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VÍDEO: Presidente do Comitê da Bacia do Rio Piancó-Piranhas-Açu alerta para risco hídrico em 2026

Ricardo Ramalho explicou a situação das águas do Açude Engenheiro Avidos, em Cajazeiras, e disse que se não chover o suficiente em 2026, a situação pode piorar

Por Luiz Adriano

11/11/2025 às 18h51 • atualizado em 11/11/2025 às 18h56

O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piancó-Piranhas-Açu, Ricardo Ramalho Lins, afirmou em entrevista ao programa Olho Vivo, da TV Diário do Sertão, que o conflito envolvendo a liberação de água do Açude Engenheiro Avidos (Boqueirão de Piranhas) para outros reservatórios é resultado de um processo que já vem sendo discutido há semanas, inclusive em audiências públicas.

Segundo Ricardo, há regras específicas para o uso das águas da Transposição do Rio São Francisco, e cada Estado deve solicitar previamente o volume necessário. No caso da Paraíba, a responsabilidade é da AESA (Agência Executiva de Gestão das Águas).

“Se você vai usar água em 2026, então solicita essa água com antecedência através do Plano Operativo Anual, que a AESA envia ao Ministério da Integração, e este encaminha à ANA para aprovar o Plano de Gestão Anual”, explicou.

Níveis abaixo do previsto preocupam para 2026

Ricardo alertou que a preocupação maior é para o ano de 2026, já que a região não teve recargas significativas em 2025, o que compromete o planejamento.

Ele destacou que existe o processo de alocação negociada de água, no qual sociedade e instituições definem como o recurso hídrico será distribuído ao longo do ano. Porém, com a transposição atendendo também ao Rio Grande do Norte, a capacidade de armazenamento fica mais limitada. “Estamos no semiárido. Cada litro de água importa”, ressaltou.

“O cobertor é curto. Temos pouca água. Se não houver chuvas e recarga no próximo ano, teremos que trabalhar com restrição de uso para a maioria dos setores.”

Medições atualizadas e ajustes

Na semana passada, o Comitê pediu à ANA a verificação da quantidade de água liberada. O Serviço Geológico do Brasil realizou novas medições e atualizou as chamadas curvas-chave, que tornam o controle da vazão mais preciso.

Segundo Ricardo, o Açude Engenheiro Avidos deveria estar com 58 milhões de m³, mas se encontra com aproximadamente 64 milhões — um volume acima da projeção, porém ainda considerado baixo para segurança do sistema. Já o Açude São Gonçalo, que deveria ter 22 milhões de m³, está com cerca de 15 milhões e, por isso, está sendo priorizado para recuperação gradual.

Perspectiva

Ricardo falou que quando São Gonçalo chegar a meados de 20 milhões de metros cúbicos, que tiver na curva projetada da locação, o mesmo trabalho será feito com Engenheiro Avidos. “Então, parte dessa água fica ali em Engenheiro Avidos. A gente diminiu a vazão da locação para que o sistema se reequilibre”, pontuou.

Por que entram 9 m³ e saem 11 m³?

Ricardo esclareceu uma dúvida recorrente entre moradores da região: “A diferença de 2 m³ entre o que entra no Engenheiro Avidos e o que sai é referente aos usos definidos na alocação, como abastecimento da CAGEPA, perímetro irrigado de São Gonçalo e consumo humano nos municípios da região. Além disso, existe uma perda natural de aproximadamente 1 m³ no trajeto.”

Situação social é reconhecida

Ricardo reconheceu a dificuldade enfrentada por ribeirinhos e pescadores que participaram de protestos.

“Eu compreendo a inquietude. Em alguns pontos, as pessoas já não conseguem mais captar água para consumo, porque precisam estender tubulações, e isso torna a vida delas muito mais difícil.”

Comitê propõe regularização e diálogo

O presidente afirmou que tentou contato com os manifestantes e disse que o Comitê está aberto ao diálogo. Ele propôs duas medidas:

1 – Regularizar o uso da água de ribeirinhos, agricultores e pescadores já na próxima semana;
2 – Reunião conjunta entre Governo do Estado, AESA, ANA e Ministério da Integração para estabelecer um plano emergencial pensando em 2026.

Protestos

Ribeirinhos, pescadores e agricultores que dependem do Açude Engenheiro Avidos (Boqueirão de Piranhas) realizaram um protesto nesta terça-feira (11), bloqueando a PB-400, nas proximidades do trecho do canal da Transposição do Rio São Francisco, no Alto Sertão da Paraíba.

O ato cobra a presença de representantes da Agência Nacional de Águas (ANA), AESA e DNOCS para discutirem a situação do açude, que, segundo os manifestantes, vem perdendo volume de forma acelerada devido à vazão destinada para outros reservatórios.

DIÁRIO DO SERTÃO

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