VÍDEO: Sociedade mudou, mas o machismo histórico é o que mais ‘alimenta’ feminicídios, lamenta advogado
Mais um brutal feminicídio, dessa vez ocorrido em Bonito de Santa Fé, traz à tona a preocupação com a quantidade de ocorrências de violência contra mulheres no Sertão da Paraíba
Mais um brutal feminicídio, dessa vez ocorrido em Bonito de Santa Fé, traz à tona a preocupação com a quantidade de ocorrências de violência contra mulheres no Sertão da Paraíba. Para se ter uma ideia, dos cinco feminicídios ocorridos no estado em 2024, três foram no Sertão, nas cidades de Paulista, Marizópolis e Bonito de Santa Fé. Os outros dois casos se deram em João Pessoa e em Itapororoca.
Na noite dessa terça-feira (05), um trabalho conjunto entre as polícias Militar e Civil e o Poder Judiciário resultou na prisão do eletricista Francisco Dunga Sousa, de 50 anos, acusado de assassinar a ex-namorada Raissa Raiara, de 30 anos, em Bonito de Santa Fé, na tarde do último sábado.
Inconformado com o fim do relacionamento, Francisco viajou de João Pessoa até Bonito para matar Raissa. O crime aconteceu no posto de combustíveis onde ela trabalhava como frentista.
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Feminicídio – homicídio praticado em função da vítima ser mulher – é uma das consequências extremas do machismo histórico, lembra o advogado Valdeci Filho no programa Olho Vivo. “Se a gente trouxer esse contexto histórico, a gente vai entender um pouco, ao longo dos anos, o que realmente faz com que o machismo seja o precursor, o que mais alimenta – é óbvio – esses crimes”, diz o advogado.
A 10ª edição da Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, feita pelo Instituto DataSenado em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência (OMV), constatou que 27% das mulheres da Paraíba já sofreram algum tipo de violência doméstica ou familiar provocada por um homem e 63% afirmam que uma amiga, familiar ou conhecida já sofreu algum tipo de violência doméstica ou familiar. Dentre elas, 20% sofreram violência nos últimos 12 meses
O advogado Valdeci Filho corrobora com a apresentadora Priscila Tavares no que diz respeiro à importância de educar os mais jovens para que as próximas gerações sejam cada vez menos machistas e misógenas. “Nos resta, digamos, a título de preservar para o futuro, a educação dos nossos pequenos, e as autoridades o quanto mais enérgicas.”
A mesma pesquisa do DataSenado mostra que, em relação ao tipo de violência sofrida, a mais recorrente é a violência psicológica, declarada por 87% das mulheres da Paraíba, seguida pelas violências moral (77%) e física (75%).
Valdeci Filho alerta as mulheres para que observem sinais que indicam que o homem é violento, como, por exemplo, tentativas de restrição de comportamento e imposições. No caso de Bonito de Santa Fé, a vítima mandou áudios para uma amiga relatando o comportamento controlador do ex-namorado. Raissa chega a dizer que estava ‘em estado de enlouquecer’.
“São sinais de que a mulher deve, sim, procurar as autoridades. Inclusive, recentemente foi dado maior crédito ao depoimento da mulher de forma a protegê-la. Então, tem sim que procurar a Delegacia da Mulher ou a delegacia da sua cidade, reportar o fato aos familiares para que evite essas questões de crimes”, alerta o advogado, que acrescenta:
“É essa macharada se adequar aos novos tempos, é a macharada entender que o corpo da mulher a ela pertence, não a ele para fazer uso seja de que forma for. Ainda nos relacionamentos em que são casados, há ocorrências de estupro, onde a mulher é dona do seu corpo e o homem, ao bel-prazer, seja por embriaguez ou mera arrogância, acha que pode dispor do corpo da mulher. É preciso que se entenda que a sociedade mudou, que a forma de pensar mudou; essa forma de pensar, inclusive, deveria existir há mais tempo para que não houvesse ocorrências.”
DIÁRIO DO SERTÃO
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