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VÍDEO: DNA confirma que houve troca tripla de bebês na Maternidade de Cajazeiras; advogado moverá ações

Advogado que está dando suporte jurídico a uma das famílias revelou que o caso está provocando um grande impacto emocional e psicológico em todos os envolvidos direta e indiretamente

Por Luis Fernando Mifô

09/06/2023 às 17h13 • atualizado em 09/06/2023 às 17h17

O terceiro e definitivo exame de DNA divulgado nesta sexta-feira (9) confirmou que houve troca tripla de bebês na Maternidade Dr. Deodato Cartaxo, em Cajazeiras, no ano de 1994, fazendo com que três mulheres fossem criadas por famílias não biológicas.

No programa Olho Vivo da TV Diário do Sertão, o advogado João de Deus Quirino Filho, que está dando suporte jurídico a uma das famílias, revelou que o caso está provocando um grande impacto emocional e psicológico em todos os envolvidos direta e indiretamente.

“As três famílias estão impactadas, sofridas, gente fazendo terapia, acompanhamento por psiquiatra, por psicólogo, porque isso impacta, e numa cadeia que não só de pai pra filho, mas isso envolve os irmãos, os sobrinhos, além dos amigos, vizinhos e pessoas que estão mais próximas. É uma situação bastante diferente e que evidencia um erro que aconteceu aqui na Maternidade Dr. Deodato Cartaxo no ano de 1994”, relata o advogado.

João de Deus criticou a postura do Estado da Paraíba diante do erro. “Acho que o Estado perdeu uma grande oportunidade de, além de prestar solidariedade, dizer quais são os protocolos que se adotam hoje na questão dos nascimentos nas maternidades, de tranquilizar as mães, os pais, os familiares que confiam ao Estado da Paraíba a prestação do serviço público no nascimento dos seus filhos, para dizer que o que aconteceu lá atrás, hoje não mais acontece”.

O próximo passo da assessoria jurídica é comunicar o fato ao Ministério Público, pedir reparações de anos e abrir uma ação para retificação dos assentos nas certidões de nascimento para que possam constar os nomes das famílias biológicas e também de criação. “O coração não tem um interruptor de desligar, ele não para de amar, de ter afeto, de querer bem a quem cuidou por 28 anos lidando com toda a caminhada para a vida, educando e tudo mais”, justifica o advogado.

Entenda quem são as vítimas da troca de bebês em maternidade da Paraíba (Foto: Arte/g1)

Entenda quem são as vítimas da troca de bebês em maternidade da Paraíba (Foto: Arte/g1)

Relembre o caso

Três mulheres descobriram, após 28 anos, que foram trocadas na Maternidade Dr. Deodato Cartaxo, em Cajazeiras, no ano de 1994. O caso veio à tona após a jovem Raylane Amaral, que atualmente mora nos Estados Unidos, ter feito um teste genético para tentar encontrar antepassados e montar uma árvore genealógica.

Primeiro Raylane descobriu, em um site de busca de familiares, que ela tem compatibilidade genética com um homem de 30 anos chamado Lennon Carvalho, que também nasceu em Cajazeiras e mora na Irlanda. Lennon tem duas irmãs: a mais velha, Michele, que mora em Cajazeiras, e a mais nova, Milena, que mora em João Pessoa com a mãe, Luísa Maria. Ao aprofundar a conversa, Lennon descobriu que Raylane nasceu no mesmo dia e hospital que sua irmã mais nova, Milena, em 5 de agosto de 1994.

Exames de DNA apontaram que Raylane não é filha biológica da mulher que a criou, Marlucy, mas sim de Luísa Maria, mulher que criou Milena e Lennon. No entanto, os resultados dos exames mostraram que Milena não é filha biológica de nenhuma das duas mulheres, apontando assim que um terceiro recém-nascido poderia ter sido trocado.

Raylane decidiu iniciar uma nova busca, dessa vez para ajudar sua mãe de criação, Marlucy, a encontrar a filha biológica. Com ajuda de amigos nas redes sociais, ela finalmente encontrou Marcelma Bezerra, que atualmente vive na zona rural de Cajazeiras. Um exame de DNA entre Marcelma e Marlucy foi feito no dia 29 de março e o resultado, divulgado no dia 13 de abril, foi positivo: Marlucy havia, enfim, encontrado a filha biológica. Para concluir a saga, um terceiro exame de DNA confirmou que Milena é filha de Maria de Fátima Carvalho.

Troca aconteceu na Maternidade Dr. Deodato Cartaxo em 1994 (Foto: Reprodução/Fantástico)

Troca aconteceu na Maternidade Dr. Deodato Cartaxo em 1994 (Foto: Reprodução/Fantástico)

Resposta do hospital/maternidade

Em resposta a uma solicitação dos advogados das vítimas, a assessoria jurídica do Hospital Regional de Cajazeiras, onde fica instalada a Maternidade Dr. Deodato Cartaxo, informou que os funcionários verificaram os arquivos da maternidade, mas não encontraram os prontuários daquele mês de agosto. O hospital também não conseguiu localizar a escala de funcionários que trabalhavam na maternidade na época.

Em nota, o HRC cita a lei 13.787 do ano de 2018, que trata do armazenamento de prontuários. O art. 6 diz que arquivos em papel com mais de 20 anos podem ser eliminados. Os advogados das vítimas, João de Deus Quirino e Jone Pereira, afirmam que irão pedir uma reparação do Estado.

DIÁRIO DO SERTÃO

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