Enfermeira Rafaela Lima conta que negou as agressões do ex-marido em 2022 porque tinha medo
A enfermeira de 32 anos falou pela primeira vez sobre as agressões que sofreu do seu ex-marido em 2022, no condomínio onde o casal morava em João Pessoa
Em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, a enfermeira Rafaela Lima, de 32 anos, falou pela primeira vez sobre as agressões que sofreu do seu ex-marido, o médico João Paulo Souto Casado, de 41 anos, em 2022, no condomínio onde o casal morava em João Pessoa.
Rafaela admite que na época da primeira denúncia contra o médico, feita pelo condomínio, ela negou as agressões porque tinha medo. “Queriam saber se eu estava passando por algo. Mas eu neguei tudo, disse que estava tudo bem, que nada tinha acontecido e segurei isso até o fim”, ela conta.
“Porque eu tinha medo de denunciar e passar, justamente, pelo que eu estou passando agora. Eu sabia que ele era o elo forte e que eu precisava das provas, que minha palavra contra a dele em qualquer lugar… Se hoje as pessoas veem os vídeos, têm acesso, elas ainda falam de mim, imagina só eu dizendo”, ela acrescenta.
Rafaela diz ainda que as agressões físicas ocorriam, em média, uma vez ao ano e por motivos fúteis, como por exemplo o simples fato de não concordar com a opinião dele. Depois, segundo ela, o médico pedia desculpas ou o casal apenas ficava em silêncio.
“Ele sempre dizia, debochava, que nada ia acontecer com ele. ‘No máximo pagar uma fiança, no máximo vai acontecer isso, minha vida vai seguir normal, a sua é que acaba porque você vai voltar a ser enfermeira. Você vai arranjar emprego aonde? Porque as pessoas não vão lhe ajudar por minha causa'”, ela relata.
Quando casou com João Paulo, Rafaela deixou o trabalho de enfermeira para estudar Medicina bancada por ele. Foi aí que, segundo ela, começou um “ciclo vicioso” na relação.
“Eu me deixei levar pela emoção, pelo sentimento, pela dependência financeira que eu tinha dele. Ele tomou as rédeas da minha vida e eu não consegui pegar de volta”, ela fala.
A delegada geral adjunta da Polícia Civil da Paraíba, Cassandra Duarte, disse que a nova delegada do caso tentou ouvir o médico, mas ele ficou em silêncio acompanhado do advogado.
O caso
O médico João Paulo Souto Casado passou a ser investigado por agressão à ex-companheira depois que imagens divulgadas pelo site Paraíba Feminina circularam nas redes sociais mostrando ele aplicando socos, empurrões e puxões de cabelo na ex-mulher em duas diferentes ocasiões.
Gravado em abril de 2022, um dos vídeos mostra quando João Paulo está em um elevador com Rafaela e com uma criança que é filho dele, de outro relacionamento. Nas imagens é possível ver quando ele puxa o cabelo de Rafaela e a empurra várias vezes contra a parede. Já em outro vídeo, de setembro de 2022, a vítima é agredida com socos dentro de um carro.
Afastado
Após a divulgação das imagens nas redes sociais, a Secretaria de Saúde de João Pessoa publicou no Diário Oficial a exoneração de João Paulo do cargo de diretor técnico do Complexo Hospitalar de Mangabeira (Trauminha). Já o Corpo de Bombeiros informou que um procedimento interno será instaurado para investigar a conduta do médico, que também é bombeiro militar.
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) afastou João Paulo das funções no Grupo de Resgate Aeromédico do Corpo de Bombeiros (Grame) e no Hospital de Emergência e Trauma da capital.
Pedido de desculpas
No último dia 11, João Paulo gravou e compartilhou um vídeo pedindo desculpas à ex-companheira e a todas as mulheres pelas agressões. Ele diz que estava “sob estresse tremendo” no trabalho e que reagiu “de forma errônea” a um momento de discussão. “Acreditei que já tinha sido perdoado, porque depois do fato ocorrido, a gente reatou o nosso relacionamento, passamos mais de um ano juntos, tivemos bons momentos. Mas, enfim, está aí, os vídeos estão para vocês verem e é isso. Eu queria pedir perdão, queria demonstrar que eu estou arrependido e que eu estou aqui para contribuir com a Justiça para que eu possa pagar por ela”, ele diz no vídeo.
Versões no programa Fantástico
Em entrevista ao Fantástico no último domingo, o advogado Aécio Farias, que defende João Paulo no caso, alega que o médico reagiu daquela forma porque Rafaela teria maltratado verbalmente o filho dele. Rafaela, também no programa Fantástico, negou essa versão e disse que as violência dele ocorria por motivo fútil.
Como denunciar casos de violência contra a mulher
197 (Disque Denúncia da Polícia Civil)
180 (Central de Atendimento à Mulher)
190 (Disque Denúncia da Polícia Militar – em casos de emergência)
Além disso, na Paraíba o aplicativo SOS Mulher PB está disponível para celulares com sistemas operacionais Android e iOS e tem diversos recursos, como a denúncia via telefone pelo 180, por formulário e e-mail.
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