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Renato Abrantes

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1917

20/05/2008 às 00h00

Começo do século XX, 1917. A Europa transformou-se num teatro de operações bélicas que envolveram diversos países divididos entre o bloco denominado Tríplice Entente (Inglaterra, França, Império Russo e, posteriormente, EUA) e Tríplice Aliança (Império Alemão, Império Austro-Húngaro e Império Turco-Otomano). Os nacionalismos exacerbados, os imperialismos, a corrida armamentista e o jogo de empurra quanto à indicação de culpa por diversos desentendimentos diplomáticos foram as causas da I Guerra Mundial (1914-1918), que também envolveu o Brasil. 9 milhões de militares morreram, sem contar os civis.

Em fevereiro daquele mesmo ano, na Rússia, o povo começou a revoltar-se contra o Império dos Czares e iniciou, divido entre os partidos menchevique e bolchevique, o movimento que derrubou o poder imperial e implantou o modelo da “república soviete”. Assim, em abril de 1917, Lênin lançou as “teses de abril” que insuflaram o ânimo do povo até outubro do mesmo ano, momento em que se deu o maior golpe de Estado até então já visto. Providência imediata foi o extermínio da família imperial, os Romanov, e um intenso processo de burocratização, visando a concretização das idéias socialistas de Karl Marx. Com a assunção ao poder, Stálin promoveu mais carnificina, estimando-se em seis milhões o número de mortos; solidificou-se a temida União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

Aos 13 de Maio de 1917, três crianças apascentavam um pequeno rebanho na Cova da Iria, freguesia de Fátima (distante cerca de 30km de Abrantes, cidade dos meus antepassados paternos), conselho de Vila Nova de Ourém, hoje diocese de Leiria-Fátima, em Portugal. Chamavam-se Lúcia de Jesus, de 10 anos, e Francisco e Jacinta Marto, seus primos, de 9 e 7 anos. Por volta do meio dia, ao rezarem o terço, como era costume, perceberam um grande luminar no céu, achando tratar-se de um raio indicador de chuva.

Ao decidirem ir embora, outro clarão foi visto e, acima de um pequeno pé de oliveira, perceberam a presença de “uma Senhora mais brilhante que o sol”, de cujas mãos pendia um terço branco. Aquela “senhora tão bonita” tinha um pedido a fazer: rezar muito e fazer penitência para que a guerra acabasse logo. Convidou ainda aquelas crianças a voltarem àquele lugar todos os dias 13, àquela mesma hora, até o mês de outubro, quando diria quem era e o que queria.

Assim aconteceu, à exceção do mês de agosto. Os meninos estavam aprisionados pelo Administrador do Conselho, que não acreditava nas aparições (Nossa Senhora, contudo, não os abandonou e apareceu-lhes no dia 19, na Vila de Ajustrel, onde estavam presos). O povo, em grande número, começou a, devotamente, peregrinar para aquele lugar, a Cova da Iria (uma depressão de terreno).

No dia 13 de outubro, dia da última aparição, a senhora disse-lhes ser a “Senhora do Rosário”, recomendou que ali se fizesse uma capela em sua honra, pediu-lhes oração e penitência pelo fim da guerra e mandou que o papa e os bispos do mundo inteiro fizessem a consagração da Rússia ao seu Imaculado Coração, a fim de que parasse de espalhar seus erros pelo mundo. Após estas orientações, em presença de 70.000 pessoas, o sol começou a girar no céu em torno de seu eixo e a precipitar-se sobre a terra, provocando pânico na multidão. Impossível uma alucinação coletiva atingir tantas pessoas ao mesmo tempo! Nossa Senhora confiou ainda às crianças alguns segredos, entre os quais, o último a ser revelado: um bispo vestido de branco (o papa, portanto), sofrendo muito e todo molhado de sangue. O milagre do sol “bailando” no céu foi visto anos depois, no Vaticano, pelo bispo Pacelli, o papa Pio XII, dias antes da proclamação do dogma da Assunção (1º de novembro de 1950).

Em 1981, no dia 13 de maio, em plena Praça de São Pedro, o turco Mehmet Ali Agca, “que nunca perdera um tiro”, munido de uma pistola 9mm, disparou a queima roupa três vezes contra Karol Wojtila, João Paulo II, o homem que colaborara para derrubar o comunismo no leste europeu e, portanto, bastante odiado nos meios socialistas. Em recente livro (“A life with Karol” – Uma vida com Karol) publicado pelo então secretário do papa, Stanilaw Dziwisz, hoje cardeal de Cracóvia, o purpurado afirmou que o atentado correu por conta da extinta União Soviética, que temia o papa. Socorrido às pressas, os médicos desacreditaram de qualquer possibilidade de sobrevivência. Contudo, o forte e vigoroso papa eslavo sobreviveu e, no ano seguinte, aos 13 de maio de 1982, foi pessoalmente a Fátima agradece-la e incrustar a bala que quase o vitimou na coroa da imagem de Nossa Senhora.

Fátima, Nossa Senhora de Fátima, a história como testemunha da providência de Deus nos desígnios da humanidade. Contudo, a consagração da Rússia ao Coração Imaculado de Maria ainda não foi realizada; pena! O papa tem seus motivos… porém, a Rússia continua a espalhar o comunismo mundo afora de forma sorrateira, democrática até. O que estamos vendo na América Latina dos dias de hoje? Consola-nos saber que a “senhora tão bonita” prometeu-nos que, “no fim, o meu Imaculado Coração triunfará”.

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Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós!


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Renato Abrantes

Renato Abrantes

Advogado (OAB/CE 27.159) Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá/CE)

Contato: [email protected]

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Advogado (OAB/CE 27.159) Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá/CE)

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