VÍDEO: Monge budista, nascido em Sapé-PB, afirma: “Mudamos o mundo, mudando a mente das pessoas”

Todas as sextas-feiras na TV Diário do Sertão tem o programa Diário News “Pensando Fora da Caixa’, apresentado por Moisés Conrado. O programa tem a função de abordar assuntos que estimulem novas atitudes e pensamentos, diferente do que já é habitualmente realizado.

“Pensar fora da caixa é sair um pouco do que é convencional e buscar novos olhares sobre nós mesmos e a vida. É transcender os padrões que nos limita, é incentivar o pensamento livre e fora do senso comum”, destacou o apresentador.

Nesta sexta-feira (28), o apresentador Conrado bateu um papo com o Monge Genshô, um dos maiores mestres da tradição Zen Budista no Brasil. Na entrevista, o monge zen falou sobre crença em Deus, meditação, busca pela paz, conflitos mundiais, poder da mente, Buda entre outros assuntos.

O Monge Genshô nasceu na cidade de Sapé-PB, mas ainda recém nascido foi embora com seus pais para o Rio Grande do Sul. Genshô disse que periodicamente vem à Paraíba visitar seus parentes na cidade de João Pessoa.

Diferença entre o Zen Budismo e Budismo tibetano

Segundo o monge, o budismo tibetano recebeu forte influencia das crenças xamãs dos locais onde foi instalado, portanto há forte sincretismo e misticismo acentuado. O zen já é diferente, pois é oriundo da escola budista chinesa e japonesa do século XIII com influência do taoismo. O Zen enfatiza autocontrole, a prática da meditação, a percepção da natureza da mente e a real natureza das coisas.

Práticas do Zen Budismo

Genshô disse que o zen é focado na prática da meditação (zazen) que traz muitas vantagens mentais e fisiológicas para as pessoas. “O budismo em si é uma religião que não acredita em um Deus, por isso, o zen parece mais próximo do pensamento cientifico”, destacou o monge.

Crença em espíritos e divindades

Para a escola Zen, não existem espíritos, deuses, anjos, seres sobrenaturais ou satanás. Tudo isso, segundo o monge, seria criação da mente humana focada em fantasias consoladoras. Para o Zen o que realmente interessa é o sofrimento aqui agora e instigue-lo na mente.

Semelhança entre o Zen e a psicologia e psicanalise

Segundo o Genshô, há muita proximidade em certos aspectos com a psicologia. O psicólogo Jacques Lacan cita o zen em seus escritos, mas as técnicas da psicologia são em estrutura o “eu”, estrutura o homem nesse mundo, enquanto o zen é diferente, pois, para o budismo, o “eu” não passa de mais uma fantasia das ilusões humanas.

Buda, Siddarta Gautama, o fundador do budismo

Ele explica que Buda significa aquele que “acordou dos sonhos das ilusões”, os deuses fazem parte das ilusões humanas, invenções consoladoras das necessidades humanas. No caso do budismo, o objetivo é libertar os homens de suas ilusões e crenças limitantes. É o homem que precisa mudar sua mente e pavimentar seu futuro com suas ações. “No budismo a vida é responsabilidade do homem e não de algo fora dele. Buda foi um homem comum, nunca foi uma divindade ou um deus”, explicou o monge zen.

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Semelhanças entre o filme Matrix e Zen Budismo

O monge zen disse que os roteiristas do filme se inspiraram em vários conceitos budistas, mas tem muita coisa fantasiosa criada no filme para atender as necessidades cinematográficas. “Esse mundo está acontecendo apenas dentro de sua mente, uma criação através da apreciação de cada um. O acordar desse sonho ilusório (vida) tem que acontecer dentro da mente humana e não fora dela”, esclareceu o monge.

Destino

Para Genshô, não existe destino e o ser humano é dono das coisas que acontecem em sua vida, e são essas coisas que determinam seus resultados.

Karma

O pensamento budista afirma que karma significa ação e as ações geram causas. O que as pessoas vão colher é fruto de suas ações, se são ações positivas, vão colher resultados positivos, se são ações negativas, vão colher resultados negativos.

Meditação

Genshô explica que meditação é um treinamento para colocar rédeas na mente para que ela não ande como um cavalo desembestado e cada um se torne senhor de sua mente, ao invés de ser arrastado pelos desejos e paixões.

Humanidade

Para o monge Genshô, o mundo sempre foi cheio de conflitos, mortes, guerras, mas os tempos atuais são os melhores, se levar em consideração os acontecimentos do passado. “Os homens continuam os mesmos, ambiciosos, guerreiros, egoístas. A paz no mundo só pode ser alcançada dentro do homem, dentro de sua mente e não fora”, refletiu o monge. Ele cita as grandes mudanças que aconteceram na sociedade no Japão depois da implantação do budismo. “Mudamos o mundo, mudando a mente das pessoas”, finalizou.

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