Clubes querem mudar Copa do Nordeste; Liga resiste e jornalistas se opõem
Entre as propostas, estão: vaga por ranking, redução para 12 participantes, criação de Série B do Nordestão e decisão do certame em pontos corridos e turno único
Mudanças à vista no Nordestão? Redução para 12 participantes, vaga conquistada por ranking, turno único, pontos corridos, Série B… As especulações referentes a prováveis alterações no regulamento da Copa do Nordeste são muitas. Federações de Bahia, Pernambuco e Ceará encabeçam a linha de frente pelas transformações.
As propostas são variadas. Em vez de contar com campeões e vices dos estaduais (além dos terceiros colocados do Baiano e do Pernambucano), teriam vaga na Copa do Nordeste os nove campeões estaduais e os sete melhores colocados no ranking nacional. Com isso, o número de participantes cairia de 20 para 16, e o número de datas de 12 para nove. A competição teria turno único e o campeão seria conhecido em um sistema de pontos corridos. Além disso, há a proposta de criar uma Segunda Divisão da Copa do Nordeste, que daria acesso à elite do torneio.
A grande reclamação dos clubes se deve ao prejuízo financeiro e ao desgaste gerado pelo calendário da competição. Após não conquistar a vaga no Nordestão em 2017, o Alvinegro de Porangabuçu é um dos clubes que apoia as mudanças no regulamento já para o próximo ano. No entanto, alterações já para a próxima temporada são consideradas difíceis de serem concretizadas, segundo a Liga Nordeste, entidade que organiza a competição junto à Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Para avaliar a situação, o GloboEsporte.com conversou com as entidades interessadas no assunto: CBF, Liga Nordeste e clubes, além de escutar a opinião de jornalistas esportivos sobre o processo que está sendo conduzido para as mudanças do regulamento.
Há menos de uma semana, o presidente da Liga do Nordeste, Alexi Portela, afirmou que a alteração no sistema seria inviável neste momento, devido a um contrato entre a CBF, federações da região, clubes e empresa detentora dos direitos de transmissão da competição. Segundo Portela, as regras estabelecidas têm um prazo de 10 anos de duração, seguindo assim, portanto, até 2022.
Através da assessoria de comunicação, a CBF explicou que a própria Liga do Nordeste, parceira na organização, já havia se pronunciado com amplitude, não necessitando resposta por parte da entidade.
Jorge Mota, presidente do Fortaleza, explicou que o clube concorda com algumas das sugestões, mas alertou que há a necessidade de reunião com todos os clubes para que sejam tomadas medidas em consonância com os demais.
– Vamos rever esses critérios para que haja uma eventual modificação? Sim. Mas só para 2018. Tem muitos clubes a serem ouvidos. O Fortaleza concorda com algumas modificações, mas apenas para 2018. Como provavelmente vai ser criada a Série B do Nordestão, não poderiam mais ser 20 clubes, por exemplo. Mas isso não pode ser definido de uma hora para outra. Concordamos com a redução dos clubes, mas ainda não estamos fixados na forma de disputa. Vamos primeiro decidir o número de clubes e só então definiremos uma solução melhor – avaliou o mandatário tricolor.
O Ceará comunicou à reportagem, através da assessoria, que ainda não iria se manifestar oficialmente sobre o caso.
Jornalistas
A opinião dos jornalistas vai de encontro ao processo que está sendo conduzido pelos clubes. Pery Negreiros, editor do caderno Jogada, do Diário do Nordeste, lembra torneios internacionais como a Liga dos Campeões, cujo sistema de disputa quase não sofre alterações ao longo dos anos, o que indica sucesso na fórmula da competição. Ele se mostra contrário a mudanças repentinas em regulamentos.
– Quando uma fórmula funciona, ou seja, tem bom retorno de crítica e audiência, é interessante que ela se mantenha por muitos anos. E, se for receber ajustes, que sejam muito pontuais e se resumam ao estritamente necessário. Veja o exemplo dos torneios mais milionários e bem-sucedidos do planeta: pouco ou quase nada mudam. É o caso da Liga dos Campeões. É o caso também da Copa do Mundo. São fórmulas simples, fáceis para qualquer neófito acompanhar. Ou seja, além de tudo, ainda facilitam a chegada de novos fãs. Veja, por outro lado, a Fórmula 1. Todo ano está mudando o regulamento. E, com isso, perdendo mais e mais aficionados. Para mim, a manutenção do formato se resume a uma coisa: credibilidade, algo que tem faltado na concepção dos campeonatos pelo País – analisou.
– Claramente, as federações de Pernambuco, Bahia e Ceará buscam a reformulação na Copa do Nordeste por causa dos recentes casos envolvendo forças tradicionais suas. Nos últimos anos, Fortaleza, Náutico e Vitória ficaram de fora da disputa. Ceará não participará em 2017. Para assegurar representatividade, através das maiores agremiações, os cartolas desses três estados querem fazer valer o ranking para classificá-las. Disso discordo completamente. O critério técnico é o mais justo para uma competição de tiro curto e emocionante como o Nordestão. A reunião de equipes tradicionais, mas também as menores que lutaram para chegar até lá, com seus méritos.
Ele ainda vai além na sua crítica.
– Além do mais, só o fato de PE, BA e CE terem feito isso à parte, já é um grande equívoco. O Regional deu um passo à frente quando passou a contar com representante de todos os nove estados. Uma investida dessa é também desrespeito para com as entidades que respondem por Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Maranhão, Piauí e Paraíba. Parte destas, inclusive, já se manifestou contrária aos interesses do trio – criticou.
GE
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