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Entrevista: Empresário João Claudino fala sobre a situação política do Brasil

Conhecido e respeitado nacionalmente pela sua capacidade empreendedora e visão empresarial, João Claudino concedeu uma entrevista ao Jornal Gazeta do Alto Piranhas, oportunidade em que fala da política partidária, da reforma tributária, dentre outros assuntos. O empresário voltou a descartar a possibilidade de disputar cargos eletivos, alegando que não há como conciliar política partidária com […]

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22/06/2010 às 08h20

Conhecido e respeitado nacionalmente pela sua capacidade empreendedora e visão empresarial, João Claudino concedeu uma entrevista ao Jornal Gazeta do Alto Piranhas, oportunidade em que fala da política partidária, da reforma tributária, dentre outros assuntos. O empresário voltou a descartar a possibilidade de disputar cargos eletivos, alegando que não há como conciliar política partidária com outras atividades.

João Claudino também elogia o governo Maranhão, além de falar dos seus planos de negócios para Cajazeiras e sobre a discriminação do Nordeste.

Gazeta: O senhor já teve alguns parentes próximo envolvidos diretamente na política partidária e já teve o seu nome cotado para disputar cargos eletivos, mas sempre descartou tal possibilidade. O senhor pretende continuar com esta decisão?

João Claudino: Sim. A política é muito difícil. Quando agente já tem uma atividade qualquer, empresarial ou profissional, temos que pensar muito, porque a política é muito egoísta em não dá para juntar com outra coisa. Se você é comerciante, a política não dá certo, se é médico, dificilmente dará certo, ou se é da imprensa também sente dificuldade partidária, pois a política absorve muito, pois ela quer só pra ela, ou seja não tem como você realizar outras atividades. Então, eu acho que se a pessoa tem vocação para uma outra área e gosta de exercer aquilo que faz, eu não aconselho que se misture com política. Mas se você gosta de política, então deixe as outras atividades e vá para a política. Mas é muito difícil, é uma arte muito difícil. Eu admiro as pessoas que têm habilidade para a política.

Gazeta: Qual o conceito que o senhor faz da atividade política no Brasil atual? Decepciona?

João Claudino: Eu acho que esta é uma arte difícil de exercer. Precisa de muito jeito para a coisa. A política atual não me decepciona. No caso dos partidos eu acho que não tem nenhum partido ruim nem bom. Depende dos políticos. Em todos os partidos existem homens de bem, extraordinários e aqueles indesejáveis. Então, há pessoas que decepcionam na política, mas a política não decepciona ninguém.

Gazeta: Alguns setores da classe empresarial têm dito que a Reforma Tributária vai gerar mais impostos. O senhor acredita nessa possibilidade?

João Claudino: Na realidade, o imposto quem paga é o povo. A empresa é a repassadora dos impostos. Então, a defesa que está sendo feita é a favor do povo, porque se houver mais impostos, isso será adicionado à mercadoria e, naturalmente, quem deve pagar é o consumidor. Então, uma reforma tributária como essa, movimenta com muitas coisas, com muitas pessoas, ligada a diversos interesses, é lógico, o que gera novas expectativas. Por isso, que está havendo muita discussão, o que é necessário para que a reforma seja realizada. No Congresso são muitas cabeças a pensar e a dar opiniões, mas tudo deverá chegar a bom termo. Vamos aguardar.

Gazeta: Qual a sua opinião sobre o governo de José Maranhão na Paraíba?

João Claudino: Tem sido um governo surpreendente. Veja bem como eu faço o admiro: o governador que foi eleito vice-governador do saudoso Mariz, o que é muito diferente, já era político pé no chão, já tinha sido deputado várias vezes, mas eu não o conhecia, conhecia de longe porque ele era lá do brejo, não tinha ligação com o sertão, mas eu o conhecia de nome, sabia que era um homem forte e sério, surgindo como vice-governador na chapa do saudoso Mariz, outro homem sério que, infelizmente o destino determinou que ele não pudesse permanecer no governo por muito tempo, passando para as mãos de Maranhão e ele soube conduzir e aglutinar facções políticas em torno do seu governo. Acabou conduzindo a coisa com muita habilidade. Claro que ele teve tropeços pelo meio, mas a habilidade foi tanta que ele chegou que na Paraíba, no pleito passado, parecia que era um só partido no Estado. E, atualmente eu estou vendo ainda tranqüilo , não tem nada em pé de guerra, embora ninguém dos partidos que apóiam o governo queira perder a identidade política. Mas nessa atual administração, Maranhão está conduzindo a Paraíba com sabedoria e a sua gestão tem me causado admiração.

Gazeta: Os cajazeirenses sempre especulam sobre a possibilidade do empresário João Claudino implantar um negócio em Cajazeiras. Há algum projeto nesse sentido em gestação?

João Claudino: Hoje, eu estava num bate-papo muito agradável com cajazeirenses que vibram com Cajazeiras, e vem sempre à tona essa pergunta, porque é muito natural. A gente não pára de querer. Quando digo a gente, me refiro à terra. Eu expliquei que nós saímos daqui e fomos para a região do Maranhão. Não nos divorciamos daqui, absolutamente. Não assumimos nenhum compromisso de que não voltaríamos mais para Cajazeiras, mas nós mantemos nosso comércio lá, ficando aqui uma parcela da família tocando o negócio. As atividades ficaram divididas, cada um no seu setor. Então, nós fomos montando outras empresas, o tempo foi passando e aí já vamos nos preparar para entregar aos meninos e deixar que eles definam pensamentos como esse de ampliar ou montar alguma empresa na Paraíba. O que é certo é que eles são educados no dia-a-dia sabendo que a Paraíba é boa, que nós queremos bem à Paraíba, e que gostaríamos que isso acontecesse no nosso Estado.

Gazeta: Fala-se muito em discriminação do Nordeste. Existe mesmo essa discriminação ou nosso problema é de educação e cultura?

João Claudino: A educação é um dos fatores básicos. Não só no Brasil, mas no mundo. Se nós tivéssemos educação realmente suficiente como em outros países, as coisas andavam mais fáceis. Quanto à discriminação, eu acho que o poder maior do Brasil , o Estado de São Paulo, que tem forças em maiores condições exige mais, porque apresenta o maior número de deputados e tem força de barganha muito maior que o Nordeste. São Paulo tem um número de deputados quase igual ao do Nordeste de alagoas pra cá, então, há um peso maior e poder de exigir mais que o Nordeste. Na política vale que m tem maios número de votos. Como a região sul possui a maioria, possui também maiores privilégios. Mas é importante dizer que temos observado que os parlamentares nordestinos têm arregaçado as mangas e conseguido alguma coisa a mais. Vendo de longe, eu vejo dessa forma. Quem está lá dentro naturalmente vê muito melhor.

Gazeta: O senhor vai continuar ajudando os políticos da região de Cajazeiras

João Claudino: A palavra ajudar foi uma que eu sempre gostei. Até porque acho que mais difícil é uma pessoa pedir do que dar. É muito mais fácil dar. E, quando uma pessoa me procura, eu tenho mais facilidade de atender do que mesmo ir procurar para pedir. Então essa parte de ajudar está em mim mesmo e eu não posso fugir.

Da redação do Diário do Sertão
Com Gazeta do Alto Piranhas

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