construção do Açude de Orós, que estava a cargo da firma americana Dwight P. Robinson & Cia.
Em setembro 1923, regressou ao Espírito Santo, sua terá natal e assumiu o cargo de Secretario da Viação, Obras Públicas e Agricultura. O maior serviço prestado pelo Dr. Moacir Avidos ao Espírito Santo foi, porém, a regularização da dívida externa do Estado com os credores franceses, por ele levada a efeito quando, na Europa, fiscalizava a usinagem da ponte metálica de Vitória. Em 1928, com o advento do novo governo, foi nomeado prefeito da capital, função em que continuou a demonstrar as suas qualidades de administrador econômico e construtor.
Em 1932, voltou a servir na Inspetoria de Secas, vindo pela segunda vez ao Ceará. Depois de curta permanência no escritório de Fortaleza, foi-lhe então confiada a construção da grande barragem de Piranhas, quando nesta época a região estava sendo castigada pela calamidade da seca e onde era maior a acumulação de flagelados, com todas as suas dolorosas e tristes misérias.
Nestes tempos, as endemias ceifaram muitas vidas e em Engenheiro Avidos fez-se necessário a construção de um cemitério, para substituir um “improvisado” que foi feito na aba da serra, tamanha foi a mortandade dos operários, numa iniciativa da esposa de Silvio Aderne, engenheiro que substituiu Dr. Moacir Avidos. E foi ela também a responsável pela capela de Nossa Senhora Aparecida, erguida com as ações voluntárias dos operários que construíam o açude.
Muitos conseguiram escapar da febre, mas infelizmente, Moacir Avidos, mesmo tendo lutado para sobreviver, veio a falecer em Fortaleza no dia 15 de dezembro de 1932, dando a sua vida na colaboração de uma grande obra, que vem servindo ao povo sertanejo e merecidamente, numa justa homenagem, ser lembrado por gerações com o nome do Distrito onde está encravado o Açude do Boqueirão de Piranhas.
Com estas reformas o Açude Engenheiro Avidos tange a possibilidade e o medo dele arrombar, mas a partir de então ele será eterno e está sendo abençoado pelas águas do Rio São Francisco.
Engenheiro Avidos bem que merecia do povo de Cajazeiras e cidades além do Rio Piranhas, uma estatua.
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