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SAÍDA NATALINA: falidos e desempregados, ex-empresários viram Papai Noel para ganhar a vida

Pedro Martin, de 60 anos, chegou a ter uma empresa de tecnologia da informação com mais de 40 funcionários

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19/12/2015 às 10h46

Pedro Martin, de 60 anos, mora em Guadalupe, na zona norte do Rio de Janeiro, e trabalhou por mais de três décadas na indústria naval, construindo plataformas de petróleo. Do outro lado da cidade, na Lagoa Rodrigo de Freitas, Luiz Tirelli, de 53 anos, chegou a ter uma empresa de tecnologia da informação com mais de 40 funcionários. Atingidos pela crise, os dois estão desempregados há mais de um ano.

Embora tenham trajetórias totalmente diferentes, Pedro e Luiz encontraram o mesmo caminho para fugir da turbulência financeira: ambos estão trabalhando como papais noéis pela primeira vez neste Natal. Diante de uma taxa de desemprego de 8,9% no terceiro trimestre de 2015, e estimativas de 10% para 2016, os dois não estão sozinhos na busca por oportunidades.

Assim como Pedro, outras 14 mil pessoas perderam seus empregos na indústria naval somente no Estado do Rio de Janeiro no primeiro semestre deste ano. Diretamente afetado pela crise na Petrobras e a conjuntura econômica, o setor é um dos que mais vem sendo impactados. "Eu tinha um contrato até 2018 para construir outras plataformas. Me senti muito decepcionado", diz Martin.

Para quem se orgulha de ter ajudado a construir a primeira plataforma da Petrobras, no início da década de 1980, o carioca se diz agora desiludido com os rumos do país. No caso de Tirelli, o impacto principal foi a deterioração de seu negócio. "De 40 funcionários passei para oito. De oito, passei só para quatro. De quatro, só ficamos eu e meu sócio. E começou a ruir tudo. Ruir, ruir", conta.

"Saída natalina"

Por meio de anúncios na internet e dicas de amigos, tanto Pedro quanto Luiz viram na escola de papais noéis uma potencial saída em meio a tempos difíceis. E eles não foram os únicos.

Há mais de 20 anos à frente da Escola de Papais Noéis do Brasil, Limachem Cherem, diz que os números relativos a este Natal são indicativos do efeito da crise sobre o mercado de trabalho.

"Este é um ano totalmente diferente para nós. A crise trouxe mais interessados e, além disso, pessoas de perfis diferentes. Geralmente nossos candidatos têm mais de 50 anos, e preferencialmente barba e cabelo grisalhos", explica.

DO UOL

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