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VÍDEO: Psicólogo analisa perfil de “Vaqueirinho” e aponta 4 níveis de sofrimento psíquico enfrentados por ele

O profissional faz um apanhando do quadro geral e explica que o histórico familiar, os conflitos emocionais, a distorção da realidade e a obsessão pelo mundo animal formaram um conjunto que ajuda a explicar a atitude extrema de Gerson no dia da tragédia

Por Luiz Adriano

05/12/2025 às 18h01

O psicólogo José Monálison, em participação no Programa Nossa Gente, da TV Diário do Sertão, comentou sobre o trágico caso de Gerson de Melo Machado, conhecido como “Vaqueirinho”, que morreu no domingo (30) após invadir o recinto de uma leoa no Parque Arruda Câmara, a Bica, em João Pessoa. Segundo o especialista, Gerson apresentava um conjunto de sofrimentos psíquicos que o acompanhavam desde a infância e que podem ter contribuído para o comportamento que resultou na fatalidade.

Monálison explicou que o comportamento de Gerson indicava uma “visão de mundo distorcida”, característica de quadros delirantes.
“Ele tinha uma crença que era distônica, fora da realidade, e acreditava intensamente que aquilo era tão real quanto as crenças das outras pessoas”, relatou o psicólogo.

Essa distorção da percepção, segundo o especialista, fazia com que Gerson atribuísse sentido e lógica a ações que, dentro da convivência social, não se sustentavam.

Vítima tinha 19 anos – Foto: reprodução/redes sociais

Histórico familiar e sofrimento desde a infância

O psicólogo destacou que a mãe e a avó de Gerson são diagnosticadas com esquizofrenia, o que contribuiu para que ele e seus irmãos vivenciassem conflitos psíquicos desde cedo. Segundo Monálison, Gerson chegou a ser rejeitado quando tentaram adotá-lo, o que gerou seu “primeiro grande sofrimento psicológico”.

Quatro tipos de sofrimento psíquico

Durante sua análise, José Monálison explicou que o ser humano pode experimentar quatro formas principais de sofrimento, todas presentes no caso de Gerson:

  • Biogênico – de origem física ou biológica. “Ele tinha nos genes a carga genética da esquizofrenia por causa da mãe e da avó”, disse.
  • Psicogênico – relacionado à mente e à forma de interação com a realidade. “A forma como ele atuava na sociedade era diferente e, às vezes, deficitária.”
  • Sociogênico – sofrimento provocado pelo ambiente social, crises ou contextos coletivos.
  • Nuogênico – relacionado a propósito e espiritualidade.

“Gerson passava por quatro níveis de sofrimento: físico, mental, social e espiritual”, afirmou o psicólogo.

Propósito de vida e obsessão pela doma de animais

Segundo Monálison, Gerson nutria desde a infância o desejo de se tornar domador. O apelido “Vaqueirinho” surgiu devido à habilidade que ele demonstrava com cavalos. “Ele conseguia, de certa forma, acalmar cavalos com sua presença”, completou.

O psicólogo ainda citou episódios que revelam a intensidade desse propósito. Em determinado momento da vida, Gerson chegou a entrar no trem de pouso de uma aeronave em João Pessoa na tentativa de viajar clandestinamente para a África, buscando contato com leões.

O que é esquizofrenia?

Durante o programa, o psicólogo aproveitou para explicar a diferença entre transtornos neuróticos e psicóticos. “Neurótico é do mundo para dentro; já o psicótico é de dentro para fora”, descreveu.

Ele explicou que pessoas com transtornos psicóticos interpretam a realidade de forma distorcida, apresentam crenças enviesadas, pensamentos fora do senso comum e podem ter alucinações e delírios.

A esquizofrenia, doença que atinge 21 milhões de pessoas no mundo e cerca de 600 mil no Brasil, costuma manifestar sintomas como delírios, alucinações e comunicação desorganizada.

Tragédia anunciada pela trajetória de sofrimento

Para José Monálison, o histórico familiar, os conflitos emocionais, a distorção da realidade e a obsessão pelo mundo animal formaram um conjunto que ajudou a explicar a atitude extrema de Gerson no dia da tragédia.

José Monálison é psicólogo, psicanalista, palestrante e terapeuta holístico. O profissional atende em Patos, na Clínica Sedare. Saiba mais em: @monalison.psi.

O programa Nossa Gente vai ao ar todas as quintas-feiras, das 11h ao meio-dia, na TV Diário do Sertão, sob apresentação de David Edson.

Veja a edição completa do Nossa Gente desta quinta-feira (04):

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