Jovem da região de Cajazeiras integra equipe que pesquisa tratamento revolucionário para depressão
Rodolfo explica que o seu estudo, orientado pela Professora Drª. Nicole, com o cortisol, se baseia na identificação de determinadas substâncias na saliva.
Rodolfo Aragão de Lira é natural de Uiraúna, região de Cajazeiras e integra grupo de pesquisadores vinculados ao instituto do cérebro (ICe) e Hospital Universitário Onofre Lopes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Seu projeto envolve a validação de referências biológicas para o diagnóstico da depressão, como cortisol (Hormônio do estresse) e o BDNF (Brain Derived Neuronal Factor – neurotrofina associada com a neurogênese e plasticidade neuronal), bem como o efeito da Ayahuasca (Potencial antidepressivo), sobre esses agentes.
Rodolfo explica que o seu estudo, orientado pela Professora Drª. Nicole Leite Galvão Coelho, com o cortisol, se baseia na identificação de determinados padrões da substância na saliva. Com isso, anteciparíamos, simplificaríamos e aumentaríamos a confiança do diagnóstico, por um mecanismo de baixo custo, de fácil acesso (saliva) e totalmente não invasivo. Também com a realização do diagnóstico precoce para depressão, diminuíramos o tempo de sofrimento do doente, e de acordo com evidências científicas, reduziríamos o tempo de evolução da doença. Já com o BDNF, as identificações desses padrões seriam feitas por meio do plasma ou soro sanguíneo, que possui alta correlação com os níveis da substância no sistema nervoso central. A relevância, nesse caso, além de sugerir precocemente a patologia, seria no auxílio para entender como esse fator neurotrófico atua na depressão e usá-lo direcionadamente para a terapêutica da doença. Com a Ayahuasca, ele busca investigar a capacidade do chá agir modulando o cortisol e o BDNF para utilizá-lo como futuro medicamento.
IMG_20160508_195749A equipe é coordenada pelo Prof. Dr. Dráulio Barros de Araújo, e é constituída por 23 pesquisadores que desenvolvem, desde 2012, pesquisa pioneira sobre o potencial antidepressivo do chá da Ayahuasca.
Esse chá é derivado de duas plantas da Amazônia: a Banisteriops Caapi e a Psichotria viridis. A Ayahuasca tem sido utilizada há muito tempo por populações indígenas da Amazônia. A partir de 1930, seu uso se expandiu para centros urbanos, pela criação de organizações religiosas como a Barquinha, o Santo Daime, e a União do Vegetal (UDV). Atualmente, se observa expansão significativa em diferentes partes do mundo.
A substância é preparada pela decocção (cozimento por longo tempo) das folhas da P. viridis com a casca da B Caapi. A primeira é rica em N,N dimetitriptamina (N,N DMT), agonista da serotonina, com propriedades alucinógenas. A segunda planta é rica em beta carbolinas, inibidoras da monoamina oxidase, enzima responsável pela degradação de monoaminas, como neurotransmissores envolvidos na depressão (serotonina, dopamina e noradrenalina).
A pesquisa tem dois objetivos: entender melhor as causas biológicas da depressão e avaliar os efeitos antidepressivos da Ayahuasca, tendo em vista que os antidepressivos convencionais atuais estão voltados à regulação de um ou de vários neurotransmissores, como serotonina, dopamina e noradrenalina, envolvidos com a depressão. Isso limita bastante a terapêutica, tendo em vista que a fundamentação científica aponta para o caráter multifatorial dessa doença, com complexa interação genética, hormonal, neuroimunologica e metabólica.
Dráulio Araújo explica que a depressão é uma doença de alta prevalência, tratando-se de um problema de saúde pública. Estima-se que até 2020 essa doença será a mais incapacitante do mundo, segundo a OMS. Por outro lado, os tratamentos atuais com antidepressivos tradicionais possuem eficiência limitada. Frente a isso, existe espaço para o desenvolvimento de drogas mais efetivas. Além disso, o grupo de pesquisa do ICe procura auxiliar no diagnóstico dessa síndrome, a partir de referências biológicas específicas: atualmente o diagnóstico é realizado exclusivamente por avaliação clínica, feita por médicos psiquiatras. Evidências científicas sugerem mudanças específicas durante a presença de efeitos depressivos, como a modulação hormonal do cortisol, hormônio do estresse, e modulação neuroimunologica, entre outras.
Pesquisas recentes sugerem que essa substância é bem tolerada por pacientes, além de não estar associada a efeitos severos, como a presença de surtos psicóticos e de pânico. O principal efeito encontrado é a presença de náusea, que muitas vezes leva ao vômito. Além disso, nossos resultados preliminares sugerem benefício terapêutico já nas primeiras horas pós ingesta. Porém, nesses primeiros trabalhos o efeito placebo não foi controlado. Face a essa limitação importante, estamos realizando estudo duplo-cego com controle de placebo. Nessa nova fase pretendemos confirmar os efeitos antidepressivos da Ayahuasca, e avaliar se sua eficácia supera os efeitos ligados a expectativa e sugestão (placebo), bastante comuns na depressão.
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DIÁRIO DO SERTÃO com Assessoria
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