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Dom José Gonzales fala sobre o verdadeiro sentido da Semana Santa

Segundo o religioso este período é de reflexão e oração

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30/03/2010 às 20h04

src=https://www.diariodosertao.com.br/artigos/sendtmp/20090226083338/destaque/bispo.jpgO Bispo de Cajazeiras, Dom José González Alonso prestou entrevista ao Portal “Diário do Sertão”, onde ele aborda o verdadeiro sentido da Semana Santa e da Páscoa do Senhor Jesus Cristo. O Presbítero também destaca sobre os principais acontecimentos referentes à este período de reflexão e oração, ressaltando o compromisso e o respeito que todos os cristãos devem ter neste momento de fé e religiosidade na paixão, morte e ressurreição de Cristo.

Diário do Sertão: Dom José, qual a programação religiosa elaborada com relação ao período da Semana Santa na Diocese de Cajazeiras?

Dom José González:
A Igreja realiza tradicionalmente as celebrações litúrgicas que se fazem presentes com relação ao que aconteceu com Jesus em seu tempo. Além das celebrações litúrgicas que agora indicaremos, temos as devocionais, ou seja, aquelas que pela tradição nós fazemos para se referir ao Cristo, especialmente em seu sofrimento, a exemplo das Vias Sacras, ou a procissão do Senhor Morto. Ainda existem em alguns lugares algumas celebrações culturais como o teatro que representam a Paixão do Senhor. Naturalmente as mais importantes são as celebrações litúrgicas, que são organizadas na Igreja, e presididas, ou pelo bispo, ou pelos padres. Segundo as suas necessidades, cada Paróquia tem a sua programação e a oportunidade para melhor participação do povo em cada comunidade. Eu espero que os meios de comunicação recordem e reforcem a cada dia, para que todos os fiéis participem da Semana Santa.

Diário do Sertão: Como é celebrada a Semana Santa pelos católicos?

Dom José González:
A Semana Santa começa no Domingo de Ramos, com a procissão de Ramos, que recorda a entrada de Jesus em Jerusalém, e segue com o que a Igreja chama de Trio Pascal, que se inicia na quinta-feira santa, e termina no sábado de aleluia, que significa os três principais momentos da vida de Jesus Cristo: paixão, morte e ressurreição. Na quinta-feira, na Catedral, nós teremos esta celebração às 19:00, e depois a adoração da Eucaristia. Em outras Paróquias como na Matriz de Fátima, essa Missa será mais cedo, a partir das 17:30 da tarde. Na Sagrada Família a Missa da Ceia será às 16:00 horas. Na Paróquia de São João Bosco, na Capela de Nossa Senhora dos Remédios, e na Paróquia de São José Operário, a Missa da Ceia será às 19:00 da noite. Na Agrovila e Capela de Santo Antônio, será às 17:00 horas. Eu ainda quero recordar que nesta missa da Ceia do Senhor, além da instituição da Eucaristia, celebraremos também a instituição do sacerdócio. Nós que somos católicos devemos participar de toda a programação da Semana Santa, e sentir os acontecimentos da vida de Jesus, cada um em sua comunidade. Vamos valorizar esta semana como fiéis católicos que somos.Há uma celebração que só acontece na Igreja Catedral Nossa Senhora da Piedade, também na quinta-feira santa, que é a Missa da Benção dos Santos Olhos, que será às 8:30 da manhã, e terá a minha presença, juntamente com todos os padres da Diocese, que representarão todas as paróquias.

Diário do Sertão: Como é comemorada a Sexta-Feira da Paixão pelos católicos?

Dom José González: A sexta-feira é o dia em que se comemora a Paixão e Morte de Jesus, por isso temos os atos litúrgicos mais ou menos na mesma hora em que Jesus morreu na cruz, no começo da tarde. Em algumas paróquias 15:00 horas, em outras, às 16:00. É importante que cada um procure saber na sua comunidade o horário certo. Na Catedral começará às 16:00 horas da tarde. Teremos também o ofício da Paixão e Morte do Senhor com as leituras bíblicas, especialmente a narração do Evangelho, que nos conta toda a história da Paixão de Cristo e sua morte. Logo depois, na própria Igreja, teremos um belo gesto de fé, que é a veneração à cruz, porque a cruz se torna pela morte de Cristo um sinal de salvação. Então nesse dia, somos todos convidados a fazer um gesto de adoração à cruz, no entanto não ao objeto material, mas pelo Cristo que morreu por nós. Logo após este gesto de adoração, haverá o momento da comunhão para aqueles que estejam preparados, e a seguir, teremos a grande procissão, com o Senhor Morto, na qual participarão também as outras paróquias. Os ofícios da Paixão e morte do senhor serão celebrados em cada comunidade, mas terminando, chegarão à Catedral, onde iniciaremos a procissão, com a imagem do Senhor Morto, que é um gesto devocional, e este é um sinal de fé, pois iremos testemunhar de que somos cristãos, e iremos acompanhar Jesus neste momento em que recordamos sua morte. Nós sabemos que Jesus está vivo, que ressuscitou e assim celebraremos a Páscoa do Senhor. Em muitas paróquias pela manhã será celebrada a Via Sacra, que é uma devoção fundamentada na Bíblia, e especialmente, no Evangelho da Paixão do Senhor, onde são destacados os seus momentos de sofrimento desde a oração no horto das oliveiras até sua morte na cruz. Convidamos à todos para participar desta procissão e dos atos litúrgicos, neste período de fé para todos os católicos.

