VÍDEO: “Nascer pobre, mulher e negra é muito difícil”, diz Socorro Ferreira, ativista política de Sousa
No novo episódio da série "Mulheres Fortes", Socorro não conteve as lágrimas ao relembrar da mãe, já falecida. Ela ressaltou que dona Francisca Lopes era uma mulher à frente do seu tempo e que juntas derramaram muitas lágrimas
Em um novo capítulo da série ‘Mulheres Fortes’ o reporte Bruno Rafael entrevistou a ativista política e Assistente Social, Socorro Ferreira, que contou um pouco da sua trajetória de vida, a relação com sua mãe Francisca Lopes da Silva e a sua relação com a política.
“Foi uma vida cheia de obstáculos para quem nasce pobre, filha de mãe solteira e na periferia da cidade você tem que matar vários leões por dia para ter visibilidade na sociedade”, afirma a entrevistada.
Socorro é natural de Sousa e contou que na década de 80 foi para a grande São Paulo em busca de emprego para conseguir realizar o sonho de comprar uma casa de alvenaria para a mãe, mas afirma que “nascer pobre, mulher, negra é muito difícil”.
Ao relembrar da infância, ela destacou os momentos marcantes e as dificuldades da época. Filha de mãe solo, a mais velha de quatro irmão teve que ajuda sua a mãe a cria-los.
“Naquela época não era fácil como as coisas são hoje. Eu tinha que carregar fecho de lenha, lata d’água, cuidar de criança, estudar e era tudo muito difícil. Se me perguntar se eu queria viver tudo aquilo de novo, eu queria. Não foi ruim, é marcante. Tenho saudades demais da minha infância”, falou.
A nossa entrevistada não conteve as lágrimas ao relembrar da mãe, já falecida. Ela ressaltou que dona Francisca Lopes era uma mulher forte que passou por muitas dificuldades, que derramaram muitas lágrimas juntas e tinham uma ligação muito forte entre elas.
“A minha ligação com minha mãe era muito forte, porque minha mãe era extremamente bacana, uma mulher muito chique. Ela era mãe solteira, me teve sem se casar e nunca passou pela cabeça dela dizer assim: ‘eu vou dar minha filha para alguém porque eu não posso criar’. Ela lavou muita roupa, trabalhou de domestica, numa fábrica de doces, ela trabalhou na roça para me criar. Ela tocou a vida em frente e nós vencemos”, enfatizou Socorro.
Ela contou que depois de 40 anos decidiu ir para a faculdade, se formou em Assistência Social, para dar orgulho a sua mãe que, segundo ela, era uma mulher à frente do seu tempo. Socorro falou que está na política desde os anos 2000 e em 2020 foi candidata a vereadora de Sousa, mas apesar de não ter sido eleita ela não considera uma derrota, que continuará trabalhando como cidadã e afirma fazer mais que muitos vereadores eleitos.
“Não obtive a vitória, mas não considero uma derrota, porque todas as pessoas que votaram em mim não se decepcionaram, porque mesmo sem ter um diploma de vereadora eu sempre exerci o meu papel de verdadeira cidadã, continuo trabalhando da mesma forma, fazendo as cobranças ao poder público… Eu acredito que hoje eu trabalho muito mais, aqui na nossa comunidade, do que certos vereadores que pegaram votos daqui e infelizmente consideram esse povo como número e não como ser humano”, afirma a ativista.
Socorro disse não ter pretensão de ser candidata em 2024 e que já gastou muito tempo envolvida com política, mas que mesmo sem um mandato continuará desempenhar seu papel como cidadã.
“Quando você quer fazer alguma coisa pela sociedade não precisa de um diploma e de um salário, basta você ter consciência política, ter empatia com o seu semelhante, basta você querer, o querer é tudo nesta vida”, ressaltou.
DIÁRIO DO SERTÃO
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