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PRIMEIRA COMUNHÃO: Padre diz: Com 7 anos criança não está preparada

Para o padre Manoel Marques, de 60% a 70% das crianças que chegam para ele fazer a Confissão, não têm maturidade suficiente para entender o que é pecado.

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09/09/2010 às 15h04

Um ritual de passagem para os católicos, a Primeira Comunhão é o sacramento de iniciação cristã em que crianças com idade média de 10 anos adquirem o direito de receber o corpo e o sangue de Jesus Cristo. É o momento nas missas em que o pão (a hóstia) e o vinho se tornam “alimento”, presença de Jesus, durante a consagração.

Para terem direito à Primeira Eucaristia, os pequenos precisam passar pela catequese, uma preparação que dura dois anos e atualmente se inicia aos 8 anos.

Antes da Primeira Comunhão, meninos e meninas passam por outro sacramento – o da Confissão – em que os pequenos cristãos confessam seus pecados a um padre. Para muitos religiosos, a idade de 10 anos é precoce para a iniciação cristã. No entanto, o Vaticano está propondo que crianças passem a receber a Primeira Eucaristia a partir dos 7 anos. Mas será que elas estão preparadas para estudar a catequese, confessar seus pecados e comungar antes dos 10 anos?

Para o padre Manoel Marques, que acompanha crianças de todas as classes sociais, em João Pessoa e Cabedelo, de 60% a 70% dos meninos e meninas que chegam para ele fazer a Confissão dias antes de receberem a Primeira Eucaristia, não têm maturidade suficiente para entender a noção exata do que é pecado.
“Percebo muita imaturidade em relação à confissão. A maioria das crianças tem 10 anos e não sabe o que falar e nem o que confessar. Então, aos 7 anos, é mais complicado ainda”, afirmou o religioso.

Minoria
Segundo o padre Manoel Marques, crianças como Ana Flávia e Yann são minoria, porque de 80% a 90% dos meninos e meninas que fazem a Primeira Comunhão não participam das missas frequentemente. “A minha preocupação é em relação à maturidade para o sacramento da Confissão e o sacramento da Eucaristia. Será que reduzir a idade não é algo impositivo? Até que ponto fazer a Primeira Eucaristia não é um ato de imposição? Com 10 anos, a maturidade ainda está muito a desejar. Imagina aos 7 anos!”, questionou.

Depois da Eucaristia, só 30% vão à missa
Apenas cerca de 30% das crianças que fazem a Primeira Comunhão continuam participando das missas e da Eucaristia, segundo o padre Manoel Marques, que dá a Primeira Comunhão, por ano, a aproximadamente 150 crianças de várias classes sociais, na Capela do Instituto João XXIII, no Santuário Mãe Rainha, no Bessa e no Renascer, em Cabedelo.

“Em média, 70% das crianças que fazem a Primeira Eucaristia não voltam à Igreja para participar das missas e nem recebem a Crisma, não se interessam e nem procuram. Das crianças que fazem a Primeira Comunhão, 90% só voltam a se confessar na Crisma, depois de cinco anos. Isso acontece por falta de orientação dos professores, catequistas e por falta de interesse das crianças e, principalmente, dos pais, que não incentivam os filhos”, afirmou o padre Manoel Marques.

Paraíba é 3º em católicos
Os dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/Censo 2000) mostram que a Paraíba é o 3º Estado do País com maior percentual de católicos declarados (84,89%). A frente da Paraíba só estão os Estados do Ceará (86,55%) e Piauí (89,83%), que lidera o ranking nacional. Mas a religião católica perdeu 42,5 mil fiéis de 1991 para 2000, segundo o IBGE.

Desafio é evangelizar pais
Para o padre José Carlos Serafim, o maior desafio atualmente é evangelizar os pais, para que possa haver dentro das famílias mais amor e solidariedade e, com isso, reduzir a violência na sociedade, inclusive contra as crianças. Para ele, com a formação dos pais, a sociedade terá no futuro adultos menos violentos. Ele concorda que apenas 30% das crianças que fazem a Primeira Comunhão voltam à Igreja para fazer a Crisma, por falta de incentivo da própria família.

DIÁRIO DO SERTÃO com Correio da Paraíba

 

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