Diário do Sertão: Como é celebrado o sábado de aleluia, em que o Cristo ressuscitou?

Dom José González: O sábado é um momento de silêncio e meditação, junto ao sepulcro de Jesus, mas à noite na Vigília Pascal, que será celebrada em diferentes horários, entre oito e dez horas da noite em cada paróquia, e recordará a história da salvação, e por fim celebraremos a missa da ressurreição do Senhor.

Diário do Sertão: Com relação ao jejum, é pecado não jejuar? E qual o dia ideal para os católicos jejuarem?

Dom José González:
Quando uma família está passando por um momento de dor e sofrimento, às vezes com uma pessoa querida que está doente no hospital, ou com um familiar que está prestes à morrer, é claro que não irá se fazer festa, ou um banquete. A família irá se alimentar somente com o necessário para manter-se, mas o importante é ficar ao lado da pessoa que está sofrendo. O mesmo acontece com a Igreja, que deseja que nesses dias nos unamos ao Cristo sofredor, não somente ao Cristo histórico que realmente sofreu, morreu e ressuscitou, mas ao Cristo presente em nossos irmãos. Quantos irmãos nossos continuam sofrendo, e carregando a cruz da doença, do desprezo, da pobreza, da marginalização, então nós devemos nos unirmos à estes irmãos sofredores. A Igreja tem tradicionalmente um gesto para nos unirmos ao Cristo sofredor, que é o gesto da abstinência e do jejum. O verdadeiro jejum e abstinência é a penitência interior. Assim como disse o profeta: “Rasgai os vossos corações, arrependei-vos, convertei-vos, e não somente atos externos”. Entretanto, ao fazermos um ato externo de jejum e abstinência estaremos dando sentido à Semana Santa.

Diário do Sertão: Porque na Semana Santa não se pode comer carne?


Dom José González:
Tradicionalmente a carne era um alimento de luxo, pois nem todos podiam comê-la todos os dias. Então por este motivo a Igreja dizia aos fiéis que estes não podiam comer este alimento. Mas hoje talvez o alimento de luxo é o bacalhau, ou outras comidas, então

há muitas pessoas que na Semana Santa, especialmente na sexta-feira preparam uma mesa farta, ou seja, isso não é jejum, pois as pessoas deveriam ser mais humildes e comer menos. As pessoas preparam um banquete, e isso não é abstinência, não é jejum. Porque em vez das pessoas comerem bacalhau, não comem sardinha, e preparam-na de forma humilde? E este dinheiro que economizou, já faz uma caridade, como comprar comida para os pobres, por exemplo, pois esse é que é o verdadeiro sentido. Especialmente na sexta-feira santa é importante que as pessoas se unam exteriormente, ao sofrimento de Cristo, no jejum e na abstinência, ou seja, comer menos, em respeito à Paixão de Cristo. Sendo assim, na quinta-feira santa podemos comer qualquer coisa, inclusive carne. É importante que a sexta-feira seja um dia de penitência, pois comer carne não se trata de pecado, mas o mais importante é nos unirmos ao Cristo sofredor, e aos irmãos que passam fome, praticando caridade, pois essa é a verdadeira penitência.

Diário do Sertão: Com relação à bebida, muitas pessoas tomam vinho durante o período da Semana Santa, e se alguém quiser tomar uma outra bebida, é pecado?

Dom José González: Nós não devemos orientar a vida pelo que é ou não é pecado, mas dar sentido às coisas. Então o vinho se relaciona com a ceia pascal, pois naquela ceia Jesus toma o cálice com vinho e o consagra, o que se torna seu sangue. Nós na missa consagramos o pão e o vinho, e comungamos o corpo e o sangue de Cristo, mas isso não quer dizer que tenhamos que tomar vinho durante todo o dia, em excesso, pois eu peço à todos que tenham moderação, tanto com a comida, como com o vinho. È importante que as pessoas tenham respeito, e não fiquem bebendo em botequins, bares ou restaurantes, pois se quiserem tomar vinho, que façam em casa e com moderação, pois as pessoas que se embriagam durante a semana santa, estão sendo anti-cristãs e desrespeitosas com este período. Esses dias não são de bebedeira, são dias de reflexão e oração, de participar dos atos religiosos e conversão. Então como cristãos que somos, vamos viver santamente e respeitosamente a Semana Santa. Feliz Páscoa à todos!

Escute a entrevista:


RAQUEL ALEXANDRE
Da Redação do Diário do Sertão
Com reportagem de F.Dunga da Rádio Oeste da PB

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