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Setembro Amarelo: Governo do Estado realiza mesa redonda sobre suicídio

Durante a realização da mesa, foram expostos dados sobre suicídio e como lidar com esse paciente. Em seguida, houve um debate, com a realização de perguntas da plateia.

Por Priscila Belmont

20/09/2016 às 06h00 • atualizado em 20/09/2016 às 09h17

Campanha do Setembro Amarelo

Como parte da Campanha Setembro Amarelo, o Governo do Estado, por meio da Coordenação Estadual de Saúde Mental da Secretaria de Estado da Saúde, realizou, na manhã desta segunda-feira (19), no auditório de Centro Formador de Recursos Humanos da Paraíba (Cefor-PB), a mesa redonda “Suicídio: Cessar a dor e não a vida”. Participaram da mesa o médico residente em Psiquiatria, Gilberto Diniz; o psicólogo da Coordenação Estadual de Saúde Mental, Lucílvio Silva; a porta-voz do Centro de Valorização da Vida (CVV), Aparecida Melo; o psicólogo e professor Aluízio Lopes de Brito, e a jornalista e ex-usuária do serviço de saúde mental, Renata Maia.

Durante a realização da mesa, foram expostos dados sobre suicídio e como lidar com esse paciente. Em seguida, houve um debate, com a realização de perguntas da plateia. “A campanha Setembro Amarelo acontece desde 2014, porém esse é o primeiro ano de sua realização aqui na Paraíba, por isso decidimos fazer essa mesa, como maneira de alertar aos profissionais de saúde e população em geral para os sintomas de um possível suicida, pois é possível evitar, sim, que uma pessoa tire a sua vida, por meio de todo um cuidado e atenção especial. É importante estar aberto pra conversar, dialogar, e nós temos uma rede de serviços que podem estar dando esse suporte e escuta ao usuário”, disse a coordenadora estadual de Saúde Mental, Shirlene Queiroz.

O médico residente em Psiquiatria, Gilberto Diniz, apresentou números preocupantes. Segundo ele, a cada três segundos uma pessoa tenta suicídio no mundo, e a cada quatro segundos uma pessoa consegue. O médico ressaltou a importância da abordagem do profissional de saúde para evitar o suicídio. “No Brasil são notificados diariamente 25 suicídios, mas estima-se que o número seja ainda maior. É importante que no primeiro contato que o profissional tenha com o paciente que pensando em tirar sua vida ou já tenha tentado, ele sinta-se acolhido, compreendido. O paciente deve ser ouvido, o profissional deve gradualmente ir falando sobre a ideia do suicídio. Devo ressaltar que durante esse acolhimento, o profissional de saúde deve escutar o paciente, dando apoio incondicional, evitando julgamentos e doutrinações, lembrando que quem já tentou suicídio uma vez tem seis vezes mais chances de tentar novamente”, explicou Gilberto Diniz.

O psicólogo e professor Aluízio Lopes de Brito disse que o suicídio é uma doença que se instala associada a outras já instaladas. Segundo ele, é comprovada a relação entre suicídio com depressão e abuso de álcool. “No fundo ninguém quer terminar com sua vida. Na verdade o suicida está tentando desesperadamente por um fim ao sofrimento que sente. Esse paciente se encontra num estado de desespero crônico, onde a vida não tem mais sentido, e nós seres humanos precisamos de sentido pra nossa vida. Por isso é tão sério e imprescindível o trabalho realizado pela Saúde Mental. É preciso estar inteiro para ajudar aqueles que estão em pedaços”, disse Aluízio Lopes.

O momento mais aguardado da manhã foi a fala da jornalista e ex-usuária do Serviço de Saúde Mental do Estado, Renata Maia. Divorciada, mãe de três filhos, diagnosticada como bipolar, viveu mais de dez anos com depressão, agravada pelo suicídio de sua mãe quando ainda era adolescente. “A bipolaridade foi algo que herdei geneticamente da minha mãe. Quando ela se suicidou, aos 42 anos, eu tinha 16 anos e já vinha convivendo há muito tempo com a depressão e bipolaridade dela. Nem lembro quantas vezes tentei suicídio, minha terapeuta diz que foram no mínimo três tentativas. Durante esse tempo eu escrevia para tentar expressar um pouco o que estava dentro de mim, como me sentia. É preciso sim um cuidado e tratamento acolhedor para o paciente nessa situação. Todo cuidado é pouco, pois o suicida é criativo e muitas vezes vê a oportunidade de cessar com sua vida no momento que as pessoas menos esperam”, explicou Renata.

A ex-usuária está lançando um livro de poesias que escreveu durante o período de depressão e tratamento. O livro ‘Minhas asas entre letras’, segundo Renata, pretende ser um passo contra o preconceito com deprimidos ou bipolares. “Na verdade é um livro poético, de autorreflexão, com momentos de altos e baixos, leves e densos, para rir e para se emocionar. O livro mostra que pessoas com transtornos mentais não são loucos e não devem ser excluídos ou escondidos, pois são capazes e precisam apenas de tratamento, afeto e compreensão” concluiu Renata Maia.

Rede de Atenção Psicossocial – Quem precisa de atendimento para transtornos mentais no Sistema Único de Saúde (SUS) pode contar com os Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Nesses estabelecimentos o paciente recebe atendimento próximo da família, assistência médica especializada e todo o cuidado terapêutico conforme o seu quadro de saúde. Quando recomendado pelo médico, o SUS disponibiliza gratuitamente medicamentos que podem auxiliar no tratamento dos pacientes. Para maiores informações, ligar para o Núcleo de Saúde Mental da SES, no telefone 3218-7360.

Secom

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