Dr. Ivan Cavalcante fala da doença que fez Ronaldo ¨Fenômeno¨ deixar o futebol

O médico Ivan Cavalcanti, que é graduado pela Universidade Federal da Paraíba, com especialização em análises clínicas, hematologia e está cursando pós-graduação em microbiologia clínica pela Faculdade Leão Sampaio, em Juazeiro do Norte, prestou entrevista ao portal “Diário do Sertão”, onde falou sobre a doença que afastou o jogador Ronaldinho “Fenômeno” do futebol mundial.

Ivan esclareceu acerca das causas, sintomas e diagnóstico da disfunção tireoidiana.

DIÁRIO DO SERTÃO: Dr. Ivan qual a diferença entre o Hipotireoidismo e Hipertireoidismo?

Dr. Ivan- O Hipotireoidismo é uma deficiência da glândula de produzir o hormônio T3 e T4. Abaixo do pomo de adão temos uma glândula em forma de borboleta, esta é a tireóide, da qual é responsável pela produção desse hormônio. No caso do Hipotireoidismo que é o caso de Ronaldinho “Fenômeno, esta glândula está produzindo pouca quantidade de hormônio, daí o termo Hipo, que quer dizer baixa quantidade. Enquanto o Hipertireoidismo é um excesso de produção do hormônio, ou seja, o T3 e T4 ficam elevados. Isso acontece, porque nós temos no cérebro a hipófise que tem outro hormônio chamado TSH, que é estimulador da tireóide e da produção do T3 e T4. Quando a hipófise está mandando a mensagem que vem para tireóide faz com que ela produza muito hormônio T3 e T4, daí surge o Hipertireoidismo. No inverso, quando essa glândula está mandando pouco hormônio TSH , há pouca mensagem e a glândula começa a produzir hormônio demais. Então é um feedback que existe entre a hipófise e glândula tireóide, um trocando mensagem com o outro, de modo que isso deve ser equilibrado para que não surja a disfunção da tireóide.

DIÁRIO DO SERTÃO: Quem está mais propenso a adquirir essa doença, as mulheres ou os homens?

Dr. Ivan – Na verdade é um privilegio das mulheres. Elas na fase da menopausa estão mais propensas a ter a disfunção da doença. A relação entre a quantidade de homens e de mulheres é em torno de 10 mulheres para um homem, a desencadear a doença. Acontece também em recém-nascido, daí a importância de fazer o teste do pezinho, para diagnosticar precocemente a disfunção tireoidiana, da qual vai ter muita influência na formação do cérebro da criança.

DIÁRIO DO SERTÃO: Na cidade de Cajazeiras tem muitos casos dessa doença?

Dr. Ivan – Sim. Muitos e por isso que nos passamos a fazer cursos nessa área, compramos os equipamentos de primeira qualidade para realizarmos os exames, justamente porque se viu a necessidade, devido aos inúmeros casos na cidade. Afinal me pergunto por que é que hoje se descobriu muitos casos em nossa cidade? Na verdade hoje nós temos duas endocrinologistas, que trabalham com essa especialidade, Dra. Micheline e Dra. Geiciane, então como já temos especialistas começa a descobrir mais casos, inclusive foram elas que me estimularam a fazer o investimento nessa área para realizarmos em Cajazeiras os exames T3, T4, TSH e T4 Livre, que são exames que auxiliam o diagnóstico de uma disfunção tireoidiana.

DIÁRIO DO SERTÃO: Quantos casos o senhor já registrou no seu laboratório?

Dr. Ivan – Não sei dizer com exatidão em termos de números. Porém é bastante elevado, pois, em nossa região temos muitos pessoas acometidas com a doença tireóide. Na verdade, o pessoal chega ao laboratório dizendo que está com tireóide, mas tireóide todos nós temos, o problema é quando essa glândula não esta funcionando normalmente, pois essa ela tem várias outras funções nos outros órgãos e não estiver funcionando dentro da normalidade pode acarretar alterações cardíacas, digestivas, cerebrais e muitas outras. Por isso que a glândula da tireóide é a turbulência do organismo humano.

DIÁRIO DO SERTÃO: Essa doença tem cura?

Dr. Ivan – Não. Essa doença tem controle. A pessoa que começa a fazer o tratamento de tireóide vai ter que tomar hormônio o resto da vida, ou para estimular ou para retardar a tireóide, mas vai ter que tomar hormônio, para sempre.

DIÁRIO DO SERTÃO: O senhor afirmou que o Hipotireoidismo engorda e o Hipertireoidismo emagrece?

Dr. Ivan- Justamente com o Hipertireoidismo a pessoa perde peso e o Hipotireoidismo a pessoa ganha peso, devido está com pouca quantidade de hormônio, então o estímulo no organismo fica lento. No caso do Ronaldinho, ele está com Hipotireoidismo, onde tudo no organismo fica lento, o coração fica lento, o intestino fica lento, o cérebro fica lento, tudo trabalha lento, se vai trabalhar lento, então essa pessoa vai gastar menos energia, logo vai engordar. É por isso que o Ronaldinho não tinha aquele ânimo para correr atrás da bola. O Hipertireoidismo ao contrário, a pessoa fica com o organismo todo acelerado, o coração fica acelerado, o intestino fica acelerado, o raciocínio fica acelerado, sentindo palpitações cardíacas. Por isso, o organismo trabalha mais rápido e as pessoas perdem peso.

DIÁRIO DO SERTÃO: Quais os primeiros sintomas da doença?

Dr. Ivan – Os sintomas variam de caso para caso. No Hipertireoidismo os sintomas são: perca de peso, aceleramento dos batimentos cardíacos, evacuação constante, indisposição e tremedeira. No Hipotireoidismo é uma sensação de calor estranho, engordar, o intestino fica preso, raciocínio fica lento, esquecimento. Uma pessoa pode apresentar todos os sintomas e outras não, depende da intensidade com que essa glândula está produzindo ou deixando de produzir o hormônio.

DIÁRIO DO SERTÃO: Algumas pessoas que tem essa doença apresentam um bócio no pescoço. Tem como realizar cirurgias para retirar?

Dr. Ivan – Sim. A clínica dessa doença pode ser exatamente o aumento dessa região do pescoço, que é chamado de bócio ou papo e a cirurgia vai corrigir essa seqüela que o organismo adquire por conta da disfunção tireoidiana.

DIÁRIO DO SERTÃO: O senhor recomenda aquelas pessoas que apresentam os primeiros sintomas a realizarem logo o exame?

Dr. Ivan – Não só as que apresentam os sintomas, mas sim todas as mulheres acima de 40 anos e todas as pessoas que estão perdendo ou ganhando peso, ou que apresentam um desses sintomas que nos falamos anteriormente.

Veja a entrevista:

DIÁRIO DO SERTÃO

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