VÍDEO: Engenheiro explica como poluição no Açude Grande de Cajazeiras ameaça história e meio ambiente
Fernando Figueiredo destaca os impactos e consequências que a recorrente poluição do manancial tem causado na região e se ainda é possível revitalizar
O Açude Grande, um dos principais cartões-postais e marco histórico de Cajazeiras, enfrenta uma grave crise de poluição que compromete não apenas a vida aquática, mas também a sua própria existência. O engenheiro Fernando Figueiredo, em sua coluna “Diário de Obras”, alerta para os impactos da degradação e aponta a falta de ações de preservação como a principal causa do problema.
Segundo Figueiredo, a situação de Cajazeiras não é única. “Esse assunto é recorrente aqui, porque, tanto aqui como em boa parte das cidades do Brasil, elas nascem em volta dos mananciais. Infelizmente, a maioria desses mananciais está poluída, é o caso da nossa cidade”, explica.
A poluição, contudo, é motivo de tristeza para o engenheiro, já que o Açude Grande está intrinsecamente ligado à história do município. Fernando explica que o Açude Grande já existia desde a fundação da cidade, mas foi em 1915, durante a grande seca que assolou a região, que sua importância estratégica se consolidou.
Naquele ano, a ampliação do açude visava garantir o abastecimento de água para a população. “Hoje a gente vê com tristeza como ele está poluído, e ainda, poluído não só as águas que lá estão, mas todos os dias boa parte da cidade joga seus resíduos lá”, lamenta.
Impactos e consequências
Os impactos da poluição são abrangentes, começando pelo meio ambiente. A degradação afeta a fauna e a flora, prejudicando a biodiversidade local. A vegetação densa que se forma na superfície, resultado da poluição da água, impede a entrada de oxigênio, fundamental para a sobrevivência das espécies aquáticas. O engenheiro alerta que essa vegetação é apenas a “ponta do iceberg”, já que o problema real está no fundo.
“O que tem embaixo é o que realmente preocupa, porque o manancial fica assoreado, ele fica raso, fica sem água, e essa lama que vai juntando no fundo do manancial é de resíduos, é de esgoto. Então, vai cada vez piorando mais a situação”, detalha.
Outro ponto crítico levantado por Fernando Figueiredo é a ausência de um perímetro linear de preservação. Cajazeiras é, segundo ele, a única cidade entre as que possuem um manancial em sua área urbana que não tem um perímetro de acesso público ao redor do açude, devido à ocupação por propriedades privadas. Essa falta de controle dificulta a fiscalização e a proteção do local.
“É até estranho falar isso, mas nós somos uma das únicas cidades do Brasil que temos um manancial no centro urbano e ela não tem um perímetro linear”, ressalta.
Em relação a revitalização, ele explica que as construções e a vegetação ao redor já atingiram um ponto em que a reparação é quase inviável. Além do espelho d’água, a bacia do açude, essencial para a sua recuperação, está completamente construída, impossibilitando a recarga natural.
Apesar dos recursos adquiridos em 2015 e do mapeamento da zona de preservação permanente em 2021/2022, o engenheiro destaca que mais de 110 anos depois da sua ampliação é que foi determinada a área de preservação.
A situação do Açude Grande de Cajazeiras serve de alerta para a urgência em tratar os mananciais urbanos com o devido cuidado, evitando que a poluição comprometa não apenas o presente, mas também o futuro desses importantes patrimônios naturais e históricos.
DIÁRIO DO SERTÃO
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