A aposta de Chico Cardoso
Por Alexandre Costa
A inusitada aposta do radialista e escritor sertanejo Chico Cardoso, que se banharia nu nas águas do rio São Francisco se elas algum dia chegassem à região do Alto Piranhas, deixou em polvorosa os cajazeirenses na ânsia de vislumbrar essas duas impactantes cenas: As águas do rio São Francisco adentrando triunfalmente na barragem de Engenheiro Ávidos, e a vexatória e indescritível imagem do nosso radialista totalmente nu, pagando sua malfadada aposta mergulhando nas águas do Velho Chico.
Considerada como uma obra-prima da engenharia brasileira o PSIF – Projeto de Integração do Rio São Francisco é o maior e mais complexo projeto de engenharia hídrica da América Latina em execução no país. Iniciado em 2007 com um orçamento original de R$ 4,5 bilhões, recentes projeções do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) apontam que esta conta atinja até a sua conclusão, em 2025, mais de R$ 12 bilhões, três vezes maior do custo inicial previsto. O projeto completo, nos seus dois Eixos Leste e Norte, beneficia 12 milhões de pessoas em 04 estados nordestinos. Já em fase de pré-operação, a penúltima etapa do Eixo Norte, as águas do Velho Chico já correm céleres partindo de Jati, no Ceará, atravessando os municípios do Brejo Santo, Mauriti, Barro, Monte Horebe, São José de Piranhas, até finalmente desembocar em meados do segundo semestre do corrente ano na barragem de Engenheiro Ávidos, em Cajazeiras.
Antes de concluído e entregue, o PSIF, que é considerado como a redenção do semiárido nordestino, traz à tona várias discussões: Qual a destinação e aproveitamento das suas águas? Qual impacto real na geração de emprego e renda na transformação social do sofrido sertão nordestino? Entre várias indagações existe uma que gera motivo de intensa discórdia: Quem vai custear os custos (Hoje estimado em R$ 800 milhões/ano) da operação e manutenção da transposição do Velho Chico? Para quem vai essa conta? Para a União? Para os governadores dos 04 estados beneficiados ou para o consumidor final? São questionamentos inevitáveis e inadiáveis que precisam de respostas.
O sucesso desse magnifico projeto passa necessariamente pelo desenho de um novo arranjo institucional, harmônico e que envolva o governo federal, governo dos estados, e entidades da sociedade civil organizada que garanta a sua operacionalização de uma forma racional, justa e sustentável. Finalmente as águas vão rolar. O incrédulo Chico Cardoso que se cuide!
Cajazeiras, janeiro de 2021
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