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VÍDEO: Filósofo fala sobre assassinato de congolês e se diz perseguido por grupos de radicais religiosos

"Será que fariam a mesma coisa se fosse um europeu? Certamente ele não receberia o tratamento covarde que o Moïse recebeu”, desabafou Wanderson

Por Caliel Conradho

03/02/2022 às 18h18 • atualizado em 03/02/2022 às 18h22

O filósofo e escritor paulista Wanderson Dutch participou do programa Diário News da TV Diário do Sertão e opinou sobre a morte a pauladas do congolês Moïse Kabamgabe que aconteceu em um quiosque na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro

Moïse Kabamgabe, de 24 anos, fugiu da guerra civil e da fome na República Democrática do Congo, na África, e veio para o Brasil em 2014 tentar começar uma nova vida com a mãe e os irmãos. O congolês foi encontrado sem vida, com mãos e pés amarrados e sinais de espancamento próximo de um quiosque onde trabalhava. Segundo familiares, o jovem foi ao quiosque Tropicália cobrar uma dívida de R$ 200 por dois dias de trabalho. O corpo do congolês foi encontrado à noite. Ele morreu de traumatismo do tórax, com lesão pulmonar.

Dos quatro homens identificados nas imagens de câmera de segurança, três homens envolvidos no crime tiveram a prisão temporária decretada na última terça-feira (01).

O escritor Wanderson Dutch comparou a barbárie com o caso do George Floyd, que foi sufocado até a morte sob o joelho de um ex-policial branco por mais de 9 minutos, nos EUA.

“Esse caso, escancara duas coisas que são gritantes no Brasil: A xenofobia e o racismo. Muita gente viu, passou, e achou natural, a crueldade no Brasil foi normalizada”, destacou Wanderson.

O filósofo se diz estarrecido com o caso e questiona se os agressores fariam a mesma coisa caso fosse um emigrante alemão no lugar do congolês.

“Será que fariam a mesma coisa se fosse um europeu? Certamente ele não receberia o tratamento covarde que o Moïse recebeu”, desabafou Wanderson.

Para o escritor paulista, é preciso falar e lutar para que crimes desse tipo não se naturalizem no Brasil.

Em 2019, taxa de homicídios por 100 mil habitantes negros foi de 29,2, enquanto a dos não negros foi de 11,2, de acordo com o Atlas da Violência 2021. De acordo com a mesma pesquisa, os negros representaram 77% das vítimas de assassinato no país em 2019.

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De modo geral, Wanderson Dutch analisa que no Brasil existe uma postura primitiva e brutal com sua própria população e os índices são piores quando se trata de imigrante.

O filósofo critica o fanatismo religioso no Brasil e se diz perseguido nas redes sociais por grupos de religiosos radicais.

“Há pessoas religiosas sinceras, mas essas pessoas se tornam cada vez mais minoria no Brasil. Estamos vivendo uma religião cega a serviço de eleger candidatos ou pautas pessoais”, finalizou ele.

DIÁRIO DO SERTÃO

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