VÍDEO: Médico do HUJB conta detalhes dos momentos que antecederam tentativa de transferência de Ana Júlia
Segundo o médico gerente de Atenção à Saúde do Hospital Universitário Júlio Bandeira, o quadro clínico de Ana Júlia quando ela deu entrada era muito crítico, o que levou a equipe a agilizar um pedido de transferência, apesar dos riscos
O médico pediatra José Dilbery, gerente de Atenção à Saúde do Hospital Universitário Júlio Bandeira (HUJB), participou do programa Olho Vivo nesta terça-feira (9) e deu mais detalhes dos momentos que antecederam a tentativa de transferência da criança Ana Júlia Mangueira Cardoso, 2 anos, para uma UTI pediátrica em Campina Grande. A transferência seria feita de helicóptero da cidade de Patos, mas a paciente não resistiu ao estado crítico e faleceu no trajeto.
“Nós aqui do HUJB também sentimos muito pela perda, foi um fim de semana bem entristecido para todos nós; na segunda-feira amanhecemos, ainda, todos de coração partido com o ocorrido, até por todo o envolvimento que houve nos últimos dias”, falou Dr. Dilbery.
Segundo o médico, o quadro clínico de Ana Júlia quando ela deu entrada no HUJB era muito crítico, o que levou a equipe a agilizar a transferência. Como o trajeto de Cajazeiras até Campina Grande é muito longo (cerca de 6 horas e quase 350 km), foi solicitado um helicóptero do Governo do Estado, que pegaria a paciente em Patos, cidade que fica a 170 km de Cajazeiras.
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“A gravidade do caso fez com que as medidas já fossem tomadas de forma mais radical. As condições clínicas da criança já pediam uma intervenção com maior agilidade naquele momento. Sempre que se faz isso é buscar a estabilização, buscar trazer a compensação dos sistemas do corpo humano para que a doença não possa trazer agravos. Mas, nós profissionais da saúde, sabemos que tanto os vírus como as bactérias têm suas particularidades. Tem uns que são mais agressivos; tem outros que são menos agressivos, porém mais contagiosos”, explica Dr. Dilbery.
Ele esclarece que a decisão de transferir um paciente em estado grave não depende apenas da disponibilidade de vaga em outra unidade de saúde, mas também do nível de estabilidade do quadro clínico, caso contrário aumenta o risco de piora durante o percurso. No domingo, a equipe do HUJB avaliou que a situação da criança era o mais estável possível que se podia conseguir, por isso decidiu pela transferência.
“Às vezes você tem um quadro clínico tão crítico que mexer com ele é promover uma descompensação. Então, antes de se tirar qualquer pessoa de um leito e colocá-la numa ambulância e seguir a estrada, eu tenho que pensar em como eu vou deixá-la o mais estável possível para seguir nessa caminhada”, ressalta o médico.
Aumento de casos de doenças virais
Dr. Dilbery conta que por volta de março começa o que os profissionais de saúde chamam de “período sazonal”, quando ocorre um pico de doenças virais e bacterianas. Prevendo isso, uma equipe do HUJB se reuniu com a direção da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para estabelecer a melhor maneira de articular a rede de apoio pediátrico. Nesse sentido, foi criado um grupo de Whatsapp onde as duas unidades de saúde dialogam sobre a condução dos casos e informam quais crianças precisam de internação e quais são as situações mais prioritárias.
“Esses vírus que nós estamos tendo no momento são conhecidos, já convivem com a população há longos anos, já causaram surtos enormes. Esse ano nós tivemos um quantitativo que fugiu às nossas expectativas. Nesse alinhamento a gente entendeu que nós tínhamos que trabalhar de forma mais articulada e harmônica possível, não pensando na instituição individualizada, mas um trabalho de continuidade, e conseguimos produzir uma conjuntura muito satisfatória”
Dr. Dilbery também faz um alerta para que as pessoas mantenham os cuidados preventivos que faziam parte do dia a dia no período da pandemia de Covid-19, mas que agora arrefeceram.
“O trabalho continua nesses mesmos moldes, nós continuamos articulados da mesma forma. Enquanto esse período sazonal de doenças virais estiver vigente, nossa atenção tem que estar redobrada. Não que eu precise baixar a aguarda quando passar esse período. Nós pediatras sabemos que quando chega aproximadamente o meio do ano, esse número de casos começa a reduzir e, consequentemente, o número de crianças e adultos doentes também começa a cair. Mas, automaticamente, eu posso ter outras doenças que venham a surgir no decorrer do ano, então a gente mantém a vigilância, ao mesmo instante em que a gente precisa do colaboração populacional no sentido de que as pessoas precisam ir até a unidade básica de saúde para atualizar o calendário vacinal”.
ENTREVISTA COMPLETA COM DR. DILBERY
DIÁRIO DO SERTÃO
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