O que o Brasil pode aprender com Portugal sobre apostas
No Brasil, por outro lado, o que se vê é muita nebulosidade sobre o assunto
A relação Brasil-Portugal mudou muito ao longo dos séculos, mas hoje pode-se dizer que, brincadeiras e piadas populares à parte, os brasileiros enxergam nos portugueses irmãos mais velhos e um pouco distantes, mas, ainda assim, próximos em cultura e identidade.
Um ponto, porém, no qual os portugueses estão muito na frente dos brasileiros é o gosto pelas apostas de todos os tipos. Jogos de azar são não apenas amplamente apreciados no país europeu, mas praticamente parte da cultura, bem como acontece em grande parte do Velho Continente.
No Brasil, por outro lado, o que se vê é muita nebulosidade sobre o assunto. A legislação brasileira é tão antiga no que tange a jogos de azar, cassinos, apostas e afins que, mesmo todos estes sendo ilegais (menos as loterias oficiais da Caixa Econômica Federal), é possível jogá-los sem infringir nenhuma lei – basta fazer isso pela internet.
Talvez seja válido tentar entender como as apostas se tornaram uma parte indissociável da cultura dos portugueses, especialmente no que diz respeito aos palpites esportivos, enquanto que no Brasil tudo isso é enxergado, no mínimo, com muita desconfiança ainda.
Apostar é parte da cultura do europeu
Quando o assunto é apostas, jogos de azar e similares, Portugal não está sozinho na Europa. Muitos países levam esse tipo de jogo muito a sério, de modo que a cultura das apostas é quase tão importante quanto os esportes em si.
A Inglaterra, por exemplo, além de ser berço de muitas das casas de apostas mais famosas e bem-conceituadas do mundo (inclusive de várias disponíveis pela internet no Brasil), a cultura de apostas esportivas é parte integrante da experiência de apreciar o jogo em si.
Principalmente, mas não limitado a ele, o futebol é alvo da maioria das apostas esportivas, e não é raro um ganhador ficar milionário e virar notícia nos jornais e tabloides ingleses por conta da sua proeza. Em Portugal, aliado histórico dos ingleses, com quem também compartilham laços seculares, as coisas não são diferentes.
Apostas online em Portugal são uma febre que ganhou ainda mais força quando os portugueses, bem como nós e praticamente todo o resto do mundo, se viram obrigados a ficar dentro de casa por causa do coronavírus. Inicialmente, o esporte também parou, mas conforme as partidas foram sendo retomadas, o interesse pelas apostas se reacendeu imediatamente – se é que havia esmorecido.
Os grandes times portugueses, especialmente Sporting Lisboa, Porto e Benfica, do técnico Jorge Jesus, velho conhecido dos brasileiros, especialmente flamenguistas, são alvos frequentes de todo tipo de aposta esportiva, sendo que Portugal é um país que tem uma legislação moderna o suficiente para não apenas prever e permitir apostas online, mas regulamentar também os cassinos e casas de apostas físicos.
O país inclusive submeteu o assunto a um órgão governamental, o Turismo de Portugal, que criou a pasta SRIJ – Serviço de Regulação Inspeção de Jogos justamente para regulamentar as atividades do setor no país.
Se o Brasil é o irmão mais novo na relação, então por que estamos tão atrasados em relação aos portugueses quando o assunto é legislação e regulamentação das apostas?
Crescimento e futuro no Brasil
Ignorar que existe um potencial enorme de exploração econômica seria um tiro no pé por parte do governo brasileiro, mas a verdade é que, famoso por sua burocracia e lentidão em mudanças legislativas, o Brasil se vê em posição de deixar oportunidades passarem.
Os cassinos e jogos de azar correlatos estão proibidos no país desde 1947, sendo que o último suspiro das apostas legalizadas se deu com a proibição dos bingos, já em 2003. O que restou, como foi dito, foram as loterias oficiais, que certamente fazem parte da cultura nacional e movimentam milhões tanto para apostadores quando para a União, que recolhe impostos em quantidades massivas com a atividade.
Considerando isso, é de se pensar porque ainda não houve uma regulamentação atualizada das atividades de apostas esportivas e mesmo os já citados cassinos e bingos.
Independente de opinião política, o que fica claro é que os brasileiros já estão apostando online (já que era impossível proibir algo de existir na internet se baseando numa lei da década de 1940, quando sequer havia internet), e quem perde a oportunidade de coletar impostos, gerar renda e potencialmente empregos com isso é o próprio país.
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