Vírus da gripe H3N2 que virou surto nos EUA já matou mais de 10 pessoas no Brasil este ano
Só nos Estados Unidos, o mesmo vírus infectou mais de 47 mil pessoas e provocou diversas mortes; especialista fala como se prevenir da gripe
Sintomas como febre, dificuldade para respirar e tosse intensa são comuns em crianças no outono, devido à diminuição da umidade do ar, ao aumento da concentração de poluentes, e às variações de temperatura ao longo do dia. E isso não acontece só por aqui. Um estudo recente realizado na Universidade de Ciências e Tecnologia, na Noruega, com 161 alunos da educação infantil, revelou que 43% deles apresentavam pelo menos um vírus no seu sistema respiratório nesta época. “Os resultados podem ser transportados para o Brasil, onde há um aumento de cerca de 50% nesse tipo de caso durante esses meses”, diz a Dra. Talita Rizzini, coordenadora da Pediatria da Unidade Liberdade do Hospital Leforte.
Neste ano, em especial, o que tem chamado a atenção dos especialistas é um surto de bronquiolite. Os sintomas da doença, que acomete crianças dos 6 meses aos 3 anos, são muito parecidos com os de uma gripe: tosse seca, coriza, falta de ar e febre. A grande diferença dessa inflamação, que atinge os bronquíolos, é deixar o paciente muito cansado. Se não for bem tratada, precisa de internação em UTI em 50% dos casos. O problema é mais arriscado em prematuros ou em quem já tem doenças respiratórias, como bronquite e asma, por exemplo. O mal, que costuma durar 7 dias, é transmitido por vírus, na maioria dos casos o sincicial respiratório, conhecido como VSR, facilmente passado de pessoa para pessoa. Tomar cuidado com ambientes fechados, lavar sempre as mãos, usar álcool em gel e evitar o contato com indivíduos doentes são atitudes importantes para diminuir as chances de contaminação, que pode levar a complicações sérias como pneumonia. Inclusive, essa é a enfermidade campeã de internações e a terceira que mais mata, ficando atrás apenas do AVC e do infarto. A pneumonia pode ser provocada por bactérias, vírus, fungos e protozoários, mas o grande vilão é uma bactéria chamada Streptococcus pneumoniae, ou pneumococo, responsável por três em cada dez casos. A boa notícia é que existe uma vacina contra ele, a pneumocócica.
Quando o assunto é gripe, o micro-organismo que ganhou destaque este ano foi o H3N2, uma versão que não é nova, mas nos últimos meses infectou muita gente nos Estados Unidos e já fez vítimas por aqui. Por essa razão, a vacina da gripe de 2018 também oferece proteção contra esse vírus. “É por causa dessa variação que a prevenção é tão importante, e precisamos tomar novas doses anualmente”, explica a Dra. Talita. Outro detalhe importante em relação à doença é que existem diferenças entre as vacinas oferecidas pela rede pública e a privada. No primeiro caso, a disponível é a trivalente, que contém duas versões do influenza (o vírus que provoca a gripe) do subtipo A: o H1N1, e o H3N2, e um do subtipo B. Já a segunda, chamada de tetravalente, oferece ainda a proteção contra mais uma versão do subtipo B.
Outras razões para procurar um hospital
Mas não é apenas esse tipo de problema que faz com que familiares aflitos levem seus filhos para uma avaliação especializada. Vômitos, diarreias, alergias e acidentes domésticos, como quedas, queimaduras
e intoxicações, também estão entre os principais itens. E os pais estão corretos em procurar um médico, pois é essencial que a criança passe por uma análise detalhada e receba o tratamento adequado o quanto antes. “Crianças são mais vulneráveis”, afirma Dra. Franciane Benica, oncologista pediátrica do Hospital Leforte. Esses cuidados são ainda mais importantes diante de sinais como dificuldade respiratória, cansaço extremo, diarreia com vários episódios por dia, febre com mais de 48 horas e vômito. O zelo deve ser redobrado entre os pacientes com menos de 1 ano, cuja imunidade é mais delicada, e crianças que apresentaram mudanças de comportamento, vômito e sonolência após uma queda. “A parceria entre a família e os profissionais é primordial para o sucesso do tratamento”, afirma Dra. Talita.
Casos no Brasil
Ainda não é possível afirmar que a incidência no H3N2 por aqui será igual ao que ocorreu nos EUA. “Não podemos falar que vamos ter [o H3N2] exatamente da mesma maneira [no Brasil], lembrando que há um inverno muito mais intenso na América do Norte. Estamos em um país tropical, ainda não esfriou, mas estamos em mundo globalizado”, ressalta.
Segundo Regiane, a vigilância epidemiológica dos estados e municípios e também o Ministério da Saúde usam como referência o que ocorreu no hemisfério Norte. “Durante 2014 e 2015 houve incidência do H1N1 e isso se manteve durante o ano de 2017. Agora, em 2018, também temos o H3N2, que está circulando nesse momento pelo estado de São Paulo e no Brasil”.
Para a diretora, apesar disso não há nenhuma mudança significativa na incidência do vírus H3N2 no Brasil. “Ao compararmos os boletins epidemiológicos do ano passado com os dados desse ano, no estado de São Paulo, eles estão muito semelhantes”, e que a Vigilância Epidemiológica está monitorando os dados, “nesse momento estamos monitorando como está a circulação desse vírus no estado”, acrescentou.
Como fazer a prevenção?
O método mais eficaz de evitar o aumento de casos da doença é a imunização contra o contra o vírus da gripe. “A vacina já vem com uma composição que abrange esses tipos de life vírus [vírus vivo] que são específicos para a imunização, a vacina já tem o H1N1, o H3N2 e tem também influenza B”.
Ainda não há uma data oficial emitida pelo Ministério da Saúde sobre o início da campanha nacional de vacinação , mas segundo a assessoria de imprensa da pasta, deve ocorrer entre abril e maio.
Idosos acima de 60 anos, crianças com mais de 6 meses e menores de 5 anos, gestantes, mulheres até 45 dias após o parto, trabalhadores de saúde, povos indígenas, portadores de doenças crônicas e professores da rede pública e particular serão convocados para receber as doses.
Além disso, adotar as mesmas medidas de prevenção usadas para evitar os outros tipos de gripe também são válidas. “É seguir a etiqueta respiratória: colocar sempre o braço para tossir e/ou espirrar nas pessoas (porque ao tossir/espirrar nas mãos a pessoa pode tocar em superfícies e passar o vírus), fazer a lavagem das mãos, evitar locais fechados, principalmente população de risco e, aos primeiros sinais de sintomas, procurar um médico”, destacou biomédica.
Fonte: Estadão com Agência Brasil - http://patrocinados.estadao.com.br/leforte/entenda-as-diferencas-entre-o-virus-da-gripe-h3n2-e-as-doencas-respiratorias-virais/
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