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Psiquiatras criticam cena de choques em novela da Globo

Através de comunicado, a Associação Brasileira de Psiquiatria demonstrou insatisfação com a trama

Por Diário do Sertão

25/11/2017 às 09h19 • atualizado em 24/11/2017 às 16h23

Novela da Globo mostra cena de choque

A Associação Brasileira de Psiquiatria reprovou uma cena da novela global ‘O Outro Lado do Paraíso’, em que a personagem Clara (Bianca Bin) é internada em um hospício com um diagnóstico de esquizofrenia e, depois de ser contida por enfermeiros, recebe choques na cabeça. A cena foi ao ar no capítulo de terça-feira (21).

“O folhetim, assinado pelo escritor Walcyr Carrasco, apresenta narrativa estigmatizante e preconceituosa no que concerne ao uso da Eletroconvulsoterapia – ECT, procedimento médico seguro e indicado para tratamento de transtornos psiquiátricos graves que põem em risco a integridade do paciente, os quais não tenham respondido aos medicamentos psiquiátricos.

Na novela, a protagonista é supostamente diagnosticada com uma doença mental grave, como a esquizofrenia que, na ficção, tem seu manejo terapêutico inadequado. A esquizofrenia é uma doença que atinge cerca de 1% da população mundial e pode causar alterações na maneira como o indivíduo percebe a realidade, perdendo este a capacidade de discernimento. Tal transtorno costuma apresentar como sintomas alucinações e delírios persecutórios, crenças falsas que não cedem às argumentações ou evidências, além da desorganização do pensamento e alterações na expressão emocional.

Quanto à Eletroconvulsoterapia – ECT, ou eletroconvulsão terapêutica, é feita em ambiente hospitalar, sob anestesia, com monitoramento eletrocardiológico e eletroencefalográfico, recebendo uma baixa corrente elétrica que induz à convulsão, com duração de cerca de 30 segundos. A técnica é eficaz e segura e seu sucesso terapêutico é destacado por múltiplos estudos relacionados ao tema, publicados em periódicos de grande destaque científico.

Considerando o acima pontuado, a ABP manifesta a sua profunda inconformidade à cena veiculada, que descaracteriza esse procedimento médico, além de prestar um desserviço à população, estimulando o preconceito e o estigma relacionados às doenças mentais, aos pacientes psiquiátricos e à psiquiatria. A ECT na psiquiatria, assim como a eletrocardioversão na cardiologia, salva vidas”.

A equipe da novela ainda não se manifestou sobre o assunto.

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