VÍDEO: Filha de mãe gari e pai vigia, jovem de Boa Ventura passa em Medicina estudando com livros doados
Angélica Oton, de 20 anos, apagava as respostas de livros usados e estudava para o Enem. Assim ela foi aprovada no Sisu 2024 para a Universidade Federal da Paraíba
A estudante Angélica Oton, de 20 anos, é mais um bonito exemplo de superação para conquistar objetivos aos quais o contexto social muitas vezes é um obstáculo extremamente difícil de encarar. Angélica, que mora na pequena cidade de Boa Ventura, no Sertão paraibano, foi aprovada no SiSU 2024 para o curso de Medicina na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Filha de mãe gari e pai vigia, a jovem não tem muitas condições de comprar material de estudo nem pagar um cursinho para se preparar para o Enem. A maneira que ela encontrou para estudar foi utilizando livros usados que foram doados.
Angélica fez o Ensino Médio como bolsista em uma escola de Itaporanga, cidade vizinha. Apesar do orçamento familiar apertado, os pais davam um jeito de pagar cerca de R$ 150 para o transporte diário entre as cidades. Quando concluiu o Ensino Médio, começou a saga para estudar para o Enem visando o curso de Medicina.
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A principal estratégia era responder novamente às questões dos livros que foram doados. Para isso, a mãe dela, dona Maria do Rosário, apagava com uma borracha as respostas deixadas pelo antigo dono. Enquanto isso, o pai pedia autorização para imprimir provas antigas do Enem e simulados no segundo emprego que ele acumula, em uma secretaria de escola.
Às vezes, Angélica chegava a estudar 11 horas por dia, utilizando material físico e também assistindo videoaulas no YouTube. Além disso, dividiu a mensalidade de uma assinatura de plataforma de correção de redações com uma amiga. Mas manter a rotina era exaustivo. Teve ocasiões em que o cansaço era tanto, que a jovem não aguentou ficar nem uma hora diante dos livros, apostilas e provas. Ela tentava, então, compensar o “tempo perdido” em outro dia de estudo.
Outra estratégica de Angélica foi encher as paredes de pedaços de papel colorido com anotações pontuais, o que ajudou bastante, já que ela tem uma ótima memória fotográfica.
Mesmo com as limitações, a estudante conseguiu a tão sonhada classificação para Medicina no SiSU depois da terceira tentativa no Enem, com a média de 877,55 pontos, na modalidade ampla concorrência com bônus regional. A escolha do curso foi motivada pelo desejo de ajudar pessoas, como ela foi ajudada, e de proporcionar uma vida melhor para os pais.
DIÁRIO DO SERTÃO
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